Janaúba: Morre mais uma criança vítima de ataque a creche 

Número de mortos na tragédia subiu para dez, sendo oito crianças

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  • Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2017 às 21:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo

A menina Thallyta Vitória de Oliveira Barros, de 4 anos, morreu neste sábado, 07, no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, elevando para 10 o número de mortos no ataque à creche Gente Inocente, em Janaúba, Minas Gerais. Além de oito crianças, morreram a professora Heley de Abreu Silva Batista, 43 anos, e o autor do incêndio, o vigia Damião Soares Santos, 50.

Todas as 18 crianças vítimas do ataque e que estavam internadas na cidade tiveram alta médica neste sábado. Com idades entre 1 e 5 anos, elas estavam internadas no hospital Fundajan por intoxicação por inalação de fumaça tóxica. Outras duas pessoas, um adulto e uma criança, seguem internadas em estado estável. 

Os demais feridos continuam internados. São, ao todo, 13 vítimas que permanecem em unidades médicas das cidades de Belo Horizonte e Montes Claros e que estão em estado gravíssimo. 

A professora Helley teve 90% do corpo queimado ao tentar salvar as crianças da creche. Ela entrou em luta corporal com Damião, que voltou com mais álcool para jogar nos estudantes.

O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) abriu três inquéritos e um procedimento para investigar o incêndio. Uma das apurações tem o objetivo de verificar por que o vigia, que sofria de mania de perseguição, trabalhava em uma instituição de educação infantil. 

“Ele começou a demonstrar transtornos em 2014, quando foi ao MP denunciar que a mãe estava envenenando a comida dele, mas era mentira”, disse Renato Henriques, chefe do Departamento da Polícia Civil de Montes Claros. Na época, Santos também disse que a mãe havia assassinado o pai. No dia do ataque, a morte do pai do vigia completou três anos.

Eram por volta das 9h da manhã da quinta quando Damião entrou na creche e atirou material inflamável contra as crianças e no próprio corpo, e ateou fogo, que se alastrou rapidamente. Em meio ao tumulto, as pessoas tentavam apagar o incêndio com baldes de água e resgatar as vítimas das chamas e da fumaça.

Neste sábado, Janaúba viveu mais um dia de desalento, com velórios e enterros das vítimas da maior tragédia do município. Em uma rua de terra batida, precariamente iluminada por um único poste de luz, dezenas de moradores da cidade, que tem cerca de 70 mil habitantes, se reuniram para se despedir de Cecília Gonçalves Dias, 4.  Com exceção da professora, todos os velórios foram realizados na casa das famílias, em meio a símbolos religiosos e fotografias dos mortos. 

Mesmo feitas de madrugada, as cerimônias reuniram dezenas de pessoas. Não raro, moradores iam pulando de um enterro para outro. Cecília foi uma das três crianças socorridas com vida, que morreram depois no hospital. Ainda na quinta, ela chegou a ter o óbito divulgado pelo Corpo de Bombeiros de Minas, após sofrer uma parada cardiorrespiratória, mas a equipe médica conseguiu reanimá-la. Transferida para a Santa Casa de Montes Claros, não resistiu.