Saiba como impulsionar negócios através da economia criativa

Potencial cultural da cidade serve de insipiração para empreendedores criativos

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  • Maysa Polcri

Publicado em 12 de agosto de 2023 às 05:00

Painel 'Economia Criativa' teve a participação da chef Tereza Paim e do maestro Carlos Prazeres
Painel 'Economia Criativa' teve a participação da chef Tereza Paim e do maestro Carlos Prazeres Crédito: Paula Fróes

Medicina, direito e engenharia. Atire a primeira pedra quem nunca ouviu que escolher uma dessas áreas é garantia para um futuro estável e uma carreira de sucesso. O que era senso comum, no entanto, é cada vez mais superado por quem rompe padrões tradicionais e aposta na economia criativa. Em uma cidade como Salvador e sua gigantesca efervescência cultural, as possibilidades de inovar no mercado surgem em setores como culinária, música, audiovisual e artesanato.

Construir formas de negócio que aproveitem o máximo do potencial intelectual dos indivíduos é o principal pilar da economia criativa. As ideias que impulsionam os empreendedores desse setor surgem, em geral, de inquietações vividas no cotidiano. Mas, para entrar de vez no caminho criativo, é preciso ficar atento às oportunidades de negócios e não ter medo de se arriscar.

A junção desses dois fatores fizeram com que a chef de cozinha Tereza Paim começasse a dar as caras nas redes sociais. Com mais de 25 mil seguidores no Instagram, a chef do restaurante Casa de Tereza utiliza a plataforma para ensinar receitas e se conectar com as pessoas interessadas no seu conteúdo. Com isso, ela gera engajamento e ainda compartilha conhecimento para a comunidade.

Para Tereza Paim, que antes de enveredar pela gastronomia trabalhava com telemarketing, a economia criativa está intimamente ligada com a troca de ideias. “Generosidade e humildade são as essências desse mercado e compartilhar conhecimento também é aprender com os outros. Manter a mente aberta para criar a melhor forma de fazer o que você já faz é, para mim, o real significado de economia criativa”, afirma.

Através da loja virtual Tabuleiro da Chef, Tereza Paim exporta ingredientes tradicionais, como farinha, azeite de dendê e pimenta, para os Estados Unidos, França e Inglaterra. O que é exportado vêm, em grande parte, de produtores artesanais da Bahia, que têm seus negócios impulsionados através de uma rede movida pela criatividade.

Apesar de promissora, a economia criativa ainda tem obstáculos a serem superados. Entre eles, a maior integração entre pequenos e grandes negócios para garantir uma rede economicamente viável para o máximo de pessoas possíveis. A dificuldade foi um dos temas abordados no painel ‘Economia Criativa’, apresentado na programação do Agenda Bahia, na sexta-feira (11).

Além da chef Tereza Paim, participaram da discussão o maestro da Orquestra Sinfônica da Bahia Carlos Prazeres, o secretário de Cultura e Turismo Pedro Tourinho, e o presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro, que mediou o diálogo sobre as formas não tradicionais de fazer negócios.

Menos desigualdade

Se bem pensada, a economia criativa pode ajudar a diminuir a desigualdade social. É o que acredita Pedro Tourinho. “Hoje a economia criativa é, no Brasil, maior do que o setor automobilístico e representa 3% do produto interno bruto (PIB). Mas as cidades que têm maior força na economia criativa no mundo, são também as mais desiguais. Hoje, a economia criativa dá muito dinheiro para poucos, mas isso precisa ser capilarizado”, afirma o secretário.

O maestro regente da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), Carlos Prazeres, é exemplo de como é possível conectar uma rede de negócios diversos através da arte. Com o projeto Osba na Estrada, a orquestra faz parceria com prefeituras de cidades do interior e movimenta os comércios locais com apresentações inéditas. Em Salvador, a diversidade de espaços em que a orquestra se apresenta também coloca a engrenagem da economia circular para funcionar.

“Percebo que fomentar a sociedade é um movimento importante. Quando a orquestra se apresentou na biblioteca dos Barris, mesmo que não seja a sala perfeita, os bares ao redor ficaram lotados porque as pessoas foram ver a Osba”, diz Carlos Prazeres.

Pode ser através da arte, gastronomia, audiovisual ou entretenimento, o que importa é que a economia criativa não para de crescer. Em 2022, o setor gerou 308 mil postos de trabalho do que no ano anterior e atingiu a marca de 7 milhões de trabalhadores em empregos formais e informais no Brasil, de acordo com uma pesquisa do Observatório Itaú Cultural.

Na Bahia, os dados mais recentes sobre o segmento indicam que o valor agregado da economia criativa saltou de R$4,2 bilhões, em 2011, para R$7,86 bilhões, em 2018, segundo a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).

Para ter sucesso com a economia criativa, não basta o potencial intelectual. É preciso olhar ao redor e transformar em oportunidade o que a cidade oferece. “É preciso compreender que a Bahia e Salvador possuem linguagem específica e esse é o nosso grande capital da economia criativa. Não estamos criando negócios em um lugar sem fisionomia e patrimônio, pelo contrário, Salvador é uma cidade riquíssima”, defende Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos (FMG).

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