Bolsonaro promete 40 embaixadores em reunião para tratar fraude em urnas

As Forças Armadas solicitaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) os arquivos das urnas utilizadas nas Eleições de 2014 e 2018

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  • Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2022 às 08:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse na tarde deste domingo (17) que cerca de quarenta embaixadores estrangeiros confirmaram presença na reunião convocada por ele para tratar das urnas eletrônicas. Ele, porém, não mencionou quais seriam estes embaixadores. Reportagem do Estadão mostrou que algumas das principais representações estrangeiras, como Estados Unidos, Reino Unido e Japão não confirmaram presença. 

O encontro está agendado para as 16h desta segunda-feira (18) no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, e servirá para que Bolsonaro repita a tese nunca comprovada de que houve fraude nas eleições de 2014 e 2018.

Outras embaixadas confirmaram que enviarão representantes, como a da França e a da União Europeia. Há dúvidas na comunidade diplomática sobre quais foram os critérios usados pelo Palácio do Planalto para escolher quais representações estrangeiras seriam chamadas.

"Eu abri o convite para todo mundo. A ideia minha inicial era convidar uns 50 (embaixadores). (Mas) Por que vai excluir? Qual o critério para excluir? Tem que ter critério. E aí (vem) quem quer. É convite também", disse Jair Bolsonaro.

O presidente da República deu a entender que a reunião com embaixadores é uma "resposta" ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin. Recentemente, a Corte Eleitoral fez uma reunião com os representantes das embaixadas para mostrar como funcionam as urnas eletrônicas brasileiras. "Deixar bem claro uma coisa que o Fachin não… levou em conta. Quem trata da política externa é o presidente da República, de acordo com a Constituição", disse.

Bolsonaro também afirmou que sua exposição será "técnica". O presidente pretende requentar informações de um inquérito sigiloso da Polícia Federal sobre as eleições de 2018, que no entanto não mostrou a ocorrência de fraudes na totalização dos votos.

"Não vou supor nada. O foco é na transparência eleitoral. Fazer com que uma vez acabando as eleições ninguém duvide da mesma, e o perdedor imediatamente ligue para o ganhador. Essa que é a ideia. Temos mecanismos para praticamente zerar a possibilidade de qualquer interferência, diferentemente do que é dito no inquérito da PF em 2018 por documentos fornecidos pelo TSE", disse o presidente.

 No caso dos Estados Unidos, ainda não há decisão sobre comparecer ou não: o atual chefe da embaixada, o encarregado de negócios Douglas Koneff, está fora de Brasília. Ele só voltará à capital federal na segunda-feira de manhã, quando deverá decidir sobre o assunto. A reunião com Bolsonaro está marcada para a parte da tarde.

Além dos representantes estrangeiros, os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral não irão ao encontro organizado pelo presidente Jair Bolsonaro com embaixadores de países estrangeiros no Brasil, nesta segunda-feira, dia 18. No encontro, o presidente da República apresentará aos estrangeiros a tese nunca comprovada de fraude nas urnas eletrônicas. Em ofício enviado ao Palácio do Planalto, o presidente do TSE, o ministro Edson Fachin, disse que o "dever de imparcialidade" o impede de ir à reunião. Já o presidente do STF, Luiz Fux, estará fora de Brasília e só retorna à capital na terça-feira.

Na conversa com jornalistas, Bolsonaro voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ao comentar a ordem do magistrado para que ele se manifestasse em ação que o acusa de discurso de ódio e incitação à violência, o presidente disse que o magistrado "quer provocar, não quer diálogo".

"Parece que o espírito de Fidel Castro encarnou em alguém aqui no Brasil. Um magistrado não pode vir com ameaça, tem que agir conforme os autos. Ele quer intimidar quem? O que está buscando? A paz, a tranquilidade, a harmonia entre os Poderes?", declarou.

As Forças Armadas solicitaram ao TSE os arquivos das urnas dos anos em que o presidente acusa a ocorrência de fraude.