Contatos imediatos: conheça redes que favorecem interação e inovação para melhorar o mundo

Na Bahia, o Instituto Chapada trabalha há 20 anos por educação pública de qualidade, unindo comunidade escolar, pais e gestores municipais

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  • Andreia Santana

Publicado em 18 de setembro de 2017 às 03:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/ICEP

Com pouco menos de 17 mil habitantes, segundo estimativas de 2016, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ibitiara, na Chapada Diamantina (distante cerca de 550km de Salvador), apresenta a nota 6,5, a maior da Bahia, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). E ostenta um percentual de 93% de estudantes plenamente alfabetizados no 2º ano do Ensino Fundamental. Esses índices vitoriosos não seriam possíveis se uma ampla rede de colaboração não tivesse conectado comunidade escolar, pais e gestores municipais em torno do objetivo em comum de melhorar a qualidade do ensino público. 

A tecnologia que tornou possível a mudança de paradigma na educação municipal desta e de outras cidades baianas chama-se Territórios Colaborativos e foi desenvolvida pelo Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (ICEP), com sede em Seabra e escritório de apoio em Salvador, onde a entidade também atua nas escolas da prefeitura. Essa tecnologia é um exemplo de ideia inovadora que gera transformação social, demonstrando como as conexões, desde recursos digitais até a articulação comunitária, são poderosas ferramentas para agregar pessoas em torno da construção de um mundo melhor.

Conexões é o nome do próximo seminário do Fórum Agenda Bahia 2017, que acontece em 27 de setembro, das 8h às 18h, no Senai Cimatec (Av. Orlando Gomes, 1845, Piatã). As inscrições para o evento são gratuitas e podem ser feitas no site: www.correio24horas.com.br/agendabahia/conexoes/.

A presidente do ICEP, Cybele Amado, estará no evento, juntamente com Marcela Sabino, diretora do Museu do Amanhã (Rio de Janeiro), para apresentar o painel Novas Conexões. De acordo com Cybele, o desafio de estabelecer o diálogo entre os diferentes atores do setor de educação é vencido pelo desenvolvimento conjunto dos projetos. “Opinar é diferente de participar.  A ideia é que nada seja imposto de cima para baixo, mas construído por todos os envolvidos”, explica.

Aprendizado Social 

Os Territórios Colaborativos trabalham para fortalecer as redes municipais de ensino a partir da formação continuada de professores, implementação de políticas públicas e mobilização social, enumera Cybele Amado, que acredita em tecnologia a serviço do conhecimento. Para ela, a aprendizagem não pode reproduzir o mesmo modelo veloz da chamada sociedade da informação. “Temos de nos mobilizar pela sociedade do conhecimento, mas conhecimento requer tempo, silêncio e reflexão”, filosofa. "E interação", acrescenta, lembrando que a globalização e a tecnologia abriram o mundo e com isso, reconfiguraram a escola. 

“As crianças e jovens hoje sabem onde existe toda informação e conhecimento disponíveis. No entanto, a escola ainda é necessária como um lugar social. A aprendizagem é singular e individual, mas precisa da interação. O desenvolvimento acontece na interação”, pontua.

Protótipos do porvir

Interação e experimentação estão no DNA tanto das escolas atendidas pelo ICEP quanto nos centros de pesquisa da indústria, como o Senai Cimatec, na Bahia, local que inclusive vai sediar o seminário Conexões. Para Flávio Marinho, gerente de Tecnologia e Inovação, a realização do simpósio no Cimatec é oportuna. "Durante o evento, podemos nos conectar e reforçar o diálogo com os parceiros regionais".

A experimentação também está na origem do Laboratório de Atividades do Amanhã, no carioca Museu do Amanhã, que cria projetos para aproximar o futuro do agora, como diz Marcela Sabino. A diretora do museu, que é estudiosa do impacto social das tecnologias exponenciais, como inteligência artificial, fabricação digital, robótica e internet das coisas, explica que no centro de pesquisas, as experimentações conectam as tecnologias tradicionais e exponenciais para criar um porvir mais social e sustentável.  No Museu do Amanhã, a divulgação científica anda de braços dados com a experimentação em um ambiente inovador e colaborativo (Foto: Divulgação) Ela acrescenta que pensando em conjunto nesses ‘protótipos de futuro’, estão engenheiros, artistas, biólogos, cientistas, pesquisadores e desenvolvedores de software, gente que fala línguas diferentes, mas que se une a partir do desejo comum de inovar. 

