Aratu-Candeias terá investimentos privados de R$ 2,5 bi

Empresários anunciaram recursos para o maior porto público baiano

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  • Murilo Gitel

Publicado em 24 de março de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

O Seminário Portfólio de Investimentos nos Portos da Bahia – Oportunidades de Outorgas também foi palco para anúncios de investimentos. A mineradora anglo-australiana Colomi Iron Mineração, por exemplo, apresentou seu projeto integrado de exploração de minério de ferro no Norte da Bahia que prevê aporte de R$ 2 bilhões no Porto Aratu-Candeias para a criação de um novo terminal.

Segundo o executivo sênior da empresa, Gabriel Oliva, os recursos fazem parte do montante de R$ 11,6 bilhões destinados ao projeto, que envolve a construção e operação da mina (R$ 5 bi) e melhorias na Ferrovia Centro Atlântica (R$ 4,6 bi). “Para nós, Aratu-Candeias é a principal rota de escoamento, um porto natural que apresenta grandes vantagens para construirmos o nosso terminal de 25 milhões de toneladas/ano”, justificou o executivo sênior da empresa Gabriel Oliva. Segundo ele, o primeiro embarque de minério de ferro da companhia será feito entre o final de 2023 e o início de 2024. 

O mesmo porto também é alvo de um novo projeto da Ultracargo. O diretor de Negócios da companhia, Helano Gomes, anunciou, também  durante o Seminário, a construção de mais um berço com dois píeres de atracação para reduzir o tempo de espera das embarcações. “O Porto de Aratu-Candeias precisa desses píeres para ontem. É fundamental para o desenvolvimento econômico da região”, falou. O executivo, no entanto, evitou falar em valores e prazos porque, segundo ele, o projeto ainda está em “fase conceitual”. Contudo, estimou que investimentos desse tipo costumam ficar entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões.

Melhorias

Maior produtora de resinas das Américas, a Braskem, que é uma das arrendatárias do Porto de Aratu-Candeias, trabalha atualmente no projeto do novo cais do terminal portuário, cujo objetivo é aumentar a área de armazenagem. Com investimentos de R$ 300 milhões, a nova estrutura (em fase de licenciamento ambiental) permitirá a redução da fila de navios, problema que gerou US$ 517 milhões de prejuízo entre 2006 e 2015 de acordo com a Associação dos Usuários de Portos da Bahia (Usuport).

As cifras referentes aos aportes ainda podem ser maiores, de acordo com o vice-presidente de insumos básicos da Braskem, Marcelo Cerqueira. “É um número bem preliminar. Precisamos fechar o licenciamento antes e verificar quais os requisitos e exigências que o órgão ambiental (Inema) fará”, disse.  Há menos de três anos, a petroquímica  já havia investido R$ 380 milhões na adaptação da infraestrutura logística do terminal de Aratu, na construção de um duto de interligação e na adequação tecnológica de sua unidade de insumos básicos. 

Outro aporte previsto virá da Paranapanema, que está em busca de parceiros financeiros para utilizar o armazém alfandegado do porto. O objetivo da fabricante de produtos de cobre é adquirir minério no momento em que a matéria-prima se faz necessária na linha de produção, reduzindo o capital de giro para a operação da empresa. 

Desafios

Embora represente a principal porta de entrada de insumos e saída da produção das maiores empresas baianas, o Porto de Aratu enfrenta uma série de desafios traduzidos em oportunidades para investidores. Um deles diz respeito à ociosidade: atualmente, ele tem apenas 2,7% de sua área total ocupada (295.727 m², de um total de 2.195.010 m²) e dispõe de 1.899.283 m² para serem concedidos à iniciativa privada. 

A Codeba espera atrair R$ 1 bi de recursos privados para o terminal. Os recursos serão destinados para três frentes: Terminais de Granéis Sólidos I e II, com investimentos em pátio de estocagem e armazenagem; ampliação da capacidade de tancagem dos Terminais de Granéis Líquidos e Gasosos, com a construção do pátio de minério com acesso ferroviário; e construção de um ramal entre o município de Sento Sé até o Porto, para escoar a produção do minério, além de um novo terminal exclusivo para minério. 

O Seminário Portfólio de Investimentos nos Portos da Bahia - Oportunidades de Outorgas foi uma realização do CORREIO e Codeba, com o patrocínio da J. Macêdo e UItracargo, apoio institucional da Braskem e apoio da Fieb, Usuport, Associação Comercial da Bahia e Contermas. 

PERFIL

Especialidade  Aratu-Candeias é um dos principais escoadouros da produção química e petroquímica de todo o país, além de ser a unidade portuária do complexo baiano com maior movimentação de cargas.

Granéis líquidos   Nafta, metanol, etanol, gasolina, óleo diesel, soda cáustica, benzeno, dicloroetano, metanol, acrilatos,  álcoois, estireno e acrilonitrilo são das cargas com maior volume de movimentação.

Granéis sólidos e gasosos  Mas o terminal também movimenta granéis sólidos e gasosos. Entre as principais cargas movimentadas estão, também, alumina, concentrado de cobre, carvão mineral,  enxofre, fertilizantes, rocha fosfática, manganês e  magnesita, além de butadieno, propeno, amônia e buteno. 

Influência   A área de influência do Porto de Aratu-Candeias se estende a Sergipe, Alagoas, oeste de Pernambuco e leste de Minas Gerais. Seus quatro terminais permitem a operação simultânea de minérios e produtos químicos

História  Situado na Enseada de Caboto, na Baía de Todos-os-Santos, o Porto Aratu-Candeias foi inaugurado em 5 de março de 1975  pelo presidente Ernesto Geisel. O equipamento  foi fundamental para viabilizar o Centro Industrial de Aratu (CIA) e o Polo Industrial de Camaçari.  O terminal  já nasceu como um importante corredor de exportação do país e busca agora melhorar sua infraestrutura e atrair mais recursos privados para seguir na trilha do crescimento.