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Vencedores de concurso 'choram' no pé do Caboclo e conhecem monumento de perto


 

Veja também a programação completa para o Dois de Julho

  • Eduardo Dias

Publicado em 27/06/2019 às 16:02:00
Atualizado em 19/04/2023 às 23:11:04
. Crédito: Marina Silva/CORREIO

É inevitável ser baiano e nunca ter ouvido alguém mandar algum colega ir 'chorar no pé do Caboclo'. Pois bem, quatro sortudos tiveram uma chance de conhecer o tal personagem de pertinho nesta quinta-feira (27).

Quatro vencedores do concurso cultural “Aos pés do caboclo”, da Fundação Gregório de Mattos (FGM), em parceria com a prefeitura, fizeram uma visita ao monumento Dois do Julho, no Campo Grande, com direito a fotos, uma vista privilegiada e uma boa dose de emoção. 

Os sortudos foram o professor de teatro Rafael Morais de Souza, 41 anos; a  estudante de Hotelaria, Marta Synara Duarte, 36; o escritor Antônio César Bispo, 25; e a produtora cultural Neusinéia Maciel, 25. As inscrições ocorreram entre os dias 7 a 17 de junho, na página oficial FGM no Facebook, e ganhou quem fez o melhor comentário na imagem do Concurso Cultural "Aos Pés do Caboclo". Marta, Antônio César, José Dirson, Rafael e Neusinéia (Foto: Marina Silva/CORREIO) Bastante animado durante a visita, Rafael revelou que decidiu participar do concurso porque a ideia o fez lembrar de sua infância, em Ilhéus, no Sul do estado, onde a cultura indígena é muito presente e a mestiçagem dos povos é muito forte.

“Fiquei muito feliz. Quando vi o anúncio fiquei instigado, achei curiosa a forma do prêmio ser a oportunidade de subir lá e contemplar de perto esse símbolo heroico para a Bahia. Foi uma experiência incrível, uma coisa diferente, inusitada. Imediatamente comecei a lembrar de muitas coisas, inclusive da minha relação com a figura do Caboclo, que desde a minha infância, em Ilhéus, está presente todos os dias, por ser uma representação de todos nós baianos e brasileiros”, contou.

A subida de visitação foi guiada pelo professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (Ufba), José Dirson Argolo, 74, restaurador responsável pela recuperação da estrutura do Caboclo.

Cara a cara com o Caboclo, Rafael não segurou a emoção. “Lembrei de quando participei pela primeira vez do desfile do Dois de Julho. Fiquei muito emocionado com a participação popular, a manifestação cultural dos povos, das pessoas. Sempre que posso participo, isso me instiga bastante. Eu sou um contador de histórias e, de alguma forma, ele está em muitas das que eu conto. Principalmente sobre o processo mítico que ele representa para todos nós, em nossa luta pela liberdade e por afirmação como filhos da nação. Peço para que consigamos ter cada vez mais a sensação de pertencimento, que tenhamos orgulho de sermos brasileiros”, completou.

O objetivo do concurso era proporcionar a quatro pessoas a possibilidade de conhecer de perto os detalhes históricos e arquitetônicos da obra que homenageia o Dois de Julho, reforçando o tema das comemorações do cortejo da Independência do Brasil na Bahia em 2019, “Patrimônio do Povo”.

