Vamos fugir? Turismo na Ilha de Marajó tem paz e natureza exuberante

Ilha amazônica no Pará tem tranquilidade, pé no chão, comida de interior e conexão com a natureza

  • Foto do(a) author(a) Victor Villarpando
  • Victor Villarpando

Publicado em 31 de outubro de 2018 às 12:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Não é exagero dizer que Marajó é um destino para quem quer fugir. Sabe o que tem de melhor para fazer naquele pedaço de terra cercado pelo Oceano Atlântico e pelos rios Amazonas e Tocantins? Nada. E não ter que cumprir programação de coisa alguma vira uma grandessíssima delícia na companhia de natureza tão exuberante. A orla do Jubim é tranquilidade pura (Foto: Victor Villarpando) Viajei em busca exatamente disso. Pensei nos lugares onde pudesse curtir o máximo de tranquilidade. Não faltaram opções. São  40.100 quilômetros - uma bobaginha menos que a Suíça e que o Espírito Santo ou do que os estados de Sergipe e Alagoas juntos - de uma vida ao sabor das ondas do rio. Sim, por conta da proximidade com o mar, o rio lá tem ondas.

Cadastre seu e-mail e receba novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração, pets, tecnologia, bem-estar, sexo e o melhor de Salvador e da Bahia, toda semana:

Os dois maiores municípios da ilha, Soure e Salvaterra, têm pouco mais de 20 mil habitantes cada, de acordo com o censo de 2016 do IBGE. Escolhi o menor, Salvaterra. Lá, fugi do centro e fiquei num distrito chamado Jubim, uma vila de pescadores que fica à beira do Rio Jubiro. Sabe aquela vilinha em que todo mundo se conhece? É lá. O pôr do sol na orla do Jubim (Foto: Victor Villarpando) Onde fiquei No Airbnb (site de aluguel de casas, apartamentos e quartos por temporada), achei uma cabana muito simpática, com teto de palha trançada e paredes de barro. Bem na ponta do Jubim, na beira do rio. Não pensei duas vezes e reservei. A diária para até duas pessoas foi R$ 100, já com o café da manhã. As cabanas de Adelaide, no Jubim (Foto: Victor Villarpando) A dona, Adelaide, é uma paraense retada, que emigrou e trabalhou a vida inteira na França, onde conheceu o marido, o italino Ângelo. Depois de aposentados, eles escolheram Marajó para chamar de lar. Plantam verduras e frutas, criam búfalos e galinhas, fabricam o pão e a manteiga que comem...  E recebem turistas com os braços abertos.

O café da manhã, nem preciso dizer, é uma delícia. O chá de canela é feito com as folhas e a casca de uma árvore que pode ser vista da mesa. Para compartilhar do almoço com a dupla, o preço foi de R$ 13 por pessoa. O café da manhã de Adelaide (Foto: Victor Villarpando) No dia em que optamos por comer em casa, tinha carne de búfalo cozida com batatas, purê de aipim com manteiga de coco (sensacional, feita pelo próprio Ângelo), arroz e salada de alface com tomate. Comida simples e deliciosa como poucas que comi na vida. O Jubim é uma vila de pescadores em Salvaterra, na Ilha de Marajó (Foto: Victor Villarpando) Na praia em frente à casa dá para tomar banho na companhia de Kane, cachorro supercompanheiro e bem disposto. Caminhando pela orla, esbarramos com os moradores mais famosos da ilha, os búfalos. Contam os moradores que um barco cheio naufragou perto e eles conseguiram nadar até lá.Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração, tecnologia, pets, bem-estar e as melhores coisas de Salvador e da Bahia: Os bichos puxam carroças, levam (os poucos) turistas para passear ou podem apenas estar curtindo sombra e água fresca. O cenário, com muita água, barquinhos coloridos e árvores de raízes gigantescas, impressiona. Cair na água é bom. Mas observar o ir e vir dos bichos e das (poucas) pessoas deitado numa rede perto da beira do rio é muito melhor. A maniçoba de Adelaide é feita na fogueira (Foto: Victor Villarpando) Ainda em Salvaterra, para quem quiser chegar mais perto dos búfalos, o passeio  custa R$ 30 por pessoa, na Pousada dos Guarás (91 4005-5656). No caminho, que demora cerca de uma hora para ser percorrido lentamente, tem mangue, praia e floresta. O sítio de Adelaide fica pertinho do Rio: tem balanço e um frondoso pé de jambo (Foto: Victor Villarpando) Os búfalos são mansinhos e vagarosos. Mas, ainda que você não queira chegar perto deles, recomendo dar uma chance à carne e aos derivados. O queijo é um dos melhores que já comi: saboroso, leve e extremamente macio. Há pontos de venda pelas ruas de Soure e também no Porto de Camará, em Salvatera. Custa cerca de R$ 20. Não dá para visitar Marajó sem passear com os mais famosos habitantes da ilha, os búfalos Em Soure

