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Medida acontece depois de Ministério da Saúde incluir Salvador na lista de cidades com surto ativo da doença
Gabriel Amorim
Publicado em 13 de agosto de 2019 às 19:35
- Atualizado há um ano
Após a confirmação de um caso de sarampo, Salvador foi incluída em lista elaborada pelo Ministério da Saúde com as cidades no chamado ‘estado de surto ativo’ para o sarampo. Em razão do alerta e por recomendação do Ministério da Saúde, Salvador estendeu a faixa etária que deverá tomar a vacina contra o sarampo. Agora, devem ser vacinadas também as crianças de 06 a 11 meses.“Como o sarampo é uma doença em eliminação no país, a ocorrência de um único caso, seja importado ou não, já é suficiente para colocar a cidade nesse status de surto ativo, que significa locais onde ações devem ser feitas para intensificar a vacinação”, explica a subcoordenadora de doenças imunopreveníveis da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Doiane Lemos. O alerta dado pelo Ministério aconteceu depois que um caso da doença foi confirmado na cidade, que não tinha registros da doença desde 1999. O caso, ocorrido com uma menina de 12 anos que mora na cidade, foi importado. A garota contraiu o vírus em uma viagem para a Espanha. As crianças incluídas no público da vacinação se juntam aos baianos de 1 a 39 anos, que já deviam se vacinar.
A proteção contra o sarampo faz parte das chamadas vacinas de rotina, o que significa dizer que suas doses ficam disponíveis durante todo o ano nas unidades de saúde. No último sábado (10), foi realizado o Dia D de vacinação contra a doença. Na ocasião, segundo a SMS, mais de 40 mil pessoas compareceram às unidades para se proteger.
Desse total, cerca de 20 mil iniciaram ou completaram o esquema vacinal, ou seja, quase metade dos indivíduos que procuraram os postos já estava protegida e não precisou ser revacinada.
“É importante salientar que a vacinação permanece nos postos, portanto quem não se vacinou durante o Dia D deve procurar uma das 129 unidades de saúde na rede básica o quanto antes para verificar a situação vacinal. Também ressaltamos que a imunização não é indiscriminada, ou seja, é avaliada a situação vacinal pessoa a pessoa. Quem já tomou a vacina não precisa ser revacinado porque já está protegido”, alerta Doiane.
A situação vacinal, citada pela subcoordenadora, é avaliada de acordo com a idade de cada pessoa. Quem tem de 01 a 29 anos deve ter em seu cartão de vacinação duas doses da vacina. Para quem tem de 30 a 49 apenas uma dose é necessária.
No caso das crianças de 06 a 11 meses, incluídas no público desde a última semana pela orientação do Ministério, a dose de vacinação é extra, o que significa que ao completar um ano, a criança deve procurar uma unidade de saúde e seguir as orientações para tomar normalmente as duas doses do ciclo normal de vacinas. “Essa é uma dose que não vai ser validada na rotina de vacinação. Por conta do alerta de surto, a orientação do Ministério é proteger principalmente as crianças com essa dose extra, porque elas são mais vulneráveis”, explica Lemos.
Reunião Também acompanhando os casos da doença, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) realizou, na manhã desta terça-feira (13), a primeira reunião da Sala de Situação do Sarampo. O encontro, para definir estratégias para o bloqueio e manejo de casos de sarampo no Estado, aconteceu no auditório Marlene Carvalho, na Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep). Estavam presentes diretores e técnicos da Sesab envolvidos nas ações de atenção à saúde, prevenção e controle da doença.
Os encontros devem continuar acontecendo quinzenalmente e, segundo a Sesab, podem acontecer com intervalos menores caso seja necessário. Num segundo momento, também deverão participar da Sala de Situação representantes de outras entidades, como a Secretaria de Educação e o Cosems (Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde da Bahia).“Esse é um momento de alerta, um momento em que é necessário intensificar as ações, aumentar a cobertura vacinal e capacitar profissionais para o diagnóstico do sarampo", destacou a coordenadora do Programa de Imunização da Sesab, Akemi Erdens.Segundo a Sesab, nenhuma ação especial foi tomada no interior do estado e nenhum caso da doença foi registrado no resto da Bahia. As vacinas, como de costume, seguem disponíveis nas unidades de saúde. Até a última sexta-feira, 62,9% das crianças do estado já estavam protegidas, segundo informou a pasta.
Importados O caso responsável por incluir Salvador na lista dos 43 municípios com alerta de surto ativo é considerado importado porque o vírus foi contraído fora da cidade. Além do caso da garota de 12 anos, outros dois casos foram notificados em território baiano. O primeiro de um jovem de 19 anos, natural de São Paulo, que passou a trabalho por Porto Seguro. Já o segundo caso, de uma soteropolitana de 28 anos, que reside em São Paulo e veio a Salvador de passagem.
Por serem residentes da capital paulista, os dois casos foram computados como ocorridos em São Paulo, já que o critério de controle desses casos é o de residência do paciente. Segundo o Ministério da Saúde, até o momento, foram registrados 1.226 casos da infecção entre 12 de maio e 3 de agosto. Do total, 1.220 estão concentrados em São Paulo, 4 no Rio de Janeiro, 1 na Bahia e outro, no Paraná.
Na Bahia, segundo a Sesab, desde o início do ano, houve 190 casos suspeitos. Desses, 96 foram descartados, 1 confirmado com vírus importado da Europa e 93 ainda estão em investigação.
*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier