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Mario Bitencourt
Publicado em 21 de dezembro de 2018 às 13:22
- Atualizado há 2 anos
Foto: Reprodução Seis dos treze vereadores de Correntina, no Oeste da Bahia, tiveram os mandatos cassados na noite desta quinta-feira (20), após sessão marcada por quebra-quebra e troca de agressões no plenário do legislativo. No lugar deles, assumem os suplentes.>
Denunciados pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) em outubro de 2017 por participarem de um suposto esquema de corrupção, os parlamentares ficaram ainda inelegíveis por oito anos. Eles não foram localizados para comentar o caso.>
Os vereadores que perderam os mandatos são Adenilson Pereira de Souza (PTN), Milton Rodrigues Souza (PCdoB), Jean Carlos Pereira dos Santos (PP), Wesley Campos Aguiar (PV), Nelson da Conceição Santos (PRB) e Juvenil Araújo de Souza (PCdoB).>
Em 26 de outubro de 2017, eles foram presos durante a Operação Último Tango, da Polícia Civil e do Ministério Público da Bahia (MP-BA), que os denunciou na Justiça Criminal pelo fato deles estarem envolvidos num suposto esquema de corrupção.>
Dois servidores da Câmara estão envolvidos também no caso. Na época da operação, o presidente da Câmara era o vereador Wesley Campos Aguiar (PV), o Maradona, apontado como líder do esquema e que ficou 21 dias preso.>
A denúncia do MP-BA foi o que embasou processo administrativo na Câmara de Vereadores de Correntina, de autoria do advogado Vagner Rocha e que resultou na cassação e perda de direitos políticos por oito anos na noite desta quinta.>
Agressões O julgamento era pra ter ocorrido na manhã desta quinta, mas uma confusão que envolveu o vereador Jon Félix Pereira Barbosa (PSDB), relator do processo, e os cassados Adenilson Pereira, o Wil, Milton Rodrigues, o Miltão, e Jean Carlos, o Jean da Guarda, fez com que a sessão fosse suspensa.>
Os acusados queriam que a sessão não fosse realizada, com base numa decisão judicial dada na terça-feira (19) da juíza substituta Marlize Freire Alvarenga, que havia determinado cancelar o julgamento, mas depois revogou sua decisão e saiu de cena, ao se julgar suspeita no caso.>
Na confusão, no plenário da Câmara, não houve feridos, mas foram danificados 12 dos 13 microfones disponíveis para os parlamentares, além de quatro vidros de mesa e uma mesa quebrados. Ninguém foi preso.>
De acordo com testemunhas já começou tumultuada, com a presença dos vereadores Wil, Jean da Guarda e Miltão dando palavras de ordem no plenário e gerando confusão.>
Num dado momento da sessão, comandada pelo presidente interino, vereador Ebraim Silva Moreira (MPB), Wil partiu para cima do relator do julgamento, o vereador Jon Félix Pereira Barbosa (PSDB), e desferiu chutes e socos, sem acertar o alvo.>
Um vídeo gravado por testemunhas mostra o momento da confusão. Nele é possível ver o vereador Wil de camisa branca indo pra cima do vereador Jon, de paletó preto. Policiais militares interviram, ainda assim a confusão continuou.>
“Wil me empurrou e tentou pisar em mim, mas não conseguiu”, disse o vereador Jon, segundo o qual Miltão tentou fugir com o processo original, durante a confusão, mas foi contido.>
Processo criminal Na área criminal, os vereadores que foram cassados são acusados pelo MP-BA de formar uma suposta organização criminosa que fraudou licitações, contratos e desviou verbas públicas em Correntina. >
O MP-BA afirma que servidores da Câmara eram cooptados e convencidos a sacar parte do montante extra e entregar em espécie ao beneficiário previamente definido pelo grupo criminoso. Isso ocorreu entre 2015 e outubro de 2017, diz o MP-BA.>
Para isso, os vereadores contavam com a atuação dos servidores Cleuzinete Sales, tesoureira, e Hugo Neves, assistente de Controle Interno, e do motorista particular do vereador Maradona, Erickson Santos, que recolhia o dinheiro e é marido de Cleuzinete.>
Ainda de acordo com o MP-BA, em 2017 a Câmara de Vereadores estava gastando mensalmente R$ 14 mil com combustíveis e o motivo do gasto elevado seria a distribuição indiscriminada de cotas para os vereadores, que incorporavam o crédito aos seus patrimônios pessoais.>
“O presidente da Câmara [Maradona] comandava as ações dos demais, distribuindo combustíveis e benesses, inserindo gratificações indevidas para possibilitar o retorno e coordenando ainda solicitações e exigências indevidas ao prefeito e os demais vereadores eram beneficiários das vantagens e também ajudavam a dar peso político às solicitações e exigências indevidas”, afirma a denúncia.>
A denúncia pelos crimes de corrupção passiva e por integrarem organização criminosa, informa o MP-BA, “foi apresentada em razão das solicitações e/ou exigências de vantagens ilícitas em prol dos vereadores dirigidas ao prefeito Nilson José Rodrigues, que colaborou com os órgãos de investigação”.>
Segundo apurado, entre fevereiro e outubro de 2017, os vereadores tentaram, por diversas vezes, obter recursos indevidos das contas do Município. Consta na denúncia que eles “solicitaram e/ou exigiram do prefeito valores de toda sorte com o objetivo de incrementar seus rendimentos pessoais, tais como “ajudas de custo e 'mensalinhos', cotas adicionais de combustível, de medicamentos, em mercados ou simplesmente importâncias que tinham razões específicas”.>