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Mario Bitencourt
Publicado em 12 de março de 2018 às 11:29
- Atualizado há 2 anos
A Polícia Civil da Bahia confirmou nesta segunda-feira (12) que ao menos um dos três suspeitos de integrar o bando que explodiu a Prosegur no último dia 6 em Eunápolis, Extremo Sul da Bahia, mortos neste domingo (11) em Porto Seguro, fazia parte facção Mercado do Povo Atitude (MPA). A organização criminosa é ligada ao Primeiro Comando da Capital, o PCC, maior facção do Brasil.>
O envolvimento do PCC no ataque à Prosegur foi divulgado com exclusividade pela coluna Satélite, do CORREIO, por fontes do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), unidade da Polícia Civil que concentra as investigações sobre o caso e que também participaram na operação deste domingo.>
Os mortos na ação policial foram localizados em dois bairros periféricos de Porto Seguro que são dominados por traficantes da MPA. Eles foram identificados como Guilherme Oliveira Costa Dias, 18, e os irmãos Maxsuel, de 19 anos, e Marcelo Santos Ribeiro, de 17. >
“Ao menos um deles, o Guilherme [conhecido como Tingó], possuía envolvimento com a MPA. Os outros dois não tinham passagem e eram desconhecidos da Polícia Civil”, afirmou o delegado Moisés Damasceno. Irmãos integram quadrilha, afirma polícia Foto: Reprodução Coordenador da 23ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Corpin), sediada em Eunápolis, Damasceno confirmou nesta segunda (12) que o trio é suspeito de participação na explosão à Prosegur, mas não soube informar de que tipo. “Chegamos até eles por denúncia anônima sobre o local onde estavam escondidos”, disse o delegado.>
Com os suspeitos, a polícia encontrou um fuzil 556, uma submetralhadora 9 milímetros, um revólver calibre 38, munição variada e uma quantidade não revelada de explosivos junto com o cordel de detonação. Na ação, um policial militar foi baleado de raspão no braço.>
Madrugada A operação policial teve início às 4h30 de domingo, com cerco a uma casa no bairro Mercado do Povo, onde estavam cinco suspeitos. Na troca de tiros, quatro conseguiram fugir e Guilherme Oliveira Costa Dias, 18, morreu no local.>
Numa fazenda próxima ao bairro Vila Parracho, um conjunto habitacional do Minha Casa, Minha Vida, a polícia encontrou mais cinco suspeitos - dois morreram e o restante fugiu, dois deles ainda baleados.>
Da operação policial, além da Polícia Civil, participaram equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Mata Atlântica, do Grupamento Aéreo (Graer) e do 8° Batalhão de Polícia Militar de Porto Seguro.>
“Todas as equipes ostensivas e investigativas se comprometeram em dar a resposta para aquela ação criminosa. Vamos trabalhar para chegarmos aos outros envolvidos, desarticulando toda a quadrilha”, disse, através de nota, o secretário da Segurança Pública Maurício Teles Barbosa.>
Apesar de os suspeitos terem sido encontrados em uma área dominada por traficantes da MPA, liderada pelo traficante André Márcio de Jesus, conhecido como Padaria ou Buiu, a SSP negou participação do PCC no ataque à Prosegur.>
ForagidoAndré Matos de Jesus é um dos traficantes de drogas mais procurados pela polícia da Bahia. Ele ficou conhecido no estado em 2011, após a quadrilha que chefia por fogo em quatro ônibus e apedrejar outros dois em Porto Seguro. Na época, a SSP-BA divulgou que a facção que ele comanda é ligada ao PCC.>
O traficante foi preso em novembro de 2014 pela Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos e mantido em cárcere por cerca de um ano no Conjunto Penal da Mata Escura, de onde fugiu durante fuga em massa.>
Além da ação típica dos assaltos cinematográficos orquestrados pelo PCC, uma série de indícios liga a facção paulista à ação que aterrorizou a cidade do Extremo Sul baiano. Em especial, o tipo de munição utilizado pelos bandidos.>
Segundo a coluna Satélite, logo após o ataque investigadores recolheram várias cápsulas de Lapua ponto 338 Magnum, calibre fabricado para fuzis de precisão.>
Feita artesanalmente e vendida por cerca de R$ 100 cada, a munição é a preferida dos atiradores de elite do PCC. O uso de carros blindados e de carga de explosivos em pranchas de madeira, outra marca da facção, também reforçaram as suspeitas.>
Ação ousada A ação criminosa em Eunápolis, que contou com cerca de 40 criminosos, foi considerada ousada pela polícia. Um vigilante foi morto na explosão e outros quatro ficaram feridos.>
Os bandidos portavam armas de grosso calibre que, segundo a Polícia Militar, eram fuzis 762 e 556 e metralhadoras ponto 50, usadas em ataques antiaéreos, segundo a polícia.>
As armas são de uso restrito das Forças Armadas. Tiros para cima foram disparados em todo momento como forma de impor o terror na cidade.>
Apesar de a explosão ter destruído à Prosegur a ponto de a Defesa Civil de Eunápolis interditar o prédio e mais quatro imóveis e a garagem de um hotel próximos, no dia seguinte ao crime, os bandidos não tiveram acesso ao cofre da Prosegur e levaram uma pequena quantidade de dinheiro que tinha na tesouraria.>
O dano material no imóvel da Prosegur e nos imóveis vizinhos poderia ter sido pior se todo o material explosivo levado pelos bandidos tivesse explodido. Segundo a polícia, eles conseguiram explodir metade dos cerca de 60 kg de emulsão explosiva, composto em sua maioria por combustível e nitrato de amônia, dentre outros produtos químicos.>
“Eram duas cargas, e quando uma foi acionada o deslocamento de ar movimentou a segunda carga e desmontou, uma peça saiu do lugar e não foi acionada. Deduzimos que a outra seria para o cofre”, declarou o capitão Érico de Carvalho, comandante do Esquadrão Antibomba do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Bahia.>