Também vencedora do concurso, Marta é admiradora da cultura baiana à distância, já que mora em Fortaleza (CE). Ela conta que veio para Salvador somente para participar do concurso e que suas visitas à capital baiana e ao monumento no Campo Grande contribuirão para a sua pesquisa acadêmica, que aborda a contribuição da cultura afro-brasileira para a construção dos patrimônios turísticos no Brasil. Como a Bahia foi onde tudo começou, ela não pensou duas vezes em viajar quando recebeu a informação de que tinha sido escolhida como uma das vencedoras.“Eu estudo muito sobre a história da Bahia, a Independência do Brasil, a chegada dos portugueses. O monumento do Caboclo é o marco da independência da Bahia, isso me fascina bastante. Muitas pessoas não fazem nem ideia da grandiosidade e riqueza da história da Bahia e do Brasil. Essa ação é um resgate e valorização da nossa cultura. É um estímulo para os baianos e turistas conhecerem mais sua história. Foi muito emocionante, inexplicável”, contou.A forte cultura do monumento também mexeu com o escritor Antônio César, que sempre gostou de usar a cultura baiana como tema de seus escritos. “Como escritor, tenho uma proximidade com os monumentos em geral. Tirei esse ano para pesquisar todos eles e participar de todas as festividades. O do Caboclo sempre esteve presente na minha vida, porque estudei aqui na região, então ele sempre fez parte do meu cotidiano, já que eu passava por aqui todos os dias, sempre admirando", lembra saudosista."Para mim, possui um teor maior de proximidade e significação, porque um de seus símbolos, a Catarina Paraguaçu, que representa a luta por independência e liberdade do povo baiano, virou meu novo objeto de pesquisa. A minha impressão lá de cima foi que dava para ver quase tudo na cidade, uma posição privilegiada para uma vista única. Foi uma experiência incrível o fato de estar tão perto de algo que é tão simbólico para a Bahia”, completou.Neusinéia Maciel, que mora pertinho do Campo Grande, também sempre passou pelo Caboclo, mas nunca imaginou tocar os seus pés. “Sou nascida e criada num terreiro de candomblé no Subúrbio. Apesar de hoje morar no Campo Grande, tenho uma entidade chamada de Caboclo, sou muito apegada a isso, pois ele tem uma relação muito forte com o índio, suas vestimentas lembram muito a entidade. Já fiz parte da produção do cortejo do Dois de Julho há três anos, foi quando pude perceber a relação que as pessoas têm com o desfile. Fico sempre fascinada com a importância as pessoas dão. O meu pedido foi para passar no mestrado, espero que consiga”, brincou.

O CORREIO também conversou com o presidente da FGM, Fernando Guerreiro, que falou sobre o concurso, que surgiu a partir do jargão ‘chorar no pé do Caboclo’.

“É uma experiência muito interessante porque as pessoas só têm uma visão desse monumento de baixo. Ao chegar lá, eles tomam um susto muito grande, por conta da grandiosidade da obra. Queremos despertar a curiosidade para ele, pois a ideia também é chamar a atenção para esse que é considerado o maior monumento mais importante da Bahia e um dos mais importantes do Brasil”, contou Guerreiro, que revelou que o futuro memorial do Caboclo, na Lapinha, no bairro da Liberdade, está com o projeto pronto, mas aguardando a liberação de orçamento.

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O Monumento ao Dois de Julho é o símbolo da Independência da Bahia e tem como elemento principal o Caboclo, representação da liberdade e nacionalidade. Loclaizado na Praça Dois de Julho, no Largo do Campo Grande, foi inaugurado em 1895 e passa pela sua segunda restauração - a primeira foi em 2003. Toda sua estrutura possui 25,86 m de altura.

Restauração José Dirson contou os detalhes da restauração no monumento e todas as suas especificidades, além de falar sobre os desafios que a administração municipal terá pela frente para manter o equipamento em perfeito estado de uso. 

“É um monumento extremamente imponente, com estilo neoclássico, com quase 26 metros de altura. É muito rico em alegorias, onde estão representados todos os fatos importantes da Independência da Bahia, com inscrições alusivas às batalhas e aos heróis. Já é a segunda vez que estou envolvido no processo de restauração desse monumento, espero que os poluentes atmosféricos não prejudiquem a estrutura, muito menos os vândalos. Vivemos numa cidade que chove bastante, tem a questão do salitre que ataca o bronze da estrutura, sem contar nos pombos, que são um dos maiores problemas hoje, pois causam muitos danos”, contou.

