Do teatro à poesia como alívio da dor

Cenógrafo e figurinista Zuarte Jr. lança livro de poemas digital e gratuito nesta quarta-feira (10)

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  • Laura Fernades

Publicado em 10 de março de 2021 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Com mais de 30 anos de trabalho como cenógrafo e figurinista, o artista plástico Zuarte Jr., 59 anos, tem na poesia uma admiração. O resultado disso está não só no palco do teatro baiano, mas no livro de poemas que Zuarte lança, nesta quarta-feira (10): Vestidinho de Vastidão (200 páginas). Disponível no site da editora P55, no formato digital e gratuito, a obra terá duas lives de lançamento nos dias 20 e 25, às 19h.

“A cenografia e o figurino são uma poesia materializada”, brinca Zuarte, ao defender que seus trabalhos não se afastam, mas dialogam. No livro, o autor apresenta poemas inéditos que falam sobre tempo, memória, identidade, amor e transcendência. Com ilustrações do próprio Zuarte e prefácio de Bené Fonteles, Vestidinho de Vastidão também reúne lembranças da infância do autor em Morro do Chapéu.

“É minha cidade de nascimento, tenho um carinho muito especial por lá. É uma questão de voltar o olhar e ter mais cuidado”, diz Zuarte sobre a cidade da Chapada Diamantina que terá uma das lives totalmente dedicada a ela. “A poesia é um lugar onde a gente pode gerar gentileza e delicadeza, pode reinterpretar o cotidiano e as mazelas da vida. É uma saída bem legal e acho que é um legado da arte”, reflete.

Além das lives, o projeto de lançamento do livro inclui poemas interpretados por um ator e uma cantora que serão lançados nas redes sociais. O ator convidado a participar do projeto é Jarbas Oliver, natural da cidade de Morro do Chapéu e graduado pela Escola de Teatro da Ufba. Já a cantora Cláudia Cunha é quem vai interpretar o poema musicado que tem arranjos de Luciano Salvador Bahia.

Com poemas todos escritos com letras minúsculas, e quase nenhuma pontuação, Zuarte brinca com a simplicidade da escrita poética. Apesar disso, reconhece que “ler poesia não é uma coisa simples”, por isso o leitor é convidado a ler de várias formas. “Quando escrevo, uso muitas exclamações e reticencias, porque a vida é um espanto! (risos) Foi um exercício deixar para quem lê dar suas próprias exclamações”, confessa.

Esse não é o primeiro livro de Zuarte, que lançou uma obra de poesia em 1990. Desde aquela época já tinha material suficiente para um novo livro, que só agora virou Vestidinho de Vastidão. Para não perder a tradição, Zuarte já tem, de novo, um livro de contos pronto: Azinhavre de Estrela. “Só pude escrever por causa da pandemia”, reconhece, citando uma das formas que tem para aliviar a dor.

“Creio que é como faço as minhas sínteses do que me detona na vida. Ponte de maior alívio e respiro na sobrevivência, na condição de mistério da sobrevivência. É a poesia das coisas, das belezas e feiuras das coisas, que traz o substrato de subsistência. A poesia é um alimento mesmo de sobrevivência. Acho que todos nós queremos isso”, resume.

Serviço O quê: Lançamento do livro Vestidinho de Vastidão Quando: Quarta-feira (10), no site da editora P55. Live nos dias 20 e 25, às 19h, no YouTube de Zuarte Jr. Gratuito