Assine

Lar Vida pede doações para manter apoio a PCDs


 

Instituição abriga mais de 100 pacientes órfãos e com limitações e precisa de apoio para continuar atuando em Salvador

  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 31/01/2022 às 06:30:00
Atualizado em 20/05/2023 às 07:17:41
. Crédito: Paula Fróes

João chegou ao Lar Vida quando ainda era um bebê. Há 15 anos, ele recebe os cuidados necessários para se manter saudável, apesar das limitações físicas que exigem alimentação por sonda e a manutenção constante de ventilação mecânica. João é uma das 103 pessoas com deficiências (PCDs) acolhidas na sede dessa instituição, fundada em 1985, pela socióloga Maria Cristina Caldas e o marido Guilherme Caldas. 

Desde o início da pandemia, o Lar Vida vem sofrendo com a queda no número de doações que possibilitam manter a instituição funcionando e recebendo pessoas que não possuem o apoio e o suporte familiar para viver com as limitações provenientes de problemas como a Síndrome de Down, Hidrocefalia, Paralisia Cerebral, Deficiências Múltiplas, além de enfermidades mentais e deformidades variadas.

De acordo com o gerente Reinaldo Cardoso, que há 21 anos trabalha na instituição, as doações respondem por mais de 70% dos recursos necessários para a manutenção do espaço e dos acolhidos que, em sua maioria, necessitam de acompanhamento 24 horas, tomam remédio controlado e alimentação especial. “Temos um convênio com a Prefeitura Municipal de Salvador que nos ajuda a cuidar das 40 crianças menores de idade, mas isso, infelizmente, não contempla às necessidades do restante dos acolhidos e nem cobre os custos com uma assistência prestada em regime de plantão”, lamenta. 

Reinaldo se preocupa, sobretudo, com o fato de que o Lar Vida não conseguiu quitar ainda o 13º salário da equipe formada por 80 colaboradores. “Temos acolhidos que precisam ser acompanhados por profissionais especializados devido ao grau de comprometimento físico e o não pagamento de um direito tão básico gera muita insatisfação e preocupação em todos nós”, desabafa. A cuidadora Solange Soares está há 10 anos trabalhando no Lar Vida e reconhece a importância do trabalho realizado. “Muitas pessoas que estão aqui foram abandonados pela família e somos os únicos pontos de apoio e referência. Não é um trabalho que possa parar ou ter uma redução”, pontua.

Família Bahia

Quando a socióloga Maria Cristina Cordeiro Caldas fundou o Lar Vida, a perspectiva era atuar como uma casa para dar abrigo às crianças sem família. Naquela época, o Lar Vida trabalhava numa parceria com os juizados da Criança e Adolescente e garantia a tutela desses menores até que pudessem ganhar independência ou fossem adotados.

O administrador lembra que, nessa época, era comum que as crianças que não possuíam documentação alguma ganhassem o sobrenome de Bahia e passassem a ser considerados como filhos pelo casal Caldas. “Quando o trabalho estava grande demais, Maria Cristina pedia ajuda, lembrando que não havia parido cem filhos sozinha”, relembra Reinaldo Cardoso.

“Com o passar dos anos, a Instituição passou a receber pessoas com deficiência e virou referência por prestar esse cuidado diferenciado, virando uma referência municipal para esses cuidados”, diz Reinaldo. 

Instalado em um sítio na Estrada Velha do Aeroporto, o espaço, cercado de muito verde, garante uma vida digna para muitas pessoas. Hoje, o Lar Vida possui uma estrutura hospitalar na unidade, além de contar com um espaço com cavalos para equoterapia, um parque para fisioterapia com piscina, além de oferecer educação especializada aos moradores que, pelas próprias características, terminam tendo acolhida permanente.

Órfãos duas vezes

Conhecido como Pedrinho, Lucas de Jesus, 23, chegou ao Lar Vida quando tinha apenas dois anos. Hoje, ele é enfático em dizer que os cavalos, a piscina e jogar bola serão sempre os prazeres prediletos dentro do único lar que conheceu. Com dificuldades de fala, ele encontra a compreensão na figura dos colaboradores que cuidam do rapaz. 

Luma Galdino, 12 anos, nasceu no Lar Vida. Filha de uma abrigada, ela é portadora de uma má formação, mas o estímulo e os cuidados recebidos possibilitaram que ela possa estudar o quinto ano fora, embora, ela diga que diversão mesmo é dentro do espaço do Lar, brincando de bola. 

Embora tenham histórias de vida distintas, Luma e Pedrinho têm o Lar Vida em comum e desfrutaram do amor de pais amorosos até  julho do ano passado, quando o coração de Maria Cristina parou, sete meses depois de perder o marido para um câncer de pâncreas. “Eles ficaram órfãos novamente...”, pontuou Reinaldo Cardoso. Atualmente, o filho do casal Alexandre Caldas assume as responsabilidades na presidência da organização civil sem fins lucrativos. 

Para conhecer mais o Lar Vida (https://www.larvida.org.br/), vale uma visita ao local. Eles também podem ser acessados através das redes sociais (@larvidaoficial) e as doações podem ser feitas presencialmente ou na forma de pix, através da chave VIDA – Valorização Individual do Deficiente Anônimo - CNPJ: 13.787.932/0001-78. Entre as necessidades de material, os interessados podem colaborar com fraldas geriátricas (M, G e XG),shampoo, condicionador, creme para pentear, hidratante de pele, desodorante, avental descartável, máscaras N95, luvas descartáveis (M e G), além de Sustagem e Suplemento Ensure.