'Noiva nazi' é condenada à prisão perpétua por mortes na Alemanha

Crimes teriam motivação racial, segundo a acusação

  • D
  • Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2018 às 13:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo AFP

Um tribunal da Alemanha condenou nesta quarta-feira (11) Beate Zschäpe à prisão perpétua por sua participação em dez assassinatos de 2000 a 2007 com motivação racista. As vítimas foram oito pessoas de origem turca, um grego e uma policial alemã. Os crimes aconteceram em várias cidades do país e aparentemente não tinham ligação. Foram três mortes em Nuremberg, uma em Haburgo, duas em Munique, uma Rostock, uma em Dortmund, uma em Kassel e uma em Heilbronn.

Conhecida como "noiva nazi", Zschäpe, 43 anos, é a única integrante ainda viva da gangue que se chamava Clandestinidade Nacional Socialista (NSU). Os dois companheiros dela no grupo, Uwe Mundlos e Uwe Böhnhardt, cometeram suicídio em 2011, quando estavam cercados pela polícia.

Zschäpe não poderá sequer pedir por liberdade condicional nos próximos 15 anos por conta da gravidade do caso. Ela também era acusada de integrar uma organização terrorista, participando de 15 assaltos a banco.  Outros quatro neonazistas, suspeitos de ajudar o trio, foram condenados a penas que vão de dois anos e meio e 10 anos de prisão.

Crimes A acusada viveu na clandestinidade por 14 anos com os dois cúmplices. Na época, segundo a polícia, eles cometeram os dez assassinatos, com motivações racistas, além de estarem por trás de dois atentados a bombas, em Colônia. Não há provas de que Zschäpe participou diretamente dos assassinatos, mas a acusação defende que ela teve contribuiu na cobertura da fuga e estava ciente de todos os crimes, ajudando a pensar a execução.

Já a condenada sempre negou envolvimento e diz que ficou sabendo dos crimes somente depois que ocorreram. Afirmou que ficou chocada com tudo, mas que preferiu não delatar Böhnhardt e Mundlos à polícia porque "os dois eram a minha família".

A polícia levou mais de uma década para chegar aos suspeitos e ligar as mortes dos comerciantes ao grupo de extrema direita. O grupo só foi descoberto em novembro de 2011, após um assalto a bano.

O julgamento dos crimes da NSU é o maior processo judicial envolvendo neonazistas da história da Alemanha e, segundo a DW, também o mais caro, pois em todas suas fases teve custo estimado de 56 milhões de euros.