Entenda como é possível viajar com animais de estimação em segurança

Morte do golden-retriever Joca após erro da Gol levanta discussão sobre conforto dos pets em longos trajetos

  • Foto do(a) author(a) Andreia Santana
  • Andreia Santana

Publicado em 27 de abril de 2024 às 05:00

Joca tinha 4 anos Crédito: Divulgação

Para todo tutor, a melhor forma de viajar com o seu pet é levá-lo junto de si, na cabine do avião, onde poderá ser cuidado e atendido em caso de necessidade. As regras da aviação, no entanto, só permitem que animais até 10 quilos, acondicionados nas caixas de transporte, embarquem nessas condições. Para os pets de grande porte, a regra estabelece que ele viage no bagageiro, também na caixa de transporte. A exceção ocorre nos casos de cães-guia, ainda assim, as companhias aéreas podem estabelecer quais raças permitem ou não transportar.

A morte do golden-retriever Joca, essa semana, depois que a Gol, companhia responsável pelo transporte do pet, errou o destino do cachorro e o mandou para o aeroporto errado, levantou uma discussão que, quem é tutor de pet, já enfrenta a bastante tempo: de que forma o transporte dos animais de estimação pode se tornar mais seguro para eles?

A perda de Joca, além de acirrar nas redes as discussões sobre a saúde e o transporte de pets em longos trajetos, também gerou providências mais oficiais. O Ministério da Justiça, através da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), deu um prazo de dois dias, a contar desde a quinta-feira (25), para a Gol explicar a situação envolvendo a morte do cão Joca.

O animal morreu enquanto era transportado pelo serviço Gollog, da empresa aérea. Entre as explicações, a companhia aérea terá de descrever a metodologia e a política de transporte de animais. A notificação também estabelece que a Gol esclareça o que será feito para a reparação do tutor do cão. “Uma situação dessas necessita da apuração em detalhes, e não pode passar em branco. Não podemos aceitar que tais situações continuem acontecendo”, ressaltou o secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous.

O que aconteceu

Joca deveria ter saído do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com destino ao Aeroporto Municipal de Sinop, no Mato Grosso, no voo 1480. A Gol, no entanto, embarcou o golden em um voo diferente, para Fortaleza, no Ceará. O tutor dele, João Fantazzini, só soube do erro ao chegar ao Mato Grosso e, ao desembarcar, não encontrar Joca, que por ser um animal de grande porte, viajou no bagageiro (leia as regras sobre transporte de pets ao lado).

Tutor e cão estavam de mudança para Sorriso, no Mato Grosso. Eles embarcaram para chegar no mesmo horário em Sinop, mas quando João desembarcou e foi procurar o cachorro, a companhia perguntou se ele queria voltar para São Paulo para buscar Joca, que estava em outro estado devido a uma falha.

A companhia ofereceu o voo de ida e volta de Mato Grosso a São Paulo gratuitamente, além de hospedagem. Ao chegar na capital paulista, um funcionário da Gol recebeu João dentro do avião e ele ficou esperando até o pouso da aeronave que transportava Joca. Foi aí que a situação virou um pesadelo que nenhum tutor imagina, João recebeu Joca sem vida e ainda dentro da caixa de transporte.

A Gol afirmou, em nota, que foi surpreendida pela morte do cachorro quando o avião pousou com ele em Guarulhos. No texto, a empresa diz ser solidária à dor de João e demais familiares de Joca.

Após a repercussão da morte de Joca, a Gol anunciou a suspensão do transporte aéreo de animais no porão dos aviões da empresa desde a quarta-feira (24) pelo período de um mês. No período, os clientes da companhia que já contrataram o serviço de transporte pelo porão, pela Gollog Animais, podem pedir a restituição do valor total ou postergar a viagem.

Tutores em todo o Brasil seguem protestando para que a medida seja permanente e não apenas por 30 dias. Em Salvador, neste domingo (28), tutores de cães farão um protesto no Aeroporto Internacional de Salvador, às 10h, pela morte de Joca e pelas condições de transporte de pets em viagens. A alegação dos tutores é a de que pets não são bagagem, mas seres vivos, que necessitam de cuidados e não podem ficar amontoados com outras cargas no porão das aeronaves.

Mais do que seres vivos, os pets são parte das famílias de seus tutores e ninguém colocaria um familiar para viajar no porão de cargas de um avião.

Como são as regras para viajar com pets?

Embarque - Pelas atuais regras, é possível levar o pet na cabine, junto ao tutor, ou com as bagagens despachadas;

Saúde - Antes de embarcar o pet, é preciso avaliar a saúde dele e seu temperamento. É importante levá-lo para uma consulta com o veterinário para avaliar se ele está em condições de saúde de enfrentar um voo. Outra questão é em relação ao estresse que o pet passará, principalmente se for transportado junto às bagagens;

Passagem - A passagem aérea para um cachorro consiste em uma taxa cobrada pelas empresas aéreas. O valor varia dependendo da compa- nhia e se o pet será levado na cabine ou bagageiro. O preço também é alterado de acordo com o peso do animal;

Transporte - As regras para transporte de animais em aviões podem variar de acordo com a empresa, mas uma regra geral é que os pets sejam acomodados em caixas de transporte, também conhecidas como kennel, que podem ser compradas nas pet shops;

Caixa - Cada companhia aérea estabelece as medidas específicas da caixa de transporte. Antes de comprar a do seu pet, verifique as medidas permitidas pela empresa por onde irá viajar. Se a caixa for maior, o embarque não será permitido. Também escolha uma caixa resistente, bem ventilada e que o pet consiga dar uma volta em torno do próprio corpo, para transportá-lo;

No avião - O modo de levar cachorros no avião na cabine é mantê-lo dentro da caixa de transporte durante todo o voo e abaixo do assento. Se for pelo bagageiro, tanto a caixa quanto o pet exigem identificação;

Documentos - Os principais documentos para a viagem de um pet são a carteirinha de vacinação e o atestado do vet. Vale ficar atento aos prazos estabelecidos pela empresa aérea ou pelo país específico para onde está viajando. A vacina antirrábica é obrigatória;

Antes da viagem - Para os pets não acostumados com caixas de transporte, inicie a adaptação pelo menos 15 dias antes da viagem, deixando a caixa aberta para ele entrar e sair quando quiser. Brinque e ofereça petiscos na caixa

*Com informações de agências