Programação A programação comemorativa para o dia 2 de julho terá início neste domingo (30), quando haverá a saída do Fogo Simbólico da cidade de Cachoeira, passando pelas cidades de Saubara, Santo Amaro da Purificação, São Francisco do Conde, Candeias, Simões Filho, até chegar ao bairro de Pirajá, em Salvador, conduzido pelos soldados do Exército e atletas baianos. O município de Cachoeira, ponto de partida da chama, teve extrema importância na luta pela libertação, por ter rompido com a Coroa Portuguesa em 25 de junho de 1822 e ter se tornado quartel general das tropas libertadoras que lutaram na Bahia contra a esquadra de Portugal. 

No dia 1º de julho (segunda), os atos comemorativos começam às 16h, com a chegada do fogo simbólico ao bairro de Pirajá. No mesmo horário, haverá o acendimento da Pira, no Largo de Pirajá, o hasteamento das bandeiras por autoridades e a colocação de flores no túmulo do General Labatut. 

No dia 2 de julho (segunda), ápice das comemorações, uma alvorada com queima de fogos na Lapinha, às 6h, abre a programação da data. Às 8h30, acontece o hasteamento das bandeiras por autoridades, com a execução do Hino Nacional pela Banda de Música da Marinha do Brasil. 

Em seguida, acontece a Colocação de Flores no monumento ao General Labatut e, na sequência, os carros emblemáticos do Caboclo e da Cabocla iniciam o desfile pelas ruas do bairro da Liberdade, Santo Antônio Além do Carmo, Pelourinho e Avenida Sete de Setembro, em direção ao Largo Dois de Julho (Campo Grande). 

O 196º ano de comemorações do Dois de Julho será finalizado por volta das 17h, no Campo Grande, em ato simbólico de hasteamento das bandeiras do Brasil, Bahia e Salvador, colocação de coroas de flores no Monumento ao Dois de Julho pelas autoridades presentes, além do acendimento da Pira do Fogo Simbólico pelo atleta olímpico de natação Edvaldo Valério. 

Programação cultural O dia 2 de julho será celebrado também com diversas atrações culturais. Uma delas é o XXVII Encontro de Filarmônicas sob regência do maestro Fred Dantas, que ocorrerá das 17h30 às 21h30 da terça-feira (2), no Campo Grande. Ainda no bairro, na quarta-feira (3), o público vai poder participar do Baile da Independência com a Orquestra do maestro Fred Dantas, das 18h às 21h30. 

Excepcionalmente em uma quinta-feira (4), às 18h, no Espaço Cultural da Barroquinha, acontece uma edição especial do 'Patrimônio É...', roda de conversa mensal sobre educação patrimonial. Desta vez, o tema será dedicado à data magna da Bahia: 2 de Julho – Patrimônio do Povo.

As celebrações serão encerradas às 18h30 do dia 5 de julho, com a volta dos carros emblemáticos à Lapinha. O ato contará com a participação da orquestra do maestro Reginaldo de Xangô, fanfarras e grupos culturais.

Programação completa do 2 de Julho:

- DIA 30/6 (domingo) 7h30 – Saída do Fogo Simbólico da cidade de Cachoeira, passando pelas cidades de Saubara, Santo Amaro da Purificação, São Francisco do Conde, Candeias, Simões Filho, com destino ao bairro de Pirajá em Salvador, conduzido pelos soldados do Exército e atletas baianos.

11h - Celebração do Te Deum na Catedral Basílica de Salvador e homenagem à Hildegardes Cantolino Viana.   - DIA 1°/7 (segunda-feira) 16h – Chegada do Fogo Simbólico e acendimento da pira – Largo de Pirajá.

Hasteamento das bandeiras por autoridades, com a execução do Hino Nacional pela Banda de Música da Polícia Militar.

Brasil – Exmº. Sr. Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Neto - Prefeito de Salvador.

