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Almirante da Marinha disse que há sinais de que o óleo está diminuindo
Da Redação
Publicado em 4 de novembro de 2019 às 16:35
- Atualizado há um ano
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, contradisse o presidente Jair Bolsonaro ao afirmar que o governo não dispõe da informação sobre a quantidade total de óleo que ainda pode chegar à costa brasileira. "Nós não sabemos a quantidade derramada, o que está por vir ainda", disse o ministro em entrevista coletiva.
O ministro fez a afirmação ao comentar a declaração do presidente que, em entrevista a TV Record, afirmou que "o pior ainda está por vir". Segundo UOL, especialistas já haviam dito que não é possível saber se chegará mais ou menos óleo à região.
Hoje, Azevedo afirmou que a Marinha e órgãos do governo federal estão acompanhando as ocorrências de óleo na costa, mas que o avanço das manchas de petróleo não é de fácil detecção por satélites ou radares, o que dificulta o trabalho das equipes. "É difícil, porque ele [o óleo] fica a meia água, é imperceptível", disse Azevedo.
Sinais apontam que a quantidade está diminuindo O comandante de Operações Navais da Marinha, o almirante Leonardo Puntel, que coordena o trabalho das equipes no Nordeste, afirmou que sinais apontam que a chegada do óleo às praias está diminuindo. "O que nós estamos vendo nos últimos dias é um arrefecimento real, estatístico, da quantidade de óleo que está chegando às praias. Há mais de seis dias que não chega óleo a Pernambuco", disse Puntel. Questionado se Bolsonaro se baseou em alguma informação técnica para afirmar que "o pior ainda está por vir", o almirante Puntel não apresentou uma resposta clara.
Segundo o comandante da Marinha, são produzidos relatórios diários sobre a situação do óleo no Nordeste pelo GAA (Grupo de Avaliação e Acompanhamento), constituído pelo Ibama, pela Marinha e pela ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Mas, ao ser questionado se algum desses relatórios apontou que a situação nas praias poderia piorar, Puntel não confirmou nem negou se essa informação foi fornecida ao presidente.
"Eles conduzem os relatórios exatamente à situação factual, e a situação factual é essa que nós mostramos, todo o movimento das correntes, dos óleos, o movimento da corrente submersa desses óleos que navegam submersos e suas diversas direções, que são imprevisíveis", respondeu Puntel.
Ao ser perguntado sobre o motivo de o presidente Bolsonaro ter dito que o pior ainda estaria por vir, Puntel afirmou que não poderia ser descartada "nenhuma possibilidade" e que o governo não sabe a quantidade de óleo que ainda pode chegar às praias.
"Todo acidente ou incidente que é inédito, ele leva a várias ideias e muitas possibilidades. Nesse acidente, nós não podemos descartar nenhuma possibilidade, todas as possibilidades têm que ser aventadas e tomar medidas para sua mitigação possível", disse Puntel. "Nós não sabemos se existe ainda muita coisa ou pouca coisa", afirmou o almirante. Desde o final de agosto, praias dos estados do Nordeste começaram a ser atingidas por manchas de óleo, identificado como petróleo cru, ou seja, que não foi refinado.
Até o momento, o óleo já chegou a 314 localidades de 110 municípios em todos os nove estados nordestinos.
Por enquanto, o governo já contabilizou 4.000 toneladas de óleo e resíduos coletados nas praias, segundo números informados pelos governos estaduais e pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis).
Marinha envia mais dois navios para a operação Foi divulgado durante a entrevista aos jornalistas que a Marinha decidiu enviar hoje para auxiliar na operação no Nordeste seus dois maiores navios: o Atlântico, um porta helicópteros, e o navio-doca Bahia. As embarcações deixaram hoje o Rio de Janeiro.
No total, já foram empregadas nas ações contra o óleo 27 embarcações, 14 aeronaves, 3.300 militares da Marinha e 5.000 militares do Exército.