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Da Redação
Publicado em 14 de março de 2022 às 21:10
- Atualizado há 2 anos
A mobilização dos auditores-ficais da Receita no porto e aeroporto de Salvador, que começou nesta segunda-feira (14), deve atrasar a entrega de produtos para pessoas e empresas na capital. A ação dos trabalhadores segue até sexta-feira (18) e faz parte de um movimento nacional de alerta para as reivindicações da categoria, em especial, o corte de 51,4% do orçamento. Na prática, os servidores deram início à Operação Risco Zero, que torna a liberação de cargas mais lenta. >
“Fizemos uma intensificação da Operação Risco Zero esta semana. Não há paralisação. O que acontece é que a carga fica mais tempo parada nas alfândegas. Mas os auditores não estão parados”, afirma Leonardo Dantas, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco).>
Chamada também de “operação padrão”, ela consiste em um trabalho mais minucioso de verificação e liberação de cargas, o que causa atrasos e, consequentemente, acúmulo de produtos. >
Ainda segundo Leonardo, caso não ocorra reajuste orçamentário, o trabalho da Receita será inviabilizado em dois meses: “As ações são no sentido de buscar sensibilizar o governo federal a reverter esse corte no orçamento, que impossibilita o funcionamento do órgão até o mês de maio”.>
A regulamentação da Lei 13.464/2017, que institui o pagamento de bônus por eficiência e produtividade a servidores, e a realização de um novo concurso público são outras queixas dos auditores-fiscais. >
Os únicos produtos que estão de fora da operação são mercadorias perecíveis, medicamentos e vacinas. Para os outros, o trabalho de liberação está nos moldes ‘Risco Zero’. A demora no despacho de cargas nos postos alfandegários, além de atrasar o envio de produtos vindos do exterior para pessoas físicas, jurídicas, empresas ou indústrias, configura risco para futuros investimentos na região. >
“Os importadores estão bem assustados com essa situação, porque já havia problemas por causa da pandemia e agora recebemos essa notícia. Isso afeta todo o comércio exterior, na parte de exportação e importação, e impacta economicamente, influenciando na geração de emprego e redução de investimentos”, afirma Vagner Pereira, despachante aduaneiro que representa importadores no país. >
Segundo ele, entre as mercadorias que devem se acumular no porto e aeroporto estão commodities, matérias-primas da indústria química e placas de energia solar. Leonardo Dantas diz que entraram na operação padrão o porto de Santos e Foz do Iguaçu, além dos aeroportos de Guarulhos e Vira Copos, em São Paulo. >
A auditora-fiscal e delegada da Alfândega da Receita em Salvador, Sandra Magnavita, reitera que as mercadorias não estão sendo retidas nas alfândegas, apesar da maior demora do processo. “Nós não temos a intenção de prejudicar à sociedade ou empresas, este não é o objetivo da operação. Estamos fazendo nosso trabalho como no dia a dia. Vamos dizer que normalmente a gente passaria 50% da carga no raio X, agora estamos passando 70%, para poder fazer a verificação”, exemplifica. >
Em nota, a Receita informou que a atuação dos servidores no despacho de importações envolvidos na mobilização corresponde a apenas 7% de todas as mercadorias recebidas no porto e aeroporto de Salvador. As demais são liberadas automaticamente pelos critérios de seleção do sistema Siscomex. Entre outras ações já realizadas em protesto pelos servidores da Receita Federal estão a suspensão de sessões das Delegacias de Julgamentos e a entrega de cargos de chefia de 25 auditores-fiscais em janeiro, na capital baiana.>
*Com a orientação da subeditora Fernanda Varela. >