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De quem são esses dados? Veja dicas para proteger suas informações pessoais


 

Startups discutem impacto da Nova Lei Geral de Proteção de Dados na relação com o cliente e no negócio

  • Priscila Natividade

Publicado em 10/10/2019 às 06:00:00
Atualizado em 20/04/2023 às 09:03:07
. Crédito: Foto: Marina Silva/ CORREIO

O consumidor não precisa nem se imaginar em um episódio de uma destas séries futuristas famosas. É só fazer uma simples busca por algum produto ou serviço na Internet que ele vai deixar ali um rastro não só do seu comportamento de consumo, mas também dos seus dados pessoais. Afinal, quem nunca se admirou com uma ligação de um call center de uma empresa da qual sequer havia comprado alguma coisa antes? Os dados são pessoais, mas na verdade, muitas destas informações acabam sendo compartilhadas sem que este mesmo consumidor perceba. 

No entanto, primeiro é preciso conhecer o ‘Chico’. O assistente pessoal é um robô criado pelo marketplace E-rural para ajudar o pecuarista a comprar um boi pela internet - sim, isso é possível. Ao entrar no site, o Chico vai começar a conversar com esse possível comprador e tentar ajudá-lo naquilo que ele procura. Ao mesmo tempo em que o robô se mostra como um atendente prestativo, ele está ali coletado dados sobre as necessidades daquele produtor em particular. 

“De 10 ligações que a equipe de vendas faz, em pelo menos oito delas a compra é efetivada. O Chico é um exemplo claro de aplicação de robôs no atendimento para melhorar a performance das pessoas. A gente desenvolveu a plataforma que permite que a operação seja feita pela internet, mas que quando isso não acontece ela deixa acessar informações para que a gente possa fazer esta venda no mundo físico”, pontua o CEO do E-rural, Matheus Ladeia, um dos participantes do painel, Do Robô ao Roubo de Dados: As Novidades na Educação, na Agropecuária, na Construção Civil e na Saúde. O painel  discutiu os desafios das empresas para implementar a Lei Geral da Proteção de Dados (LGPD).

Também participaram do debate, o CEO da Abitat, Silas Cunha, a sócia da Hackel, Ana Carolina Monteiro, e o sócio da REP Educa, Vicente Vale. Com previsão para entrar em vigor em agosto do ano que vem, as regras da LGPD passam a exigir que as empresas informem porque estão coletando  dados pessoais e o que irão fazer com eles. O cliente passa a ser seu próprio ‘antivírus’ antes de ser bombardeado por informações das quais não tem interesse. A ele cabe decidir  se quer ou não compartilhar suas informações pessoais, tanto para empresas públicas como privadas. 

“Trabalhamos com chatbots e IoT (Internet das Coisas), ambos captando dados para melhorar a performance de negócios. A lei é muito importante. A gente precisa regulamentar toda essa parte de tecnologia. Dados é o que move o mundo hoje. Tudo é baseado em dados”, destaca a  sócia da Hackel, Ana Carolina Monteiro.

Ainda que os dados sejam matéria-prima destas startups e moeda mais disputada pelo mercado do que se pensa, quem quiser manter a competitividade do seu negócio vai ter que investir em tratar - e muito bem - as informações que coleta do consumidor, como avalia o CEO da construtech Abitat, Silas Cunha.

“As empresas que se importarem com os dados dos clientes vão sair na frente. Quem souber guardar e tratar esses dados vai ganhar mais competitividade ainda. É importante no mundo atual, onde tudo está conectado – aplicativos, redes sociais –, você saber de alguma maneira  guardar e tratar esses dados para que  eles não caiam na mão de pessoas que não são confiáveis”. 

Adaptação

Se o mundo dos negócios está cada vez mais aberto aos bots,  realidade aumentada, inteligência artificial e  internet das coisas, saber como, onde, quando e por que usar os dados vai exigir uma atenção cada vez maior, seja qual for o porte da empresa. Para o sócio da REP Educa, Vicente Vale, a adaptação é urgente. 

“O mundo não está mudando. O mundo já mudou. LGPD é algo necessário e sem volta. Os dados geram informação e quem tem a informação tem o poder. A estratégia é usufruir das sugestões e exigências da lei para estruturar e utilizar isso como diferencial para o seu cliente, gerando credibilidade, seriedade e profissionalismo no serviço/produto ofertado”, completa. 

Após a Rep fazer uma imersão em uma das escolas municipais localizadas no bairro da Boca do Rio, em Salvador, o uso dos dados de diagnósticos - que ajudaram a pensar na melhor proposta de gameficação e atividades -  ajudaram a reduzir o nível de alunos classificados como estágio ‘muito crítico em 17%’.

“Conseguimos também melhorar o nível de  alunos de crítico para nível básico e o mais interessante é que o nível de aluno no adequado, a gente conseguiu praticamente quintuplicar. Essa evolução só foi possível com o uso destes dados de forma estratégica”.   

Segurança

Quanto maior a inserção da tecnologia nas preferências, buscas e relações do consumidor no mundo digital, maior o risco de golpes e roubo destes dados, que podem, inclusive, ser sequestrados. De acordo com números do HP Security Research, 70% dos dispositivos têm falhas de segurança e são vulneráveis a ataques de hackers. 

“Há situações em que o resgate de dados chega a custar algo em torno de mil dólares, no mínimo. Estamos falando de um cenário onde os ataques chegam a crescer 350% ao ano. Tudo isso mostra o quanto é fundamental não só que o nosso mercado se adapte à nova lei com agilidade, mas que o consumidor também proteja seus dados pessoais”, alerta Ana Carolina. 

O Fórum Agenda Bahia 2019 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Sotero Ambiental, apoio institucional da Prefeitura de Salvador, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) e Rede Bahia e apoio da Braskem e DD Education. 

PROTEJA SUAS INFORMAÇÕES

Senhas Crie senhas fortes. Evite usar datas de aniversário, números de documentos como identidade ou CPF. Não crie códigos com combinações fáceis ou sequenciadas. 

Redes Sociais As redes sociais acabam compartilhando muitos dados sem que o consumidor sequer perceba que vai muito além de uma postagem. Por isso, é importante limitar as informações pessoais na rede, principalmente como dado ‘público’. 

Fique atento Com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) que entra em vigor em agosto no ano que vem. Com ela, as empresas precisam informar: a) por que precisam coletar e tratar os dados; b) por quanto tempo ocorrerá a coleta e tratamento; c) se haverá compartilhamento destes dados e com quem.

Solicitação de compartilhamento  Há outro ponto que é preciso ficar alerta, sobretudo nas redes sociais como Facebook e Whatsapp. Se a mensagem exigir que o link seja compartilhado, provavelmente é uma mensagem maliciosa.

Antivírus atualizado  Tenha fontes de proteção sempre ativas e atualizadas em todos dispositivos que contam com acesso à internet, principalmente o celular. Busque um antivírus que seja capaz  de detectar  e alertar quanto ao acesso a links maliciosos e páginas falsas. 

Pedidos de dados pessoais  Sempre desconfie se receber, por exemplo, de um e-mail ou mensagem, pedido de envio de seus dados pessoais. Nem banco nem cartão de crédito costumam solicitar essas informações por estes canais, muito menos por telefone.  

Wifi  Evite fazer transações bancárias utilizando wifi público. Só use conexões confiáveis.