Reunião de estudantes e profissionais sugere soluções para Salvador

Hackathon da Unijorge foi inspirado em evento desenvolvido em 2017 pelo CORREIO

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  • Raquel Saraiva

Publicado em 6 de maio de 2018 às 19:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Estudantes e profissionais de diversas áreas participaram nesse fim de semana do primeiro Hackathon do Centro Universitário Jorge Amado. O termo em inglês significa maratona de programação e se refere a eventos nos quais pessoas se reúnem para buscar soluções inovadoras para desafios propostos.

Marcos Gomes, 29, aluno do curso de Análise de Desenvolvimento de Sistemas da Unijorge, surpreendeu-se com a diversidade do público: "Foi meu primeiro hackathon. Eu achei que só ia ter gente da minha área!”, reagiu, ao perceber que o evento tinha a participação de estudantes de graduação e profissionais de diferentes áreas, como medicina, relações públicas, engenharia e publicidade. Os 40 participantes se juntaram para encontrar soluções convertidas em aplicativos e plataformas virtuais para problemas enfrentados por moradores dos bairros do Cabula e Tancredo Neves.

“Foi maravilhosa a pluralidade de conhecimentos convergendo para resolver problemas da sociedade. Essa oxigenação faz expandir nossos horizontes, não só profissionais. As mentorias, com professores e representantes da Prefeitura, trouxeram pontos cruciais para o desenvolvimento das soluções”, afirma Marcos. Participantes do hackaton promovido pela Unijorge nesse fim de semana (Foto: Marina Silva) Em duas semanas, cerca de 120 pessoas se inscreveram para as 40 vagas disponibilizadas no evento, que não foi restrito a alunos da Unijorge. Os participantes foram separados em cinco equipes, cada uma com um eixo temático: mobilidade, sustentabilidade, saúde, educação e habitação. Além de soluções para a cidade, os projetos desenvolvidos no hackathon também são possibilidades para negócios e empreendimentos.

Parceria O evento teve duração de 28h e foi finalizado às 9h de domingo (06). A maratona foi resultado de uma parceria do Centro Universitário com a Rede+ e a Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Secretaria da Cidade Sustentável e Inovação (SECIS) e da Prefeitura-Bairro Cabula/Tancredo Neves. O Hackathon faz parte do IV Encontro de Ciência, Tecnologia e Inovação da Unijorge.

"Mesmo sem nos conhecer, nós fizemos amizade, e a descontração deixou as 28h mais leves" disse Tiago Pereira, 29 anos, estudante de medicina e biólogo que estava em um grupo com um designer, um estudante de computação, um administrador que estuda engenharia de petróleo e uma estudante de relações internacionais.

Os alunos tiveram três minutos para expor o projeto desenvolvido, seguindo o modelo pitch de apresentação, que é utilizado por startups para despertar o interesse de investidores pelo negócio. Uma banca composta por cinco jurados avaliou as propostas nas categorias impacto social, viabilidade econômica, tecnologia e inovação e escolheu os três melhores ao final das apresentações.Esses jovens tiveram compromisso e criatividade com inovação para sugerir soluções importantes.

(Guilherme Marback Neto, reitor da Unijorge)O reitor da Unijorge, Guilherme Marback Neto, ressaltou a importância dos projetos para trazer melhorias na qualidade de vida dos soteropolitanos. "Esses jovens tiveram compromisso e criatividade com inovação para sugerir soluções importantes. A contribuição será para problemas reais que muitas vezes são vivenciados pelos próprios alunos. As ideias vêm de conhecimento solidificado", acrescentou Guilherme Marback Neto, reitor da Unijorge (foto: divulgação) O gerente da prefeitura-bairro Cabula/Tancredo Neves, José Miguel Menezes Bastos, se surpreendeu com os projetos. “Nós, executores das prefeituras-bairro, não pensávamos que fôssemos tão longe, que chegasse a esta dimensão. Estamos com muita expectativa positiva, que une a experiência da Unijorge com a Prefeitura de Salvador. E a prefeitura-bairro representa isso, esse contato do gestor com o morador”. 

