Conheça o segredo para um pequeno empreendedor crescer

Ao CORREIO, o presidente nacional do Sebrae falou sobre desafios para empreender; veja entrevista

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  • Da Redação

Publicado em 1 de novembro de 2017 às 07:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Almiro Lopes/CORREIO

Os proprietários de pequenos negócios receberam uma boa notícia nesta terça-feira (31): a partir de 2018, eles poderão faturar mais sem precisar migrar para outra categoria, o que significa menos impostos e, consequentemente, menos custos. O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) anunciou que os Microempreendedores Individuais (MEI) terão limite de faturamento expandido de R$ 60 mil para R$ 81 mil. Já a Microempresa, que conta com limite anual de R$ 350 mil, poderá faturar até R$ 900. A Empresa de Pequeno Porte também recebeu uma expansão no limite: poderá faturar R$ 4,8 milhões, em vez de R$ 3,6 milhões.

A medida irá auxiliar 98,5% empreendimentos brasileiros, que são as micro e pequenas empresas. São 12,4 milhões de negócios, responsáveis por 54% dos empregos formais e por 44% da massa salarial. Em toda Bahia, são 434.637 microempreendedores individuais e 277.482 microempresas e empresa de pequeno porte (EPP). Com as mudanças no Simples Nacional, o limite de faturamento das microempresas aumenta de R$ 360 mil para R$ 900 mil por ano. Já das empresas de pequeno porte, o limite de faturamento anual sai de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões.

Presente em Salvador para palestrar acerca das conquistas provocadas pelo Simples, regime tributário diferenciado para pequenas empresas, opresidente do Sebrae Nacional, Guilherme Afif Domingos, falou com o CORREIO e deu dicas de como pequenos empreendedores podem se estruturar para alcançar o patamar de grandes empreendedores. Do planejamento inicial ao cuidado com cada passo, o segredo, de acordo com Domingos, é ter foco e fazer a diferença dentro da sua área de atuação. Confira as dicas:

CORREIO - Qual é o segredo para um pequeno empreendedor virar um grande empreendedor? Primeiro, tem que ter muito foco. Não pode dar passos maiores do que a perna, fazer um bom plano de negócios, um bom planejamento, uma boa assistência. Além disso, as pessoas têm que ter cuidado ao tomar crédito, porque o empréstimo no Brasil é tóxico e a gente está lutando para que tenhamos crédito decente no país, principalmente para os pequenos empresários. Além disso, é importante procurar sempre uma assessoria, um órgão como o Sebrae para ajudar no planejamento.

CORREIO - O que preciso levar em consideração antes de abrir um negócio? Vale a pena fazer um empréstimo? Ao tomar um empréstimo, deve-se tomar cuidado porque no Brasil nós temos juros de agiota. Nós estamos lutando para que tenhamos microcrédito para assistir essas pessoas, mas ele tem que estar muito bem estruturado antes de dar um passo para ele já não nascer devedor. E se ele está devendo, ter um negócio que gere rendimento para pagar. Tem que ter renda.

CORREIO - Quais são os segmentos que estão dando certo ultimamente? Serviços, em geral. Aquilo que você sabia fazer em casa e agora você consegue transformar em profissão.  Quando você pega no universo feminino, é impressionante a indústria da beleza. Então é cabeleireiro, manicure, toda essa atividade que a mulher tinha conhecimento pessoal e que, em uma perda de emprego, ela passa aplicar a habilidade pessoal no negócio, então é um dos setores que mais tem crescido. Comida também. Serviços, em geral.

CORREIO - Como fazer diferença empreendendo? Tendo foco. Você tem que fazer diferente. Não adianta ficar fazendo igual a todo mundo porque, de repente, você vai ter uma concorrência que te engole. Você sempre tem que buscar um fator de diferencial e planejar bem o negócio. 

CORREIO - Empreender no Brasil é fácil ou ainda têm muitos obstáculos?   Embora o brasileiro seja um dos povos mais empreendedores do mundo, o ambiente de negócios do Brasil é hostil. A burocracia mata. As obrigações acessórias são torturantes, principalmente para os pequenos empreendedores. O programa Simples é um grande avanço, mas mesmo com ele, existem muitas obrigações acessórias para as empresas. É uma barbaridade e nós estamos investindo em um processo de eliminação dessas taxas. É incrível a burocracia que existe quando você tem que empregar alguém.

CORREIO - Qual é o benefício do Sebrae para os empresários? O Sebrae tem uma rede de atendimento e está sempre aberto para todas as pessoas que querem empreender.  Hoje, além do atendimento presencial nos nossos escritórios, estamos oferecendo soluções através do sistema digital, que será a melhor forma de contato, especialmente se for MEI. E esse sistema tornará o atendimento a milhares de pessoas mais fácil.