Lázaro Ramos e Érico Brás gravam vídeo sobre o Cabaré; assista
Atores que integraram espetáculo do Bando de Teatro Olodum falam sobre a atualidade da montagem
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Laura Fernades
laura.fernandes@redebahia.com.br
“É péssimo saber que Cabaré da Rrrrraça está completando 20 anos tendo que falar de comportamentos enraizados na nossa sociedade, que me dão quase certeza de que parece utópica a nossa vontade de acabar com essa desigualdade que insiste em nos acompanhar”, lamenta o ator Érico Brás, 38 anos, que integrou o Bando de Teatro Olodum e fez parte da peça que completa duas décadas nesta terça (8/8).
Formado no Bando de Teatro Olodum - que lhe deu reconhecimento nacional como o taxista Reginaldo do filme Ó Pai Ó -, o artista venceu recentemente uma ação de racismo e dano moral, no valor de R$ 35 mil, contra a empresa Avianca. A conquista veio após Érico ter sido retirado de um voo em março do ano passado, em Salvador.
“Cheio de atitude, Cabaré mostra desde a década de 90 como o Brasil trata seus negros, sem considerá-los parte dessa nação; sem corrigir os erros cometidos durante a história e aumentando o número de execuções pela cor, afirmando assim, o genocídio vigente no Brasil”, critica Érico, cuja trajetória na televisão inclui papéis na novela A Lei do Amor e em programas como Tapas & Beijos e Zorra Total.
Eleito junto com a mulher Taís Araújo como o casal mais poderoso da televisão brasileira, Lázaro Ramos, 38, lembra que Cabaré foi responsável por dar uma projeção individual aos atores do Bando e que o espetáculo o transformou. “É um espetáculo do qual me orgulho muito em ter feito parte desde o princípio, do pensamento dos primeiros textos, em um momento que a gente ressignificou o que significava colocar esse corpo negro em cena”, elogia Lázaro.
Na peça, Lázaro interpretou o estudante de mestrado Wensley, que questiona o que é ser negro no Brasil e bate de frente com todos os personagens alienados da peça. Érico, por outro lado, viveu Luciano Patrocinado, o cara bonitão que só usava roupa de marca. Seu papel levanta questionamentos e atravessa temas como “machismo, racismo, homofobia e a cegueira pelo sucesso instantâneo sem consciência política”, ressalta Érico.
Ao destacar o poder do teatro feito pelo Bando de Teatro Olodum, Lázaro se enche de orgulho e não esconde: “grupo do qual eu faço parte até hoje, estou emprestado ao mundo. Comemoro alegremente esse espetáculo, assim como comemoro tudo o que o Bando faz. Todo o amor pra vocês, meus irmãos, meus amigos do Bando de Teatro Olodum, meus primeiros ídolos. Os primeiros atores que admirei na vida”.