Mirando alto, Cara de Sapato quer vitória após um ano sem lutar

Campeão mundial de jiu-jítsu e do TUF Brasil 3, lutador brasileiro volta ao octógono neste sábado no UFC 257

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  • Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2021 às 16:49

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/UFC

O peso-médio brasileiro Antônio Cara de Sapato é um dos destaques do UFC 257, que acontece neste sábado (23) na Etihad Arena, localizada na Ilha da Luta, nos Emirados Árabes Unidos. Paraibano, mas filho de baiano, Cara de Sapato enfrentará o americano Brad Tavares após passar todo o ano de 2020 sem subir no octógono, por conta de uma grave lesão no joelho.

O lutador conversou com o CORREIO nesta semana, comentando sobre as expectativas para o seu retorno à jaula mais famosa do mundo, seus planos futuros para sua carreira e como andam seus treinos na American Top Team, nos Estados Unidos, uma das maiores e mais conceituadas academias de MMA do mundo. Animado, Cara de Sapato foca em trazer a vitória para a Bahia e o Brasil neste sábado, e espera já emendar uma nova luta assim que possível.  

CORREIO: Você acabou não lutando em todo o ano de 2020, dando uma pausa na carreira. Quais foram os motivos dessa interrupção, e como foi esse tempo parado?

Antônio Cara de Sapato: Então, eu até tinha uma luta marcada em março do ano passado, inclusive foi o primeiro sem público que aconteceu, por conta da pandemia. No entanto, eu acabei rompendo o ligamento do meu joelho, tive que operar, por isso que passei o ano inteiro de 2020 parado. Mas, foi um tempo que eu estava precisando, de reflexão, passei com a família e os amigos no Brasil, só agora eu vejo o quanto eu precisava desse tempo, então foi uma recuperação não apenas física, mas também mentalmente e emocionalmente. Infelizmente não consegui lutar em 2020, mas já estamos iniciando 2021 saindo na porrada, e com fé em Deus vamos sair com a vitória. 

Seu oponente é o experiente americano Brad Tavares, que já tem 18 combates pelo UFC e já foi bem ranqueado na categoria dos pesos-médios. Qual sua expectativa para o combate e para sua carreira?

Ele teve a mesma lesão que eu, do ligamento cruzado do joelho. A luta já tinha sido marcada antes, em março de 2020, mas acabou caindo. Ele já foi oitavo do ranking, eu já fui 11º, então vai ser um combate interessante. Ele é um cara que tem um bom nome, quero estar brigando nas cabeças, retornar com força e botar uma boa sequência de vitórias, para em breve estar lutando pelo cinturão. A ideia é ganhar bem, sair saudável e já fazer outra luta no meio do ano, mas temos que ir com paciência. Uma vitória sobre o Brad Tavares vai me posicionar bem, me colocar no ranking novamente, então é nosso foco no momento. Minha expectativa é de fazer muitas lutas em 2021, se der pra lutar umas quatro vezes esse ano, eu ficaria bem feliz, mas temos que fazer tudo com cautela e inteligência.

Há algum tempo você treina nos Estados Unidos, na American Top Team, que é um dos principais centros de treinamento de MMA do mundo. Como foi seu camp e quais as novidades que você está trazendo para esse combate?

Então, em 2020, apesar da lesão, ocorreram diversas coisas boas. Duas delas foram a abertura da minha academia, a Roller Fight Studio, que é uma filial da American Top Team. Montamos um treino muito bom de jiu-jítsu lá, com nomes como o Rodolfo Vieira e o Marcus Buchecha, e a segunda é justamente essa mudança do Buchecha lá para a American Top Team. Ele é meu parceiro há muito tempo, está iniciando a carreira do MMA, e é um dos maiores nomes de todos os tempos da arte suave, vai poder nos ajudar bastante. Sobre os treinos, eu foquei em duas coisas: a primeira é no jiu-jítsu em si, até pela presença desses nomes relevantes. A ideia é pegar de volta o refinamento, que a gente acaba perdendo quando foca no MMA. A convivência com esses caras faz a gente lembrar aqueles detalhes que fazem a diferença nas lutas. A outra coisa foi fazer um 'mix' bem feito. Antigamente eu dividia as coisas demais, ou só trocava, ou só ia pro chão. Consegui fazer isso bem no The Ultimate Fighter Brasil, mas nas últimas lutas não estava conseguindo plantar a dúvida na cabeça dos oponentes tão bem. Agora, consegui desenvolver bem isso novamente.  Reprodução/Instagram Durante bastante tempo, você morou e treinou na Bahia, além de ter iniciado sua carreira no MMA em eventos locais. Como você vê a importância do nosso estado para a sua carreira e para os seus treinamentos?

Foi importante demais pra minha vida. Eu nasci em João Pessoa, na Paraíba, mas meu pai é baiano, e fiz todo o começo da minha carreira aí em Salvador, com os professores Luiz Dória, de boxe, e Yuri Carlton, de jiu-jítsu. Os treinos na Academia Champion, especialmente com o Júnior Cigano, que é meu parceiro e me bate muito até hoje [risos]. Mas hoje, mesmo estando longe, eu não fico sem o treino diretamente da Bahia; Kelson Pinto, que é um dos principais alunos do professor Dória, é treinador aqui na ATT, e é um fenômeno, me ajuda bastante. Mas sempre que dá, eu vou à Bahia para treinar lá na Champion, afinal ele é o melhor treinador de boxe do Brasil, basta ver a lista de nomes de pessoas que já treinaram com ele... Anderson Silva, Júnior Cigano, Demian Maia, Vitor Belfort, Robson Conceição, só fera. 

Por fim, você vai lutar em um dos principais eventos do ano, na Ilha da Luta. Além disso, será o mesmo card da superestrela Conor McGregor. Como é o sentimento de estar escalado para este evento?

Cheguei aqui nessa semana, já até lutei jiu-jítsu aqui, mas no UFC, o negócio é diferente. A estrutura é gigantesca e muito boa, tudo perfeitinho. Tá sendo muito boa essa experiência, não à toa, foi o primeiro esporte que voltou a ser realizado na pandemia. Tô super feliz de estar fazendo parte disso, com uma grande visibilidades, afinal sabemos como Conor McGregor puxa esses holofotes. Então estamos aí, tô bastante animado e espero trazer essa vitória para o Brasil e para a Bahia. 

O UFC 257 acontece a partir das 21h e será transmitido pelo Canal Combate. O evento será encabeçado pela luta entre o ex-campeões Conor McGregor e Dustin Poirier, válido pela divisão dos pesos-leves. Também em destaque está o combate entre as promissoras brasileiras Marina Rodriguez e Amanda Ribas, no peso-palha feminino.

Confira o card completo do evento abaixo.

CARD PRINCIPAL (0h, horário de Brasília): Peso-leve: Dustin Poirier x Conor McGregor Peso-leve: Dan Hooker x Michael Chandler Peso-mosca: Jessica Eye x Joanne Calderwood Peso-palha: Marina Rodriguez x Amanda Ribas Peso-médio: Andrew Sanchez x Makhmud Muradov

CARD PRELIMINAR (21h, horário de Brasília): Peso-casado: Matt Frevola x Arman Tsarukyan Peso-médio: Brad Tavares x Antônio Cara de Sapato Peso-galo: Julianna Peña x Sara McMann Peso-meio-pesado: Khalil Rountree Jr. x Marcin Prachnio Peso-casado: Nik Lentz x Movsar Evloev Peso-mosca: Amir Albazi x Zhalgas Zhumagulov