salvador

Carrefour resiste e não firma acordo para indenizar homem agredido em mercado

Advogado de Jeremias Capistrano disse que empresa está disposta a ir à Justiça e quer arcar apenas com cesta básica

  • D
  • Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2023 às 19:40

 - Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Os representantes legais do Grupo Carrefour e de Jeremias Capistrano, agredido junto com sua companheira por seguranças no mercado Big Bompreço, que pertence ao Grupo, não entraram em um acordo quanto ao pagamento de indenização à vítima. De acordo com Walisson Pereira, advogado de Jeremias, o Carrefour havia se comprometido, inicialmente, a pagar 8 meses de aluguel no valor de R$900 e fornecer cestas básicas ao casal duas vezes por mês. Nessa semana, as duas partes também haviam conversado sobre uma proposta de indenização, que não avançou por negativa do Carrefour. 

“Eu já havia feito uma proposta de indenização na via extrajudicial e eles ficaram de analisar. Ontem, eles falaram que recusavam a minha proposta de acordo e que não iria oferecer nenhuma em troca, sendo que o valor deles era muito baixo”, relata Walisson. 

Segundo ele, os representantes legais do Carrefour justificaram que não havia sentido pagar indenização ao casal, uma vez que a empresa já estava arcando com cesta básica e aluguel. Assim, diante da falta de entendimento entre as partes, o Carrefour teria voltado atrás na decisão de custear a moradia para Jeremias e Jamile.  

“Falaram que só iriam mesmo arcar com uma cesta básica e que, se quiséssemos a indenização, era para buscar na justiça. [Disseram] que já fizeram tudo que podiam e que não poderiam ser responsabilizados porque foram eles que fizeram a ocorrência. Jeremias e a família estão muito tristes, pois já estava tudo pronto para se mudarem”, detalhou o advogado de Jeremias. 

O caso vai à Justiça na tentativa de obterem a indenização. “É inadmissível que o Carrefour envie funcionários da empresa para assediar os familiares com cesta básica de alimentos para que desistam da indenização aos quais eles têm direito. Vamos para o judiciário, pois é inadmissível”, garantiu Walisson. 

Procurado para se posicionar sobre o relato do advogado de Jeremias, o Carrefour, por meio de nota, informou que está em contato com as vítimas através de seus representantes legais, e reiterou que já foi oferecido apoio psicológico e ajuda emergencial para cobrir alimentação e outras despesas essenciais de ambos. 

A empresa afirmou ainda que segue com o diálogo aberto em relação ao caso. “Reforçamos que, assim que tomamos conhecimento do caso lamentável, assumimos a nossa responsabilidade de empenhar todos os esforços necessários para apurar o crime e tomar as medidas cabíveis. Denunciamos a agressão à polícia e disponibilizamos as imagens das câmeras de segurança da loja às autoridades para que o caso possa ser devidamente investigado”, finaliza a nota. 

Relembre o caso

O casal que teria furtado quatro pacotes de leite de um supermercado foi humilhado e agredido por seguranças da unidade do Carrefour, que funciona como Big Bompreço. O estabelecimento fica ao lado do Shopping Salvador Norte, no bairro de São Cristóvão, em Salvador. O caso teria acontecido na manhã do dia 5 de maio.

Jeremias e Jamile foram cercados e agredidos por sete seguranças. Além de terem sidos xingados e agredidos, na garagem da empresa, o casal sofreu ainda mais após ser levado para dentro da loja. “Bateram com barra de ferro nas minhas pernas, me mandaram ficar agachado e abrir as pernas, só para chutar as minhas partes íntimas”, lembrou Jeremias.

O momento das agressões foi filmado pelos próprios seguranças, que compartilharam em redes sociais. No vídeo, a pessoa que filma agride a mulher no rosto, que segura uma mochila com os pacotes de leite. Além disso, o homem fica rendido ao chão e recebe tapas também no rosto.

Nas imagens divulgadas, um dos seguranças pergunta à mulher "Por quê você está aqui?", e ela responde que estava "precisando de coisas para a filha", e mostra a mochila. Em seguida, um dos homens dá um tapa em seu rosto. Ela tenta se proteger e o homem pede para que ela retire a mão do rosto. Depois, a outra vítima, que se identifica como Jeremias é mostrado sentado no chão, e passa também por interrogatório, que inclui agressões no rosto.