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Com o projeto Ensaios de Autoamor, Taylla de Paula incentiva um olhar mais amoroso para o feminino
Vinicius Nascimento
Publicado em 24 de março de 2023 às 06:00
- Atualizado há um ano
Entre 2019 e 2022, Iara Andrade viveu momentos difíceis. Sem eufemismo, é difícil saber de onde ela tirou força depois de enfrentar tantos desafios. Primeiro, a gravidez inesperada do segundo filho, que acelerou o processo de desmame da primogênita Serena, que tinha pouco menos de dois anos e meio. No meio disso tudo, uma pandemia e a notícia de que seu marido perdera o emprego de17 anos.
Não acabou. A mineira de Juiz de Fora, radicada na Bahia, onde mora há duas décadas, sentia muitas dores no peito direito e, durante a amamentação de Cauê, percebeu algumas diferenças na mama. A obstetra não conseguia examinar com toque os seios cheios de leite. As dores ela interpretava como sinal de muito leite até que uma cartomante avisou ao marido de Iara que ela deveria cuidar das mamas. Foi quando fez um exame de imagem e constatou o câncer já em estágio avançado e com metástase na região da axila e ombro.
Ela fez tratamentos pesados, passou por cirurgia e perdeu a mama. Superou mais essa dificuldade, porém ainda precisava lidar com a própria imagem. Até que viu, no Instagram, o projeto Ensaios de Autoamor, da fotógrafa baiana Taylla de Paula, que utiliza de poucos recursos de edição e maquiagem para evidenciar a beleza das mulheres. Foi um ponto de virada, alívio e carinho consigo mesma que Iara encontrou depois de anos de barra pesadíssima.
"Procurei o trabalho com a intenção de me reconectar com meu corpo, meu novo jeito de estar no mundo, Fiquei maravilhada pelo trabalho de Taylla, de autoamor e pensava que era o que precisava pra mim. Mas ainda estou no processo de reconstrução da mama com partes de meu próprio corpo, fiz duas cirurgias", conta a mineira. Iara procurou o trabalho de Taylla para se reconectar com sua imagem após cirurgia de mastectomia (Foto: Taylla de Paula) Taylla (lê-se 'Tá-í-la) trabalha como fotógrafa de mulheres profissionalmente desde 2019. Era um sonho que tinha desde os 16 anos, quando começou a fotografar e contava com amigas como modelo para os ensaios que criava. Ela diz que são vários os motivos para que as clientes cheguem. Independente do que seja, é possível resumir a maioria à busca pelo reecontro do amor próprio após ou durante diversas situações: fim de um relacionamento, crises emocionais, um novo corpo como o caso de Iara ou simplesmente um querer se presentear.
“Independente do motivo, todas buscam uma forma de acolhimento e de se priorizar. Algo que percebi que vai se perdendo na rotina da mulher”, conta Taylla, que já fez centenas de ensaios e também se permite ser fotografada por colegas para se colocar no lugar de suas clientes.
"Eu sou muito crítica da minha imagem. Então, acho que cada vez que sou fotografada também me olho com um pouco mais de carinho. Tenho que fazer o que eu falo, então, sempre falo para minhas clientes se permitirem, transformarem esse olhar crítico que a maioria das mulheres têm consigo. E tento praticar a mesma coisa", conta. Antes do ensaio, Taylla conversa bastante para entender qual a vivência de cada mulher, o que é importante nesse momento da sua vida e como ela quer ser vista. A partir disso, elas constroem, juntas, o processo. "É muito bonito presenciar como elas vão se percebendo, se abraçando e se amando", diz.
Musicista, Paula Guimarães fez o procedimento do Big Chop (cortando o cabelo alisado para deixar o natural crescer) durante a pandemia - o que foi um processo doloroso, mas que iniciou um cultivo de valorização das próprias características."Parar de realizar processos químicos e deixar que meu cabelo naturalmente harmonizasse meu rosto foi um processo super delicado, lento, de descoberta e aprendizados, que me modificou de dentro para fora", relata.Uma delas foi se sentir fotogênica e bonita para um ensaio fotográfico. Paula conhecia o trabalho de Taylla do período em que trabalhava no Neojiba, cujos concertos a fotógrafa registrou algumas vezes. "Hoje, me olho no espelho e me sinto completamente autêntica, confiante e capaz de qualquer coisa que me proponha fazer", afirma.
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De olho em novas experiências e pensando na fotografia mais como meio do que como fim, Taylla lançou o projeto mais ousado de sua carreira até então. Ela se uniu à terapeuta integrativa e professora de ioga, Clarice Val, para criarem o retiro “Olhar para Si”. O retiro de autoconhecimento e fotografia para mulheres parte do olhar singelo e integrativo das duas profissionais para uma imersão no feminino com foco no cuidado e na partilha.
O retiro acontece entre 18 e 21 de maio, no Vale do Capão (Chapada Dimantina). As inscrições já estão abertas e podem ser realizadas no site: www.taylladepaula.com/retiro-olhar-para-si. As vivências integram práticas de autopercepção com os quatro elementos, técnicas de ioga, movimentos sistêmicos, meditações ativas do sistema ROAF (Respiração Ovariana Alquimia Feminina) e fotografia.