“Pensar no hackathon é sempre bacana porque coloca jovens que também são cidadãos da cidade e às vezes não têm contato com a realidade de outros bairros para entender como a cidade funciona e pensar soluções que às vezes a própria prefeitura não consegue pensar”, acrescentou o Secretário da Cidade Sustentável André Fraga, que participou da comissão julgadora.

Vencedores O primeiro lugar ficou com a plataforma Ecomuni, do eixo Sustentabilidade, que gera uma moeda virtual de troca entre o cidadão e um estabelecimento comercial em troca de resíduos sólidos recicláveis. A ideia apresentada é que o estabelecimento receba os resíduos sólidos e encaminhe para uma cooperativa de reciclagem. Em troca, o cidadão ganha descontos no estabelecimento, que ganha promoção e um selo de parceiro de sustentabilidade.

A estudante Susana Calmon, da equipe vencedora, é ex aluna da Unijorge e já tem outros pódios na bagagem - em 2009, ela ganhou prêmio por seu TCC na universidade, onde se graduou em Publicidade. "Tive a ideia, apresentei no grupo e todos toparam. Desenvolvemos a ideia da moeda e conseguimos uma solução inovadora para o descarte de resíduos que  pode dar dinheiro e descontos para a população e dá visibilidade para as empresas parceiras, que ganham selo de sustentabilidade", ela destaca.

O segundo lugar ficou com a plataforma Coliga, do eixo Educação, que objetiva estabelecer uma rede de voluntários para ajudar crianças de escolas de Salvador em dificuldades com assuntos vistos na sala de aula.

O terceiro lugar foi do eixo Saúde, com o projeto D. Maria, que desenvolveu um robô virtual que pode ser acessado via redes sociais, para as pessoas saberem quais centros de saúde públicos estão disponíveis na região do Cabula, Tancredo Neves e entorno, além de receber dicas para desenvolver uma vida saudável. 

“Foi muito bom para absorver conteúdo. Aprendi em 28h o que não aprendi em 22 anos. Quis participar porque nunca imaginei ter um evento sobre inovação em Salvador. O networking foi muito bom. Os colegas do hackathon podem ser meus sócios um dia”, diz Lyzandra Figueiredo, 22, representante da D. Maria e aluna de Relações Internacionais da Unijorge.  Os outros projetos concluídos no Hackathon foram o site D'Umbigo Tour e o aplicativo Ocupap.

Sosthenes Macedo, diretor geral da Defesa Civil (Codesal), disse que o projeto mostra a importância da interação entre as universidades e a sociedade. “Esse é o papel primordial da academia, além do saber, e assim ela trará resultados reais para as comunidades da nossa cidade. As equipes da Codesal participaram dessas 28h com os alunos e profissionais para que os resultados fossem ainda mais relevantes para Salvador”.

O ex-senador e ex-ministro Waldeck Ornelas, mentor das Prefeituras-bairro, compareceu ao evento e ressaltou a continuidade da ideia iniciada no Hackathon. “É uma experiência extraordinária e interminável, porque ela vai sempre criando novas oportunidades, e é uma fonte inesgotável de soluções para problemas que são comuns a uma parte da cidade”.

Rodrigo Paolilo, CEO da Rede+, rede de serviços e espaço para empreendedores, se surpreendeu com os projetos. “As soluções são muito boas, muito criativas e têm bom potencial de aplicabilidade para a região. As equipes trabalharam duro, vamos trazer bons projetos para a cidade. Todos têm impacto social e são factíveis”, afirma.

"Esse evento fica registrado para a cidade de Salvador, e o Correio foi a nossa grande fonte", destaca Marback. A inspiração para a maratona criativa veio do Hackathon + Salvador, realizado durante o Fórum Agenda Bahia 2017, evento realizado pelo CORREIO. Naquela ocasião, foram 33 horas de maratona, onde os participantes se debruçaram em busca de ideias de impacto social para a capital baiana nas áreas de mobilidade, turismo, cultura/patrimônio, governança e vida empreendedora (economia criativa).