Familiares e amigos dão o último adeus a Orlando Tapajós

Antes de falecer, carnavalesco pediu aos filhos para se unirem em sepultamento

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  • Nilson Marinho

Publicado em 18 de junho de 2018 às 18:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nilson Marinho/CORREIO

O corpo do construtor de trios Orlando Tapajós, 85 anos, foi sepultado na tarde desta segunda-feira (18) no cemitério Jardim da Saudade, em Brotas. Estiveram presentes na cerimônia de despedida amigos, familiares e personalidades da música.

O carnavalesco morreu na madrugada desse domingo (17) depois de ficar internado por seis dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Teresa de Lisieux, no Itaigara, após de sofrer um infarto no dia 11.

O cortejo fúnebre até a sepultura foi marcado por um silêncio quebrado, por vezes, pelo choro abafado dos familiares. Alguns filhos, dos sete que Orlando tinha de três casamentos, precisaram ser amparados e outros se recusaram a ver o pai sendo sepultado. "Não quero ver essa cena", disse uma das filhas.

No leito do hospital, antes de morrer, já prevendo sua partida, Orlando fez aos filhos um último pedido: que todos estivessem presentes e unidos para o último adeus. Assim foi.

Carina Tapajós, 38 anos, conta que o pai queria a presença de todos. O último pedido fez até com que alguns parentes, que andavam brigados, se reconciliassem.

Doença Ainda de acordo com a filha – a mais nova do segundo casamento de Orlando –, há pelo menos dois meses o carnavalesco tinha passado a se recusar a comer. Embora tivesse feito exames que compravassem que estivesse tudo certo com a saúde, dois infartos lhe acometeram, levando-o para o leito do hospital. "Ele estava bem debilitado porque não queria mais comer, estava enjoando com a comida, mas íamos, aos poucos, forçando. Ele tinha feito um check-up há pouco tempo e com a saúde estava tudo bem, mas sem alimento, o corpo não fica em pé", comentou Carina.No dia 11, Orlando chegou a sofrer dois infartos e os médicos, no intervalo de um deles, chegou a dar esperanças de recuperação à família. Mas ele já andava fragilizado e não resistiu."No primeiro, meu pai não conseguia falar direito, mas no segundo, ele já não falava mais nada. Uma pessoa querida, amada, começou a vida vendendo leite e jornal antes de passar a fabricar os trios. Muito triste", lamentou Carina. Adeus No último adeus faltou palavras para a filha Silvia Souza, 52 – a mais velha entre as mulheres –, descrever quem foi o pai, além de um grande contribuidor para a cultura baiana. "Sem explicação, ele era amigo, pai, tudo, tudo que você possa imaginar. Não consigo falar. Um exemplo da família. Um cantor, mestre. Abaixo de Deus, ele era a pessoa mais importante", disse Silvia.Durante a cerimônia de despedida, o cantor Jorge Daime lembrou do amigo que lhe deu a primeira oportunidade de cantar em um trio elétrico. Jorge disse que, graças a Orlando, ele foi o primeiro cantor de trio elétrico.

"Fui contratado por ele para ser loucutor, entre 70 e 72, no Rio de Janeiro e, em uma brincadeira, fui convidado para cantar em Salvador, mas não tínhamos muitos recursos. Comecei a cantar por invenção desse mestre que muitos deixaram para reconhecer depois da morte. Não sei por que isso acontece no mundo artístico", concluiu Daime.

*Com supervisão da editora Mariana Rios.