Entre os projetos já criados, o de Tecnologia na Moda elaborou roupas inteligentes e com sensores que, "além de proteger, funcionam como uma interface entre quem usa e o mundo, numa interação do corpo com o ambiente", conceitua a especialista, que vai mostrar esse trabalho no seminário da próxima semana.

Graça Machel, quando esteve em Salvador, no dia último dia 05, para o Fronteiras Braskem do Pensamento, endossou a receita que o ICEP, o museu do Rio ou o Cimatec baiano já praticam: “devemos nos conectar para potencializar o alcance de nossas ações”.

Ciência e indústria conectadas

Criado há 15 anos, o Cimatec é reconhecido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), do Ministério da Educação (MEC), como a melhor instituição de ensino superior em Engenharia no Norte/Nordeste. Mas, a importância da entidade vai além de formar mão de obra altamente qualificada. Um dos principais papéis do centro de pesquisas, diz o gerente de Tecnologia e Informação Flávio Marinho, é atender às demandas da indústria por inovação, estabelecendo a ligação entre esse setor e as pesquisas de ponta.  Centro de pesquisas e universitário Senai Cimatec, em Piatã, vai sediar o seminário Conexões, em 27 de setembro (Foto: Divulgação/FIEB) O Cimatec atua ainda no fomento a novas empresas e desenvolvimento de negócios. Para isso, alimenta uma rede formada por alunos, pesquisadores, inventores, empresas e investidores, atuando também no elo entre novos empreendedores e o meio empresarial. 

“O Cimatec funciona favorecendo um ecossistema de inovação. Os alunos percebem oportunidades durante os cursos, inventores buscam nossos laboratórios, recebemos visitas de investidores de risco captando projetos, empresas chegam para estabelecer parcerias e o processo de aceleração de startups funciona também na validação de ideias”, enumera Flávio.

No total, são quase sete mil alunos divididos entre os cursos técnicos e de nível superior, que abrange graduação, especialização, mestrado e doutorado.  Por ano, o centro de pesquisa desenvolve cerca de 50 projetos de pesquisa e a incubadora de base tecnológica apoia 45 startup

Na era ultraveloz, reinvente-se

Na trajetória como professor, gestor de carreiras e leader coach, Fábio Rocha percebeu que as pessoas ainda esquecem o caráter humano de toda forma de conexão e nem sempre visualizam com clareza a estrutura emocional ou tecnológica que dá suporte e favorece a convivência e a reinvenção constante.

“Hoje, as mudanças são muito mais rápidas do que quando eu tinha 20 anos (ele agora tem 45) e, em um futuro próximo, 65% das profissões ou vão se reinventar ou extinguir. Com a entrada da Inteligência Artificial (IA) em diversas áreas, substituindo as pessoas, temos de ajudar essas pessoas a entenderem em que modelo elas funcionam, incentivando que estejam receptivas a mudar”, pondera o especialista, que será um dos palestrantes do seminário Conexões, com o tema Mindset digital - a mudança de mentalidade das pessoas e das organizações.

Para estar conectado, seja com outros seres humanos, nas redes sociais ou mesmo na ligação entre sistemas, Fábio Rocha defende que é preciso clareza. “Você tem de saber quem é, para definir para onde vai. O ser humano não pode se tornar um robô de qualidade inferior àquela das IAs, mas usar a criatividade e a singularidade inerentes à nossa natureza”, afirma.

Por isso, na opinião do gestor de carreiras, é mais importante saber interagir do que estar simplesmente conectado. Para ele, estabelecer redes mais eficientes é uma questão comportamental e que exige autoconhecimento. 

“Quem não tem estratégia, torna-se refém da estratégia do outro e nem sempre isso é bom. Muitas das revoluções que estão ocorrendo, além de muito rápidas, são silenciosas e chegam de surpresa, então é preciso inteligência emocional, equilíbrio e capacidade de se reinventar seja aos 20 ou aos 60”, acrescenta.

O Fórum Agenda Bahia 2017 é uma realização do CORREIO, com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador (PMS), Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) e Rede Bahia; patrocínio da Braskem, Coelba e Odebrecht; e apoio da Revita.