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Jorge Gauthier
Publicado em 11 de outubro de 2019 às 05:30
- Atualizado há 2 anos
Pelas ruas da Bahia ninguém tinha dúvida: Irmã Dulce era gigante, apesar dos 1,47 m de altura física. E nesta quinta-feira (10) ela ficou ainda maior. Pela manhã, quando entrei pela primeira vez na Praça de São Pedro, no Vaticano, e vi a foto de Irmã Dulce, fiquei estático. A voz embargou e a pele arrepiou. >
Confira o especial Pelos Olhos de Dulce>
Pesquiso sobre a vida dela desde 2011. Sempre ouvi que ela fazia de tudo para estar onde os seus pobres e doentes precisavam que ela estivesse. Aquela janela é, sem dúvidas, mais um desses lugares. Dulce odiava holofotes e certamente se incomodaria com tanta parafernalha em seu nome. Na verdade, ela só ia se acalmar quando percebesse que isso iria ajudar suas obras.>
Fiquei parado uns 5 minutos olhando a bandeira tremular pela força do vento. Me sentei no chão e comecei a observar a reação das pessoas diante das imagens dela e dos outros quatro beatos que também vão virar santos no domingo (13). Mesmo aqueles que não sabiam quem era ela não ficavam impávidos diante do seu semblante estampado no tecido. >
As janelas da Basília de São Pedro, agora, 27 anos após sua morte, amplificam a sua voz. Quando eu tive que explicar para a empresária alemã (obrigado, Google) quem era Irmã Dulce, percebi que o que está acontecendo diante dos meus olhos é maior do que aquilo que eu estava enxergando. >
Helena Muller - empresária da indústria têxtil em Berlim - ficou extasiada quando eu lhe disse que Dulce, por 30 anos, dormiu em uma cadeira, e que passou quase 70 anos dedicados à caridade. Os olhos dela se encheram de lágrimas. ‘Era uma santa de verdade. Preciso ajudar a obra dela a seguir’, prometeu a católica naquilo que deve ser - para quem acredita - o real motivo de Dulce: ocupar aquele lugar, naquela janela, para se tornar santa no próximo domingo e atrair mais ‘ajudantes’ para as Obras Sociais Irmã Dulce. >
A religiosa conseguiu, durante seu período na terra, levar o nome da Bahia para espaços nunca antes vistos. Agora, isso se torna maior. Na ‘vitrine’ da santidade vejo que o Anjo Bom da Bahia ganhou asas para mundo conhecer seu trabalho e dedicação. E isso vai além da religião. Dulce era maior que isso também .>
* Jorge Gauthier é chefe de reportagem do CORREIO e está em Roma para fazer a cobertura da canonização de Irmã Dulce>
* O projeto Pelos Olhos de Dulce tem o oferecimento do Jornal CORREIO e patrocínio do Hapvida.>