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Festival em Cachoeira vai eleger o melhor licor da cidade


 

Tradicional bebida das festas juninas gera renda para dezenas de famílias no município

  • Georgina Maynart

Publicado em 31/05/2019 às 06:00:00
Atualizado em 19/04/2023 às 20:22:04
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O que já é tradição está virando competição no Recôncavo baiano. São os licores de Cachoeira. A partir deste sábado (1/6) está aberto o Festival do Licor. É a primeira competição deste tipo no município, famoso pelo fabrico da bebida mais consumida nas festas juninas. 

A competição está reunindo 10 dos produtores mais conhecidos da região. A eleição vai ser através do voto popular. Menus de degustação, contendo pequenas garrafinhas, estão sendo vendidos em diversos pontos da cidade. Quem experimentar os licores da mostra vai poder votar até o dia 25 de junho, através de uma cédula disponível nos pontos de venda da bebida. O voto também poderá ser depositado através do site do festival.  Festival vai eleger os melhores licores de Cachoeira. Votação vai até o dia 25 de junho. Serão escolhidos os melhores licores em duas categorias. A Tradicional envolve apenas os licores de jenipapo. Já a categoria Melhor de 2019 será disputada pelos licores de vários sabores. O prêmio é de R$ 1 mil para cada categoria.

Na lista de concorrentes estão os licores da Tia Nem, Cachoeira Colonial, do Tio, do Porto, Delicioso Licor Caseiro da Rosa, Tio Jura, A Gauchinha, Licor de Ângela, Ponto do Licor e o Licor da Chácara

O resultado será divulgado no dia 25 de junho. Os organizadores garantem que a disputa é saudável. Prova disso é que os prêmios estão sendo patrocinados pelos dois maiores produtores de licor da região, o Licor Arraial do Quiabo e o Licor Roque Pinto. O objetivo é incentivar ainda mais a tradição que gera renda e centenas de empregos, reforçando a fama de polo licoreiro da Bahia."A ideia é projetar a cultura da região através de um processo de reconhecimento do patrimônio, como já fizeram em outros lugares, como o queijo da Serra da Canastra em Minas gerais, por exemplo.  Os licores também devem ser mais valorizados", afirma Carine Araújo, idealizadora do festival.Tradição 

Nesta época do ano o pequeno povoado de Belém, a 7 km de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, recebe centenas de visitantes. Mas não é apenas a antiga Igreja de Nossa Senhora de Belém, erguida em 1686 pelos jesuítas, que atrai os visitantes. 

Muitos vão ao distrito para comprar o licor fabricado por Tia Nem. A dona de casa, de 94 anos, fabrica licor de 12 diferentes sabores. A produção da bebida típica das festas juninas é uma tradição mantida há mais de duas décadas.

“Hoje nós fabricamos cerca de 10 mil litros por ano. E fazemos questão de produzir da forma tradicional, com boas frutas, para manter a qualidade da bebida”, diz a dona de casa. O litro é vendido por preços que variam de R$ 9 a R$ 12, a depender do sabor.

Fabricar Licor também é uma tradição na família de Moisés Pinheiro, que produz o famoso Licor Cachoeira Colonial. Ele faz parte da segunda geração da família a vender a bebida. Tudo começou há seis anos, depois que o empresário herdou as receitas de dois tios que já fabricavam licor há mais de duas décadas. “Nós recebemos as receitas antigas e decidimos manter o negócio, incrementando os sabores”, conta Moisés.  Na família Santos a tradição de fabricar licor é mantida por Moisés e pelos cunhados Antônio e Roberto. Atualmente Moisés mantem a fabricação de 23 tipos de licor. O negócio é familiar e conta com o trabalho de dois cunhados, Antônio e Roberto. Juntos, eles produzem mais de 40 mil litros de licor por ano.

“Sempre lançamos novidades. Este ano é o licor de pitanga, que está sendo muito procurado”, acrescenta. Os preços variam de R$ 9 a R$ 15 reais.

Patrimônio

O desejo dos moradores é que o licor de Cachoeira possa ser um dia reconhecido como patrimônio imaterial da Bahia, assim como ocorreu com outras bebidas fabricadas em várias partes do Brasil. 

Um dos exemplos é a gengibirra, bebida tombada este ano como patrimônio de Palmeira, no Paraná. Outra bebida que tem o título é a cajuína do Piauí, mistura de suco clarificado de caju com cachaça. 

Os produtores sonham também em ver o selo de indicação geográfica reconhecido. O selo comprovaria que em nenhum outro lugar do mundo se faz um licor igual ao de Cachoeira.

“É como uma marca registrada, um selo de qualidade”, afirma Cleydson Barreto, Secretário de Cultura e Turismo do município.

Enquanto os reconhecimentos oficiais não vêm, os moradores seguem produzindo a bebida e criando, a cada ano, novos sabores. É o caso dos licores de maracujá com uva, e gengibre com hortelã. 

O teor alcoólico do licor varia de 15 a 24% do volume. Além de frutas, a bebida recebe ingredientes como flores, sementes, ervas ou cascas de árvores. Também tem sido comum encontrar licores que levam leite condensado na composição, o ingrediente é usado para dar cremosidade à mistura.

Serviço:

O QUE: Festival do Licor

ONDE: Cachoeira, recôncavo baiano

QUANDO: De 1 a 25 de junho

VOTAÇÂO: cédula nos bares e restaurantes da cidade  ou através do site: www.festivaldolicor.com.br