Quando for investir o 13º, não repita estes erros

Aprenda a preservar seus lucros com a história de quem já perdeu dinheiro nas aplicações e conseguiu recuperar a grana

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  • Priscila Natividade

Publicado em 26 de novembro de 2018 às 05:43

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: EBC

Existe felicidade maior do que encontrar uma nota perdida no bolso da calça? A sensação é muito parecida quando aquele dinheiro investido cresce todo mês. Porém, o jogo vira se aquela mesma aplicação some da conta de uma hora para outra. E o pior: além de levar o que rendeu tira o que foi investido. Mas calma, o mundo dos investimentos não está contra você. 

Neste momento, em que muitos pensam em usar o 13º para aplicar no mercado financeiro, é sempre bom ter em mente que muitos investidores passaram por situações bem ruins e perderam muito dinheiro, seja por falta de definição do objetivo de investir, por usar uma estratégia errada ou por não entender bem o mercado. 

Mas como o mundo gira, eles deram a volta por cima. O CORREIO reuniu algumas destas histórias e ouviu especialistas em finanças para listar os principais erros que podem ser cometidos contra sue próprio investimento.O que as histórias têm em comum? Falta de conhecimento do seu perfil de investidor e da aplicação mais apropriada a ele.

“Pesquisar e entender o universo dos investimentos é essencial para fazer o dinheiro render. É importante sempre ter em mente o objetivo, mas também saber o quanto e onde investir  para tomar as melhores decisões”, aconselha o presidente do IQ 360, Antonio Rocha. O cuidado e a atenção no conhecimento do mercado, afirma, deve ser redobrado, quandoo assunto for renda variável. Acompanhe: 

SIM, PODE ACONTECER COM TODO MUNDO Andreza Stanoski é educadora financeira da Dsop (Foto: Divulgação) "O dinheiro da nossa reserva que usaríamos na construção da casa própria foi todo utilizado para ter uma franquia de empréstimos e financiamentos.  Em 2011 eu e meu marido abrimos nossa franquia com toda certeza que ficaríamos prósperos e assim poderíamos comprar a nossa casa própria. Só que no inicio de 2012, os bancos limitaram as fichas de aprovação de financiamento e os clientes que meu marido tinha não conseguiam comprar nada financiado.  Aí decidimos mudar de area: do financiamento partimos para o consorcio, mas a comissão caiu em 65%. Ou seja... Começamos a atrasar as contas de casa e da empresa. Em 2013 devolvemos o carro para o banco. Não conseguíamos pagar a parcela que cada vez aumentava mais por conta do custo do financiamento. Fechamos a empresa, pagamos multa para devolver a sala comercial e fomos morar de favor na casa dos meus pais. Passamos por situações terríveis, sem falar nas brigas por causa dos problemas financeiros. A estratégia para seguir em frente é manter a calma e, se possível, pedir conselhos a pessoas ou profissionais da área. Nem sempre sabemos de tudo. Importante antes de tomar qualquer decisão é fazer a seguinte pergunta: “Se der errado, eu tenho guardada uma reserva estratégica?” . Eu não fiz esta pergunta e foi aí que eu e meu marido tivemos as brigas.  Onde você pretende investir? Qual o seu sonho? Guardar por guardar dinheiro não te leva a lugar nenhum. Tenha sempre em mente os seus objetivos a curto, médio e longo prazos". 

CONHEÇA O MERCADO

Murilo de Chico é analista de negócios (Foto: Divulgação) "Comecei a investir em Renda Variável. Estava tendo resultados positivos e ganhando um pouco de dinheiro, o que me deu confiança para entrar no mundo dos minicontratos de dólares. Na época, eu tinha o total de R$ 5 mil na minha conta. Os minicontratos de dólares funcionam assim: para cada um que você compra ou vende, é preciso ter em média R$ 50 na sua conta como garantia. Esse tipo de contrato custa poucos centavos, e você ganha conforme a variação do dólar. A cada 1 centavo que o dólar variar, você pode ganhar ou perder R$ 100. Comprei 10 minicontratos de uma vez, o que faria com que eu ganhasse ou perdesse pelo menos R$1 mil com a variação de 1 centavo do dólar. Nessa época, estava acontecendo o Impeachment da ex-presidenta Dilma. O Banco Central também estava atuando no mercado de dólar para não deixar a variação flutuar muito. Com isso, o dólar foi de R$4 para R$3,99. Ou seja, perdi dinheiro. Conforme o dólar foi baixando, cheguei a perder R$ 2 mil.  Entrei em desespero. Vendi os 10 minicontratos e paguei os R$ 2 mil que fiquei devendo com a operação. Resolvi voltar e comprar mais 10 minicontratos novamente. Resultado: perdi mais R$ 1,5 mil. Resolvi estudar mais sobre investimentos e percebi que se tivesse esperado, teria saído no lucro em ambas as situações. Consegui recuperar R$ 1 mil, mas aloquei esse dinheiro em Renda Fixa - menos riscos. Essa foi uma experiência muito válida para aprender a lidar com as frustrações da Renda Variável. É preciso escolher o investimento certo e começar aos poucos, e não com dez minicontratos como eu fiz". 

