Indústria baiana ficou sem receber insumos durante greve dos caminhoneiros

Ford de Camaçari parou por causa do movimento

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  • Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nilton Souza/Divulgação

A montadora Ford interrompeu temporariamente as operações da unidade de Camaçari. A unidade, que tem capacidade anual de produção de 250 mil carros, também foi afetada pela greve dos caminhoneiros.  “A Ford informa que a produção nas fábricas de Camaçari, na Bahia, e de São Bernardo do Campo e Taubaté, em São Paulo, está suspensa devido à paralisação nacional dos caminhoneiros”, disse a empresa, nesta quinta-feira, 24, por meio de nota. 

A planta de Camaçari gera, aproximadamente, 7,7 mil empregos diretos, entre Ford e parceiros. A empresa não informou quando a paralisação foi iniciada e quantos carros deixaram de ser produzidos no período. Não é apenas a Ford que foi prejudicada pela paralisação. No pólo, a petroquímica Braskem também teve a produção prejudicada. A empresa afirma que lidou caso a caso com os impactos causados pelo protesto dos caminhoneiros no Brasil. 

“Por enquanto, a atividade industrial não foi seriamente afetada e a empresa vem agindo preventivamente. A Braskem segue monitorando o movimento e adotará medidas se necessário”.

Preocupação

O diretor executivo da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) disse que a situação das indústrias é preocupante. “No país, praticamente todo tipo de mercadoria é transportada por caminhão em algum momento”, explicou Vladson Menezes. 

Segundo ele, o impacto da greve em todos os setores da indústria era esperado. Seja no recebimento de matéria prima ou na distribuição do que foi produzido, as indústrias brasileiras dependem das estradas e dos caminhões.

 “Usamos muito pouco outros modais como ferrovias e navegação, mesmo aeroportos”, enumerou Vladson. “Várias indústrias estão com sérias dificuldades e os outros setores também. Insumo não chega e nosso produto deixa de ir para outro mercado, até para exportação”, acrescentou.

O diretor executivo da Fieb acrescentou que ainda não há um levantamento do impacto financeiro da paralisação na indústria baiana.  “Há empresas paralisando e outras já paralisadas. Isso traz um prejuízo. Sabemos que ele é muito relevante, e a cada dia aumenta exponencialmente”, acrescentou.

Portos

Além da paralisação dos caminhões, desde o último dia 14 o movimento de carga e descarga no porto de Salvador está parado.  Os Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens pedem 38% de reajuste no valor pago pelo frete. Um dos representantes das transportadoras, José Rubem, da José Rubem Transporte e Equipamentos Ltda, afirma que a negociação não avançou. 

“A situação é a mesma. As negociações deram uma travada hoje (quinta). Amanhã (nesta sexta-feira, 25) vamos ver como está a greve a nível nacional”.

Ele afirma que, na ausência de acordo nos próximos dias, outros transportadores devem ser contratados. “Se continuar assim vamos pegar os carros das empresas e colocar para rodar, vamos para o mercado”. 

*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier e do editor Donaldson Gomes