Principal cidade da ilha, Soure tem planejamento urbano tipo Manhattan, coração de Nova York: as ruas não têm nomes, sendo conhecidas por números. Então, não estranhe se alguém te der como endereço algo tipo “no cruzamento da quinta com a dezesseis”. A praia da Barra Velha, em Soure (Foto: Victor Villarpando) Para chegar, a partir de Salvaterra, é preciso pegar um barquinho chamado rabeta, cuja passagem custa R$ 5 por pessoa e tem saídas dezenas de vezes por dia. A praia da Barra Velha é coloridíssima (Foto: Victor Villarpando) Do lado de lá do rio Paracauari, é só caminhar cerca de 30 minutos até a praia da Barra Velha. Se a caminhada for entre 10h e 15h, pode valer a pena pegar um táxi para se poupar do sol. Por R$ 50,  tem que pechinchar bastante, o taxista Junior Eleres (91 98533-4081) te leva e traz de volta ao terminal da rabeta. As barracas da Barra Velha são lindas (Foto: Victor Villarpando) No caminho, de preferência na volta, pare no ateliê Arte Mangue Marajó, que tem esculturas de madeira e cerâmica marajoara. Dá para comprar desde vasos e máscaras a pequenos ímãs de geladeira, tudo no estilo da ilha. Mais uma barraca da Barra Velha (Foto: Victor Villarpando) A praia é uma força da natureza. Difícil chegar a ela e não ficar embasbacado com o cenário. A areia, dourada, ajuda a realçar o azul do céu e contrasta lindamente com as raízes imensas das árvores da beira do rio. A Barra Velha (Foto: Victor Villarpando) As barracas são coloridíssimas, excelentes cenários para fotos. Pode se preparar, porque as melhores selfies vão ser feitas nessa praia. Inclusive, tem uma barraca, toda pintada com as cores do Esporte Clube Bahia. A comida da barraca Salve Jorge é uma delícia: a porção de peixe Filhote é uma delícia (Foto: Victor Villarpando) Passei o dia na Salve Jorge. Cerveja geladíssima a partir de R$ 5 a garrafa de 600 ml, atendimento simpático e comida gostosa. Vale provar a casquinha de caranguejo (R$ 10), que tem um sabor diferente da nossa. A porção de queijo de búfala com azeitonas é R$ 20. Os pratos principais, derivados de peixe, são fartos. As raízes das árvores deixam a praia com um visual superdiferente (Foto: Victor Villarpando) Prove o Filhote, um dos mais típicos do norte do Pará. É imenso, tenro, saborosíssimo e não tem espinhas. Assado com arroz, feijão, farofa e vinagrete foi R$ 60 e serviu superbem duas pessoas. Se prepare, porque só aceita dinheiro.  

Natureza selvagem

Diversas pessoas fizeram o mesmo alerta: cuidado com as arraias. Os peixes ficam sob a areia, camuflados, e podem ferroar pessoas que pisam neles. E dizem que a dor é grande. Adelaide me garantiu que preferia parir mais uma vez do que ser picada novamente por uma arraia. Então, vale o cuidado de entrar na água arrastando os pés para espantá-las. Ou ainda bater um pedaço de madeira no chão antes de pisar.

Como chegar

Se não há voo direto de Salvador para Belém (PA), imagine para Marajó. O trajeto mais rápido para a capital paraense demora 4 horas e 20 minutos e inclui uma parada em Fortaleza (pela Gol). Mas há também opções com paradas em Recife ou Belo Horizonte (Azul).

Em Belém, dá para comprar a passagem para a ilha no Terminal Hidroviário  Luiz Rebelo Neto. O trajeto de catamarã até o Porto de Camará, em Salvaterra, demora entre 1 hora e meia e 2 horas e custa pouco mais de R$ 40, já contando com a van que vai te levar até a porta de sua hospedagem. O sorvete da Cairu é um espetáculo (Foto: Victor Villarpando) Aproveite que o terminal fica perto de lugares incríveis, do tipo que não dá para ir a Belém sem conhecer. É o caso do Mercado Ver o Peso, que é tipo uma Feira de São Joaquim, cheia de coisas incríveis do Pará para comer e levar na mala.

A Estação das Docas também vale a parada, seja para tomar um sorvete da Cairu, com sabores de frutas locais como Bacuri, Uxí, Cupuaçu e Açaí, seja para tomar uma cerveja na Amazon Beer.