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Carol Neves
Publicado em 23 de julho de 2025 às 07:44
O destino jurídico do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF). Após determinação do ministro Alexandre de Moraes, a defesa de Bolsonaro apresentou esclarecimentos sobre vídeos publicados nas redes sociais que mostram o ex-presidente durante uma visita ao Congresso Nacional. Agora, Moraes pode encaminhar a manifestação à Procuradoria-Geral da República (PGR), que deverá se pronunciar sobre a possibilidade de descumprimento das medidas cautelares. Com base nesse parecer, o ministro poderá manter as restrições, impor novas sanções ou até decretar prisão preventiva. >
A eventual prisão preventiva, se decretada, não tem prazo determinado. Ela pode ser aplicada quando há indícios de que o investigado representa risco à ordem pública, à instrução do processo ou às investigações. Pela legislação penal, a cada 90 dias o Judiciário precisa reavaliar a necessidade de manter essa medida.>
Na resposta enviada ao Supremo, os advogados de Bolsonaro negam que ele tenha descumprido qualquer das determinações judiciais impostas no último dia 18 de julho. Segundo a defesa, o ex-presidente “não postou, não acessou suas redes sociais e nem pediu para que terceiros o fizessem por si”. Os advogados afirmam que não há, na decisão do STF, uma proibição expressa quanto à concessão de entrevistas, mesmo que trechos dessas falas acabem circulando nas redes sociais.>
“O Embargante jamais cogitou que estava proibido de conceder entrevistas, que podem ser replicadas em redes sociais e, ao que consta, a Colenda Primeira Turma não parece ter referendado tal proibição”, diz a petição. A defesa também ressalta que Bolsonaro tem seguido rigorosamente as regras de recolhimento e que não teve qualquer intenção de violar decisões judiciais.>
Jair Bolsonaro
Os esclarecimentos foram motivados pela presença de Bolsonaro no Congresso Nacional, no dia 21 de julho. Ele se reuniu com parlamentares do PL, concedeu entrevistas à imprensa e chegou a mostrar a tornozeleira eletrônica imposta por determinação do STF. Vídeos e imagens da visita foram publicados por apoiadores nas redes sociais, o que levou Moraes a cobrar explicações. Em decisões anteriores, o ministro advertiu que Bolsonaro não poderia se utilizar das redes sociais de terceiros para driblar a proibição imposta, sob risco de prisão.>
Em sua manifestação, a defesa argumenta que o ex-presidente não foi o responsável pela divulgação das imagens e que ele só voltará a se manifestar publicamente após novo esclarecimento da Corte. “Em sinal de respeito absoluto à decisão da Suprema Corte, o Embargante não fará qualquer manifestação até que haja o esclarecimento apontado nos presentes Embargos”, afirmam os advogados.>
Além disso, a defesa recorreu da decisão que ampliou o entendimento sobre a restrição de uso de redes sociais, incluindo nela a proibição da veiculação de entrevistas, em áudio, vídeo, texto ou retransmissão, por perfis de terceiros. Os advogados pedem que o STF defina com precisão o alcance das proibições, inclusive quanto ao contato com a imprensa.>
As restrições foram impostas no contexto da investigação que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Bolsonaro é réu no Supremo acusado de participar de articulações para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. As medidas cautelares, que incluem o uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar, foram determinadas por Moraes, que considerou haver risco de fuga e de obstrução das investigações.>
Medidas impostas a Bolsonaro>
Desde 18 de julho, Bolsonaro está obrigado a cumprir uma série de determinações judiciais, entre elas:>
Uso de tornozeleira eletrônica;>
Recolhimento domiciliar noturno (das 19h às 6h) e integral nos fins de semana, feriados e folgas;>
Proibição de entrar em embaixadas e consulados;>
Proibição de contato com autoridades estrangeiras, investigados ou réus;>
Proibição de utilizar redes sociais, direta ou indiretamente.>