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Oscar Quiroga prevê risco de confronto e radicalização em 2018


 

Coluna do astrólogo voltará a ser publicado no CORREIO a partir de 9 de janeiro

  • Da Redação

Publicado em 30/12/2017 às 06:10:00
Atualizado em 17/04/2023 às 21:51:08
. Crédito: divulgação

Depois de um hiato de pouco mais de dois anos, os leitores do CORREIO vão voltar a acompanhar os estudos do astrólogo Oscar Quiroga,  que voltará a ser publicado diariamente pelo jornal (na versão digital também) a partir de 9 de janeiro.

O argentino de 60 anos, que veio para o Brasil em 1978, começou a estudar astrologia como autodidata. Depois de acumular conhecimento, decidiu, na década de 80, fazer mapa astral sob encomenda, para poder pagar a faculdade de psicologia. Antes, ainda em sua terra natal, havia estudado medicina até o quarto ano.

Em 1986, recebeu um convite do jornal O Estado de S. Paulo para assinar uma coluna no caderno de cultura. Na verdade, ele não assinava - ainda era um ghost writer, já que seu nome ainda não era popular. Mais de 30 anos depois, Quiroga é publicado em mais de 20 jornais, sete revistas e tem um programa de rádio.

Neste bate-papo com o CORREIO, o astrólogo fala sobre o que esperar do próximo ano, que pode trazer para os brasileiros ainda mais “radicalização e confronto”.

Para o leitor, ele dá conselhos que ajudam a trilhar o caminho da expansão da consciência: um deles é “resolver minimamente as dores através de terapias eficientes, mas tomar cuidado para não gastar todo o tempo nisso, porque se corre perigo de se viciar em lutar contra sombras e problemas”.

O que o povo brasileiro pode esperar para 2018?

Os brasileiros serão manipulados em suas paixões durante 2018, porque é mais fácil explorar as emoções radicais do que promover lucidez e esclarecimento. Gostaria de ter a ingenuidade de prever um ano superbacana para os brasileiros, mas como não vejo um movimento consistente de esclarecimento, mas, pelo contrário, de radicalização e confronto, não teremos nada além de um pouco mais do mesmo que já temos experimentado em anos anteriores. Porém, como dito anteriormente, quem sair do vício de ser do contra, pois, ser do contra denota falta de caráter, e se ocupar em lutar persistentemente a favor de algo ou de alguém, essa pessoa encontrará sucesso e prosperidade.

Alguns astrólogos falam sobre a nova era regida por Saturno, que começa dia 20 de março e representa ajustes radicais em todos os níveis. O que você tem a explicar para os leitores sobre esse período que segue até 2050? Será mesmo muito difícil?

Olha, com o devido respeito a todos os que falam sobre astrologia, inúmeros conceitos acabam sendo embaralhados e o resultado acaba sendo a desinformação. A respeito dos anos astrológicos e seus devidos regentes, ao meu ver esses cálculos precisam ser atualizados, porque correspondem a um ramo de astrologia, a cabalística, que ofereceu essa visão quando eram conhecidos apenas sete planetas de nosso sistema, até Saturno e, por isso, depois de terem sido descobertos Urano, Netuno e Plutão, acabou se tornando desatualizada. Não se calculam anos de Urano nem de Netuno e nem de Plutão. Desconheço e não reconheço, por isso, nenhum ciclo de Saturno que perdure até 2050. Saturno, por outro lado, é um distribuidor de energia cósmica de ação e, por isso, quem o considera produtor de dificuldades é aquele que não se ocupa o suficiente em colocar seus planos em ação, porque para as pessoas empreendedoras, que têm mínimo foco em seus objetivos, Saturno é uma grande ajuda. Independentemente de ano de Saturno ou não, coincide que esse planeta ingressou no seu domicílio, o signo de capricórnio, em meados de dezembro de 2017 e, por isso, dá para prever com isso que as pessoas viciadas em serem do contra, se darão muito mal com isso, mas ao mesmo tempo, as pessoas que lutarem a favor de seus sonhos e objetivos encontrarão muita mais facilidade para realizar do que em outros tempos.

Qual orientação você daria para o leitor do CORREIO trilhar o caminho da expansão da consciência?

As orientações que dou a seguir não são sequenciais: elas podem acontecer em outra ordem ou simultaneamente também. Em primeiro lugar, resolver minimamente as dores através de terapias eficientes, mas tomar cuidado para não gastar todo o tempo nisso, porque se corre perigo de se viciar em lutar contra sombras e problemas. Em segundo lugar, começar a investigar o funcionamento da vida em seus aspectos visíveis e invisíveis, pois a vida é generosa e quem a investigar com coração aberto recebe a recompensa de seu intelecto, desejo e corpo se alinharem numa direção mais saudável, promovendo a melhoria dos relacionamentos também. Em terceiro lugar, se dar o direito de construir uma boa vida, aprender a arte do bem-viver, que não é necessariamente produto de recursos materiais, apesar de esses estarem envolvidos, mas por usar bem o que estiver disponível. Em quarto lugar, mas é o mais importante também, aprender a raciocinar com equanimidade, isto é, com imparcialidade, aceitando as diferenças, mas não as tratando com emoções ferozes ou fanáticas. Todas as pessoas têm direito de existir e de serem felizes entre o céu e a terra, gostemos disso ou não. Por isso, pensar com imparcialidade é fundamental para expandir a consciência. 

É possível explicar ao leitor o que são signos, regentes, ascendentes, ano solar, ano lunar? O que são esses elementos e como se conectam?