Bahia – Exmº Sr. general de divisão Marcos André da Silva Alvim.

Salvador – Exmº. Sr. Diógenes Tolentino Oliveira - prefeito de Simões Filho.

Colocação de flores no túmulo do General Labatut, pelos Exmº Senhor Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Neto - prefeito de Salvador e demais autoridades.

17h – Encerramento da solenidade. 

- DIA 2/7 (terça-feira) TURNO MATUTINO

6h – Alvorada com queima de fogos no Largo da Lapinha.

7h – Organização do cortejo cívico.

8h30 – Hasteamento das bandeiras por autoridades, com a execução do Hino Nacional pela Banda de Música da Marinha do Brasil.

Brasil – Exmº Senhor Rui Costa - governador da Bahia.

Bahia – Exmº Senhor Deputado Estadual Nelson Leal - presidente da Assembleia Legislativa da Bahia.     Salvador – Exmº Senhor Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Neto - prefeito de Salvador.   IGHB – Exmº Senhor Eduardo Morais de Castro - presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.   Colocação de flores, pelas autoridades, no monumento ao General Labatut pelo governador, prefeito, presidente da Assembleia, presidente da Câmara de Vereadores de Salvador e comandantes militares.   Entrega dos carros emblemáticos – Discurso do Exmº Sr. Eduardo Morais de Castro - presidente do IGHB   Execução do Hino ao 2 de Julho pela Banda de Música da Marinha do Brasil.   9h – Início do cortejo cívico.   Homenagem aos heróis da Independência: breve parada em frente ao Convento da Soledade.   Homenagem da Ordem Terceira do Carmo: breve parada em frente à Ordem, para pronunciamento de um membro da instituição.   Homenagem da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos: breve parada em frente à igreja.   11h30 – Recolhimento dos carros emblemáticos dos caboclos nos caramanchões da Praça Thomé de Souza.    TURNO VESPERTINO 14h – Organização do cortejo cívico. 

15h – Início do cortejo cívico.   Breve parada em frente ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.   15h30 – Cerimônia Cívica no 2º Distrito Naval   16h15 – Previsão de chegada dos carros emblemáticos e das autoridades ao Campo Grande.  Hasteamento das bandeiras por autoridades. 

Execução do Hino Nacional pelas bandas de música da Marinha, Exército e Aeronáutica. 

Brasil - Exmº Senhor Rui Costa - governador do Estado da Bahia. 

Bahia - Exmº Senhor Deputado Estadual Nelson Leal - presidente da Assembleia Legislativa da Bahia.

Salvador - Exmº Senhor Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Neto - prefeito de Salvador.   Colocação de Coroas de Flores no Monumento ao 2 de Julho pelas autoridades presentes. Governador, Prefeito, Presidente da Assembleia, Presidente da Câmara de Vereadores de Salvador e Comandantes Militares. 

Acendimento da Pira do Fogo Simbólico Pelo atleta olímpico de natação Edvaldo Valério  Execução do Hino ao 2 de Julho: Coral da PM/BA com acompanhamento da Banda de Música Maestro Wanderley da Polícia Militar da Bahia. 

PROGRAMAÇÃO CULTURAL  - DIA 2/7 (terça-feira)

Local: Campo Grande 

Das 17h30 às 21h30 – XXVII Encontro de Filarmônicas – Regência: Maestro Fred Dantas 

- DIA 3/7 (quarta feira)

Local: Campo Grande 

Das 18h às 21h30 – Baile da Independência – com a Orquestra do Maestro Fred Dantas. - DIA 4/7 (quinta-feira)

Local: Espaço Cultural da Barroquinha 

18h – “Patrimônio É” – 2 de Julho – Patrimônio do Povo 

- DIA 5/7 (sexta-feira)

Local: Campo Grande - Lapinha 

18h30 – Volta dos carros emblemáticos, com participação da Orquestra do Maestro Reginaldo de Xangô, fanfarras e grupos culturais.

* Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier