Produção de podcasts culturais ganha fôlego na Bahia

Cena local segue tendência mundial; confira destaques

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  • Laura Fernades

Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Divulgação

Enquanto lava os pratos, faz uma faxina, passeia com o cachorro ou arruma aquela gaveta bagunçada, o podcast pode ser um bom companheiro. Conteúdo de áudio que lembra um programa de rádio, mas pode ser escutado na hora que o ouvinte quiser, o podcast ganhou fôlego na Bahia no último ano, com lançamentos na música, na gastronomia e nas artes cênicas.

A pesquisa mais recente feita pela plataforma Deezer aponta um aumento de 67% do consumo de podcast no Brasil, em 2019. Apesar de não haver dados de 2020, é possível perceber o fortalecimento da produção local. Só em Salvador foram lançados podcasts como os do Festival Radioca, da cantora Clécia Queiroz, sobre o produtor Anselmo Serrat, do Circo Picolino, e da chef Tereza Paim, além de jornalísticos como O Que a Bahia Quer Saber, podcast do CORREIO.

Os nomes locais seguem uma tendência mundial. No último dia 30, por exemplo, o  Globoplay passou a disponibilizar, gratuitamente, em seu app, todos os podcasts da Globo: G1, Ge e Gshow. Até a realeza aderiu: o Príncipe Harry e Meghan Markle lançaram no final do ano um podcast com participação do filho Archie. Entre os mais populares de 2020, segundo o Google, estão NerdCast, Xadrez Verbal e O Assunto, do G1.

Os nomes locais seguem uma tendência mundial. Em dezembro, por exemplo, o serviço de streaming Globoplay disponibilizou todos os podcasts da Globo: G1, Ge e Gshow. Até a realeza aderiu: no mesmo mês, o Príncipe Harry e Meghan Markle lançaram um podcast com participação do filho Archie. Entre os mais populares de 2020, segundo o Google, estão NerdCast, Xadrez Verbal e O Assunto.

"Esse aumento é uma tendência, mas é uma moda também. O podcast já existe há muito tempo. O próprio mercado vai ditando isso, que já tem crescido nos EUA e aqui chegou com força agora", ressalta o jornalista Luciano Matos, que apresenta o programa de rádio Radioca ao lado dos músicos Roberto Barreto e Ronei Jorge. Os três também estão à frente do festival de mesmo nome, junto com a produtora Carol Morena.

"Acho que as pessoas têm uma necessidade de se informar e buscam novas formas, com as mídias tradicionais perdendo um pouco a força. As pessoas acabam procurando outras coisas. O podcast é muito parecido com o rádio, só que talvez mais livre, menos rigidez de tempo. Existiam poucos podcasts sendo feitos com regularidade na Bahia e aí as pessoas se tocaram que tinha um canal aberto, fácil de fazer", acredita.

Aprofundamento Por aqui, a pandemia acelerou a produção, apesar de ter atrapalhado a realização de muitos eventos. O Festival Radioca, por exemplo, não aconteceu de forma presencial em novembro, como já é de praxe, mas lançou seu primeiro podcast no mês que já virou a sua marca. O Radiocast, podcast do Radioca, conta com dez episódios com participação de artistas como Larissa Luz, Josyara, Maglore e Xênia França.

Além das estrelas que estão na linha de frente da música, o programa reuniu especialistas da área como Tony Alex, editor-chefe do portal e podcast Tenho Mais Discos que Amigos!; e o jornalista e pesquisador GG Albuquerque para bater um papo sobre a música contemporânea com o time curador.

A ideia, na verdade, era fazer um videocast e já estava tudo preparado para iss. Porém, com a impossibilidade dos encontros presenciais, o projeto deu lugar ao podcast. "É uma extensão do que é o programa de rádio, girando em torno do universo que a gente aborda no festival, mas aprofundando alguns temas e entrevistando com mais tempo esses artistas que trafegam tanto pelo programa, quanto pelo festival. O público ganha ainda mais informação e aprofundamento", garante Luciano. 

A cantora e pesquisadora Clécia Queiroz também se aventurou, pela primeira vez, no formato de áudio sob demanda. Resultado de sua tese de doutorado, o podcast lançado por Clécia através do Itaú Cultural é uma entrevista com a sambadeira Dalva Damiana dos Santos, ou Dona Dalva como é conhecida. São duas partes, divididas em 30 minutos.

Gravado em vídeo em 2019 e transformado em podcast, o produto de Clécia destaca o trabalho da convidada que é Doutora Honoris Causa do Samba de Roda de Cachoeira. O episódio, que já está no ar nos canais do Itaú Cultural, faz parte da série Sambadeiras do Recôncavo da Bahia, realizada no processo do doutorado que reuniu entrevistas com 12 sambadeiras.

"Todas as formas virtuais de comunicação foram favorecidas com a pandemia, porque a gente precisa delas o tempo todo. Poder ouvir isso no rádio, no carro, malhando ou fazendo algo em casa é uma coisa bem boa", aprova Clécia, cujo primeiro contato com o podcast aconteceu na Nigéria, em 2019, durante um congresso. "Esse é um convite a abrir os olhos para o mundo. A gente tem uma nova possibilidade virtual de comunicação e deve ser acessada. Muita coisa linda tem surgido", comemora.

Podcasts baianos em destaque

Radiocast - Podcast do Festival Radioca

Clécia Queiroz - Entrevista Dona Dalva, Doutora Honoris Causa do Samba de Roda de Cachoeira

Anselmo Serrat - Conta a história do fundador do Circo Picolino

Tereza Paim - Chef dá dicas de como cozinhar mais fácil

Jussara Silveira - Cantora intercala música com boas histórias

O que a Bahia quer Saber - Podcast do CORREIO apresenta assuntos diversos como turismo, gastronomia, saúde e mercado de trabalho