Três bairros ficam sem ônibus após ataques na Santa Cruz e Rio Vermelho

Não há previsão de quando o serviço será normalizado

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  • Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2017 às 09:27

- Atualizado há um ano

Moradores dos bairros da Santa Cruz, Vale das Pedrinhas e Nordeste de Amaralina, em Salvador, estão sem ônibus nos finais de linha após dois coletivos terem sido queimados na tarde desta quarta-feira (25). O ataque ocorreu depois da morte de Erivelton Santana dos Santos, 22 anos, em uma ação da Polícia Militar na Santa Cruz.

De acordo com informações do vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários, Fábio Primo, não há previsão de quando o serviço será normalizado. Até lá, os ônibus da Santa Cruz estão usando como final de linha o Parque da Cidade, enquanto que os do Vale das Pedrinhas estão parando na Rua do Canal, no Rio Vermelho, e os que têm como destino o Nordeste de Amaralina param na Rua Visconde de Itaborahy, em Amaralina.

O cobrador Rafael Oliveira dos Santos permanece internado com queimaduras nas pernas e nos braços, após ataque que deixou um ônibus parcialmente destruído no Rio Vermelho, na tarde desta quarta. O rodoviário tem problemas de locomoção e, por isso, segundo Primo, demorou de descer do coletivo. O quadro de saúde dele é estável.

Moradores assustados Nas primeiras horas da manhã desta quinta (26), o comércio permanecia fechado na Santa Cruz, mas, aos poucos, já por volta das 9h, era possível ver alguns comerciantes abrindo as seus estabelecimentos. Assustados, moradores evitavam falar sobre a ação policial do dia anterior.  Policiamento segue reforçado nos bairros, após o ataque a ônibus (Foto: Divulgação/SSP) No final de linha do bairro, motoristas particulares transportavam moradores até o ponto de ônibus montado no Parque da Cidade. Alguns motoristas estavam cobrando R$ 18 para deixar os passageiros na região do Iguatemi. "A gente já faz esse transporte todos os dias, mas quando acontece essa situação, a população acaba procurando mais o nosso serviço", conta o motorista Antônio da Silva, 69 anos.

Além da falta de transporte, os moradores reclamavam ainda das ações policiais na Santa Cruz. "Estamos revoltados. A gente está em casa e, do nada, começa a escutar as trocas de tiros. Eles (policiais) abusam", afirma um comerciante do final de linha.  Equipes da Patamo reforçam o policiamento na Santa Cruz (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) O comércio do Nordeste de Amaralina permaneceu funcionando durante toda a manhã desta quinta. No final de linha do bairro não havia nenhum ônibus, mas mototaxistas davam conta de transportar os moradores até os pontos de ônibus da orla. "O transporte está zerado, não tem nenhum ônibus. Eles pararam de rodar no final da tarde", diz a comerciante Inês Silva, 64.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que equipes da Companhia de Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) do Batalhão de Choque da PM iniciaram, na madrugada desta quinta, ações de reforço do patrulhamento ostensivo na Santa Cruz e adjacências.

Os militares dão apoio às equipes das Rondas Especiais (Rondesp) Atlântico, Operação Gêmeos e do Pelotão Especial Tático Ostensivo (Peto) da 40ª CIPM/Nordeste de Amaralina, que seguem no local desde a véspera. 

 “Colocamos a Patamo no terreno para dar um suporte às ações que já vem sendo desenvolvidas pela 40ª CIPM. Bom deixar claro que parentes de traficante, que se beneficiam com dinheiro ilícito, não intimidarão a atuação das forças de segurança com queima de ônibus. Sabemos que 99,9% da população de bem da Santa Cruz está do nosso lado, dando apoio e incentivando como foi na última ocupação”, declarou o comandante do Policiamento Especializado (CPE) da PM, coronel Humberto Sturaro. 

O oficial acrescentou que por determinação da cúpula da SSP e do Comando-Geral da PM, o reforço na região segue por tempo indeterminado. “A Polícia Civil está trabalhando para identificar os integrantes da quadrilha de Erivelton que atacaram os coletivos e as equipes da PM estão em campo dando total apoio”, concluiu.