 (risos) Essa pergunta requer umas aulas de astrologia e de cosmogonia. Acho que, para sintetizar o assunto, podemos dizer que a astrologia lida com tempo, e os mapas são como relógios com dez ponteiros, ou seja, mesclam ciclos de diversas magnitudes, produzindo o que, de fato, todos sabemos, que a experiência de vida é muito complexa e que requer doses enormes de boa vontade, porque o que sabemos a respeito é uma gota. Por outro lado, o que desconhecemos é um oceano. 

Você costuma dizer que não estamos sob influência determinante do céu, mas em comunhão com uma ordem cósmica. Já que estamos encerrando um ano e iniciando um outro, é possível falar qual ordem cósmica estará vigendo nos próximos meses?

Olha, dizer que somos influenciados pelo céu nos coloca numa posição de exílio desse organismo colossal que é o Universo. Penso eu que todo estudo astrológico que se preze há de começar por nos colocar dentro do céu, determinando qual é nosso lugar nesse, que não é um endereço, mas um propósito que a vida potencialmente tem em nós e que, ao longo da existência, temos a responsabilidade de nos tornarmos transparentes para que se irradie ao mundo da melhor maneira possível. Assim, deixamos de ser influenciados e nos tornamos influentes. O ano astrológico só começa no dia 20 de março, quando acontece o equinócio de áries, mas neste ano coincidiu que há alguns dias, em dezembro, Saturno ingressou no seu domicílio, o signo de capricórnio, e isso é muito auspicioso para quem tiver foco e determinação para lutar a favor dos seus projetos, mas também será muito pernicioso para todas aquelas pessoas que, carentes de projetos, se dedicam de forma insistente a serem do contra, como os haters da internet.

Uma marca sua é escrever como quem se dirige a toda a humanidade, ao mesmo tempo que parece estar dizendo aquilo só para a gente. E em muitas entrevistas você costuma dizer que ao mesmo tempo em que somos particulares, somos genéricos, por isso você prefere dar atenção ao que nos liga coletivamente. Isso transcende seu trabalho como astrólogo?

Na prática, é muito mais o que temos em comum do que aquilo que nos faz diferentes. Esta é uma verdade irrefutável, mas em vez de nos tratarmos como os semelhantes que somos, plantamos discórdias ao valorizar mais o fato de sermos diferentes. Sermos semelhantes não desvaloriza nossa individualidade: pelo contrário, a coloca na perspectiva de que estamos aqui para nos relacionarmos da melhor maneira possível e, sendo conscientes do que temos em comum, poderemos avançar com mais firmeza na direção da construção de um mundo mais justo.

Como você lida com os comentários do tipo "você escreveu isso para mim"? Acha natural as pessoas se sentirem tão identificadas? 

Eu escrevo sem ofender a inteligência dos leitores e me dirigindo a todos sobre o conhecimento que tenho a respeito do funcionamento da vida e dos problemas que temos em reconhecer isso, assim como também apontando a direção que nos leva a viver uma vida mais abundante. Acho esse tipo de comentário muito bom e o recebo com alegria, ao constatar que as pessoas conseguem se sintonizar muito bem com o fluxo da vida. Mas sou  só o porta-voz desse fluxo.

Sua relação com a astrologia é autodidata e você já disse que o ofício surgiu de forma arrebatadora. Quais as atribuições de um astrólogo?

A astrologia é apenas uma técnica e, em si mesma, não fornece todo o conhecimento necessário para fazer uma interpretação. Cada pessoa que se aventurar na astrologia terá de se munir de todo o conhecimento geral do mundo e particular do funcionamento humano, se quiser oferecer a leitores e consulentes orientações dignas de serem levadas a sério. Além disso, uma atribuição importante para ser praticante de astrologia é nunca considerar que sabe tudo, mas continuar sempre se munindo de mais e mais conhecimento.

Você evita se autointerpretar, justamente porque acha difícil saber até que ponto o evento é provocado por um vínculo cósmico ou por uma arquitetura mental. Isso não é um risco que qualquer pessoa (sem vínculo estreito com a astrologia) pode correr ao ler um horóscopo ou fazer um mapa astral?

Eu acompanho os movimentos do meu mapa sem prever os acontecimentos, mas os acompanhando em tempo real, para investigar de que maneira a coreografia cósmica se reflete em minha vida pessoal e de que forma, também, as decisões que tomo, alteram o que as órbitas celestes oferecem. O risco de tropeçar em nossas ilusões está sempre ao nosso lado. Só a maturidade e o bom aproveitamento das experiências concede o benefício da sabedoria, para saber discernir entre uma intuição e uma "viajada na maionese".

Como você se organiza para escrever para jornais, livros  e ainda realizar consultas? 

Esse trabalho exige muita energia e muito boa disposição, mas tenho essas condições comigo a maior parte do tempo. Raramente me desanimo ou fico de mau humor. A meditação e práticas de aproximação ao divino como primeira atividade do dia, antes do amanhecer, me asseguram esses estados de ânimo auspiciosos, para estar à altura da responsabilidade que representa oferecer orientações aos milhares de leitores que acompanham a coluna. É uma grande ilusão imaginar que o tempo seja escasso. Ao contrário, está sempre sobrando quando a gente se envolve de coração no que tiver de fazer.

Você já afirmou que “o que nos diferencia é a decisão que tomamos sobre o que fazer com nossas semelhanças”. O autoconhecimento permite decisões sejam mais acertadas?

O autoconhecimento é muito importante, desde que não se transforme no vício de lutarmos constantemente contra nossas limitações e nos encerremos tanto nessa luta que acabemos deixando de nos relacionarmos entre nós. Acho que ainda mais importante do que o autoconhecimento é começar a nos aventurarmos no conhecimento das outras pessoas, especialmente aquelas que achamos tão diferentes de nós e que temos dificuldade de as aceitarmos como nossos semelhantes.

Coluna retorna ao CORREIO após dois anos