ALTO RISCO João Kleper é investidor e empresário (Divulgação) "Não é preciso ser nenhum milionário para investir. Mas também não aconselho ninguém a fazer loucuras, principalmente aqueles que esperam retornos altos e em pouco tempo. É claro que no meio do caminho e de todas essas descobertas que estão atreladas ao investimento  eu errei algumas vezes, fiz apostas precipitadas e vejo que em alguns momentos dediquei mais tempo do que deveria em alguns negócios que não geraram o resultado que eu esperava. Enfim, estou dizendo isso porque faz parte do processo de aprendizado e só com a prática e muito estudo você começa a desenvolver efetivamente a expertise necessária para avaliar melhor as oportunidades que são apresentadas constantemente.  O importante é selecionar bem, usar filtros e métricas, verificar pessoalmente a validação no mercado, ouvir opinião de especialistas na área e seguir quem tem faro, feeling e muita experiência no assunto. Muitos empresários e executivos de mercado me perguntam qual o risco de investir em ativos diferenets como em startups. Se vale mesmo a pena, se o retorno pode ser melhor que o investimento padrão, como renda fixa, por exemplo.  A senha para esse tipo de investimento é assertividade. E convenhamos que acertar sempre não é uma tarefa das mais fáceis, por isso, a prática e conhecimento do mercado é essencial para evitar erros desnecessários e apostas furadas. O ideal é que o investidor nunca comprometa suas reservas por completo ou se desfaça de bens para investir em um negócio que não lhe ofereça garantia de retorno positivo.  É preciso consciência de qual retorno você terá".  

OS 10 ERROS QUE ATRAPALHAM SUAS APLICAÇÕES

1. Segure a onda Não seja impulsivo. Faça um planejamento antes de investir, escolha a melhor aplicação de acordo com o seu perfil.

2. Conhecimento Independente de qual seja o investimento é preciso entender o mercado financeiro, conhecer os produtos.

3. Plano B Tenha sempre uma estratégica de escape ou esteja aberto para mudar de decisão caso a escolha não tenha dado certo.

4. Linhas de crédito? Não transforme empréstimo, cheque especial e cartão de crédito em capital de giro para que você possa investir.

5. Orçamento no azul O olhar nas despesas deve ser redobrado. Qualquer deslise pode comprometer o aporte da sua reserva.

6. Objetivos Por que você está investindo? É preciso definir qual o objetivo daquela reserva e assim torná-la um hábito.

7. Prazos Assim como toda a meta, é importante ter um prazo. O investimento precisa de tempo: curto, médio ou longo prazo?

8. Disciplina Não é fazer uma reserva ‘porque está na moda’, sem entender o que está fazendo. Tem que ter disciplina.

9. Cautela Mesmo o perfil mais arrojado de investidor precisa se planejar. Não dobre a aposta para reverter o valor perdido.

10. Maturação Não tire o inestimento antes da hora por medo do mercado. Isso faz com que você perca dinheiro pagando multas e taxas. 

DICA DA SEMANA: OS PRINCIPAIS PRODUTOS FINANCEIROS

CDB (Certificado de Depósito Bancário) Produto de renda fixa, a partir de títulos emitidos pelos bancos de investimentos, comerciais ou múltiplos, com o objetivo de captar recurso. Em troca as instituições oferecem remuneração que pode variar dependendo da liquidez e segurança do título. Um CDB, para ter remuneração considerada boa, deve ser superior a 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

Letra de Crédito do Agronegócio (LCA)   Título emitido pelas instituições financeiras para financiar as atividades agropecuárias. Há cobertura do Fundo Garantidor de Crédito e  não é tributado pelo Imposto de Renda.

Tesouro Direto São títulos públicos negociados pelo Tesouro Nacional diretamente com os investidores. A venda de títulos públicos é uma forma do poder público se financiar, permitindo que investidores emprestem dinheiro para o governo, recebendo em troca determinada rentabilidade.

Fundos de Investimento Multimercado   Um produto misto, com papeis de renda fixa e renda variável, que oferece uma remuneração melhor que os tradicionais fundos de renda fixa. No entanto, o risco é um pouco maior. 

Fundos de Ações   São fundos com o objetivo de aplicar em ações de empresas dando maiores chances de rentabilidade ao investidor. Um fundo bem administrado pode produzir resultados melhores que aplicações em ações de uma única empresa.

TERMOS QUE TODO INVESTIDOR DEVE CONHECER*

Renda Fixa É o termo utilizado para se referir a investimento cuja remuneração ou retorno se pode saber previamente, deixando o investidor ciente de quanto irá ganhar com esse tipo de aplicação.

Renda variável  Se refere ao  investimento cuja remuneração ou retorno de capital não pode ser dimensionada no momento da aplicação nem em uma data futura a esta. Um exemplo são as ações.

Prefixado Quando as taxas de remuneração são definidas no momento da contratação e permanecerá até o vencimento.

Pós-fixado  Quando apenas parte da taxa é definida no momento da contratação. Produtos pós-fixadotêm remuneração mista, uma parte é fixa e outra, variável, geralmente indexada à inflação. 

FGC (Fundo Garantidor de Crédito) é uma instituição não financeira que tem como objetivo assegurar o investidor em caso de liquidação extrajudicial ou insolvência de instituições associadas. O FGC garante ao investidor ate R$ 250 mil por CPF e  instituição.

Liquidez É a facilidade com a qual um ativo (investimento) se transforma em dinheiro. Ao realizar um investimento, a liquidez pode ser de 1 dia ou de 30 dias (1 mês), tempo necessário para resgatar o valor investido. 

*Fonte: Edísio Freire, educador financeiro e colunista do CORREIO