Sobe para oito o número de presos por ataques a bancos no Ceará

De acordo com a polícia, os cinco suspeitos estavam trafegando pela BR-116

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  • Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2018 às 20:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: O POVO

Subiu para oito o número de presos suspeitos de participação na tentativa de roubo a duas agências bancárias na cidade cearense de Milagres, na região do Cariri. O ataque deixou oito supostos criminosos e seis reféns mortos.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, mais cinco pessoas - três homens e duas mulheres - foram presas na noite desta sexta-feira (7) e levadas a uma unidade da Polícia Civil para realização de flagrante pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, por integrar organização criminosa e por favorecimento pessoal. 

De acordo com a polícia, os cinco suspeitos estavam trafegando pela BR-116 (via que liga os municípios de Juazeiro do Norte e Milagres), na tentativa de resgatar pessoas envolvidas no crime, que estariam escondidas na região. As buscas por outros suspeitos que participaram direta ou indiretamente no crime continuam em andamento.

A tentativa de roubo às agências do Banco do Brasil e do Bradesco ocorreu por volta das 2h30 de sexta-feira. A quadrilha estava com os reféns quando a PM chegou e, dizem testemunhas, houve intenso tiroteio. Cinco criminosos morreram no local e dois após serem atendidos em postos de saúde da região. Outro foi morto por policiais na cidade de Barro, a cerca de 100 quilômetros de Milagres. Os reféns, que teriam sido executados, foram enterrados na sexta-feira.

Ação Quando o empresário João Batista Magalhães, de 46 anos, saiu de casa para buscar a família, no aeroporto de Juazeiro do Norte, a ideia era passar o Natal juntos. Na ida, também estava o filho dele, Vinícius Magalhães, 14. Na volta, traziam a cunhada Claudineide (Neide) Campos de Souza, 42; o marido dela, Cícero Tenório dos Santos, de 60, conhecido como Baixinho; e o filho do casal, Gustavo Tenório dos Santos, de 13, o Guga. Os três vinham de São Paulo e haviam chegado a Juazeiro às 23 horas.

Mas o caminho foi interrompido para sempre. Os cinco inocentes foram feitos reféns e mortos na madrugada desta sexta-feira, 7, em tentativa de assalto a duas agências bancárias, uma do Banco do Brasil e outra do Bradesco, em Milagres, município a 482,7 km de Fortaleza.

Segundo apuração da Rádio O POVO/CBN Cariri, pelo menos 30 criminosos participaram da ação. Informações da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) dão conta de que houve outros nove mortos. Oito destes seriam criminosos. A nona pessoa morta também havia sido refém: Francisca Edneide da Cruz Santos, de 49 anos, natural de Brejo Santo.    Segundo o prefeito de Milagres, Lielson Landim, os reféns teriam sido usados como escudo humano pelos bandidos. 

O crime João, empresário do setor de informática, morava com a família em Serra Talhada, município do sertão pernambucano. Os cinco seguiam em automóvel quando foram surpreendidos pelos assaltantes na rodovia BR-116. Eles foram feitos reféns e obrigados a entrar em outro veículo, junto aos criminosos. Antes do assalto, a quadrilha entrou em confronto com a Polícia. Segundo testemunhas, o tiroteio foi intenso. Só os exames legais vão precisar a origem dos tiros que mataram a família.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o grupo criminoso roubou um caminhão, que foi usado para interditar a BR-116, no quilômetro 495, entre os municípios de Brejo Santo e Milagres. O bloqueio seria para atrasar a chegada da Polícia à Cidade. A via permaneceu bloqueada durante toda esta manhã e só foi liberada à tarde, conforme a PRF.

O velório das cinco vítimas ocorre ainda nesta sexta, na casa de homenagens póstumas Bezerra de Melo, na rua Afonso Godoy, no Centro de Serra Talhada. Segundo parentes, o empresário e o filho serão enterrados às 10 horas deste sábado, 8, no cemitério da cidade. Já o sepultamento da cunhada, o marido dela e o filho do casal ainda não foi definido. 

“Dor é o que eu sinto. Dor de não poder fazer nada. Dor de ver uma família destruída. Dor de perder pessoas especiais. Dor de não poder estar com vocês nesse momento. Dor de não poder abraçá-los. Dor de não poder viajar e sentir a felicidade de ver vocês. Dor de saber, que eu não vou receber mais a sua benção meu tio João. Dor de saber, que meu coração, nunca vai parar de doer! Vocês estarão sempre no meu coração, jamais vou esquecer. Que Deus nos dê forças para suportar esse momento tão triste!”, compartilhou Vanessa Ferreira, sobrinha de João, no Facebook.

Conforme noticiou O Estado de S. Paulo, os Magalhães estão entre os fundadores de Serra Talhada. De família tradicional, o empresário montou um comércio no sertão. A loja de informática amanheceu fechada nesta sexta.

O fotógrafo José Estevão, que foi criado junto com João Batista, contou ao Jornal do Commercio que encontrava com o amigo todas as manhãs em um espetinho próximo ao centro comercial. Ele descreve o empresário como brincalhão e diz que considerava ele como se fosse da família. "É uma coisa que a gente não acredita. Era um cara muito legal, a gente gostava muito dele", lamentou. 

O policial civil Cornélio Pedro era amigo de infância do empresário, com quem convivia. "São pessoas trabalhadoras, pessoas de bem. A gente fica triste e chocado com essa tragédia. A gente procura uma explicação e não consegue [entender]", lamentou.