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Da Redação
Publicado em 6 de fevereiro de 2020 às 09:33
- Atualizado há 2 anos
O presidente Jair Bolsonaro promete dar um “cartão vermelho” a ministros que usarem o cargo e as ações de suas pastas para se promover eleitoralmente. A declaração foi dada em entrevista exclusiva ao Estado nesta quarta-feira (5) após cerimônia que marcou os 400 dias de seu governo no Palácio do Planalto.>
Bolsonaro afirmou que sua prioridade neste ano é fazer uma reforma tributária que “em 30 anos nunca foi feita”. “Não importa quem vai ser o pai da criança”, disse, fugindo da disputa entre Câmara e Senado sobre qual das propostas será aprovada.>
Ao comentar a possibilidade de fazer uma indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente afirmou que, caso reeleito, poderá ter vaga para todos os ministros cotados, inclusive o ministro da Justiça, Sérgio Moro. “Dá para os três e mais um.”>
Qual é o balanço dos 400 dias de governo? Eu sabia que não ia ser fácil, mas temos também realizações. Dependemos em grande parte do Parlamento, em parte estamos sendo atendidos. >
Qual será a marca do segundo ano de governo? Muita coisa já aconteceu. Os números estão aí para mostrar: economia, combate à violência, concessões, aberta do comércio para o mundo. Temos a reforma tributária conduzida pela equipe econômica – e não importa quem vai ser o pai da criança, se a Câmara ou o Senado. Eu quero é fazer depois de 30 anos uma reforma tributária que nunca foi feita.>
O que o sr. estabeleceu como meta deste ano para seus ministros? Não vou falar porque se não serei cobrado lá na frente. Acredito que a reforma tributária e administrativa, sendo aprovadas até a metade do ano, vai impulsionar a economia, que é o motor de tudo o que acontece no Brasil.>
Como está conduzindo a escolha do nome para o Supremo? No momento, tenho três “supremáveis”. Não vou falar os nomes deles, certo? Pode ser que apareça um quarto.>
Os ministros… (interrompe a repórter antes de citar Moro, o advogado-geral da União, André Mendonça, e o chefe da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira) Não vou responder. Agora, se eu for reeleito, vamos ter um total de quatro vagas. Dá para os três e mais um.>
Existe um projeto no Senado para mudar o critério de escolha. O que o sr. pensa disso? Acho que não vai para frente. (Pela proposta) eu não escolheria um nome da lista tríplice, quem vai escolher é o Senado. Está bem claro no projeto que um nome sairia da OAB. Imagina quem vai sair da OAB? Pelo amor de Deus! A regra não pode mudar com o jogo andando. Haveria reação da sociedade.>
E as mudanças da Casa Civil? Na semana passada…. Outra pergunta.>
E outros ministérios... Outra pergunta.>
O sr. não fala de mudanças? Não. Tudo o que tiver que mudar em ministérios será mudado na hora certa e se tiver que mudar. Nós já mudamos quatro ministros.>
Atualmente, quem são os seus principais conselheiros? Todos as pessoas que estão próximas a mim têm minha confiança e dou a liberdade para me alertarem. O meu principal conselheiro é a minha humildade.>
Como lida com disputa de poder no entorno da Presidência? Se algum ministro quer ser eleito, que abra o jogo. E se, porventura, estiver usando ministério para seu respectivo Estado, vai pegar um cartão vermelho de primeira. É cartão vermelho na hora. Tem que trabalhar aqui para o Brasil como um todo. Não estou vendo movimentação por parte de nenhum ministro para ser vereador ou prefeito neste ano. É direito deles, mas usar o ministério não posso admitir.>
E como o sr. se posicionará nas eleições municipais? Você não me viu em nenhum momento dizer que vou apoiar qualquer pessoa.>
Nem o (José Luiz) Datena? Venho conversando com o Datena, ele pretende (se candidatar a prefeito de São Paulo). Estou abrindo o jogo para ele, mas eu não posso decidir o partido para ele porque eu não tenho partido.>
Sobre o combustível, o sr. conversou com o ministro Paulo Guedes antes de falar em zerar tributos federais… A conversa tem sido com o ministro das Minas e Energia (Bento Albuquerque) e com o presidente da Petrobrás (Roberto Castello Branco). Há uma pressão para cima de mim, como se eu fosse o responsável pelo preço final.>
Qual é a alternativa? O ICMS tem que ser um valor fixo no preço do combustível ou um porcentual em cima do preço da refinaria. Agora, os governadores não querem perder a receita e tem esse joguinho aí. Pelo menos, está servindo para a gente mostrar quem é que ganha dinheiro em cima do combustível. Tem um lobby muito forte também dos transportadores, refinaria, distribuidores…>
O governador de São Paulo (João Doria) disse que este seu discurso é populismo. Vamos falar de coisa séria? Não vem me falar desse nome do governador de São Paulo para mim, não. Pergunte se ele sabe o que é “Bolsodoria” (slogan usado pelo tucano na campanha) e se o autorizei a usar alguma vez na vida. Esquece.>
Como compensar a queda da arrecadação ao zerar tributos que incidem no combustível? Problema é deles (governadores). Não estão reclamando que eu devo diminuir o meu? Vamos diminuir todo mundo.>
E sobre a Educação: o sr. fazia elogios afirmando que o Enem não tinha tido problemas, mas houve. Já foi resolvido. Problemas acontecem. Tivemos problemas seríssimos em outras edições do Enem também. >
O sr. concorda que o governo pague pensão a filhas solteiras de ex-servidoras civis da União? Não vou falar sobre isso. Tem que respeitar independentemente de ser filho do Executivo, de militar ou do Judiciário. O que está aí temos acertado que a gente não mexe. É daqui para frente.>
Quais diretrizes o sr. definiu para a Regina Duarte na Cultura depois que ela aceitou “casar”? Até a consumação do ato, o casamento pode ser desfeito (a nomeação dela ainda não foi oficializada). A Regina tem um coração enorme, realmente é a “namoradinha do Brasil” e ela está se ambientando. Nós estamos abrindo para ela o que é a Cultura. Estamos nos dando muito bem.>
O sr. está satisfeito com o relacionamento com o Congresso? O que precisa azeitar? É igual a um casamento, tem umas briguinhas, mas lá na frente a gente dorme embaixo dos meus cobertores (Bolsonaro solta uma gargalhada).>
O sr. quer dizer que o Parlamento dorme embaixo dos seus cobertores? A gente dorme junto. É o preço para a gente ser feliz.>
Caso aprovada a exploração das terras indígenas, será possível garantir a fiscalização? Por que os críticos não vão lá fiscalizar? O garimpo ilegal existe, o desmatamento ilegal existe, e não queremos dizer que vamos botar um fim nisto, mas nós vamos dar uma arrumada nesta questão. Tudo que é proibido, sem meio para fiscalizar, é pior do que não tentar legalizar.>
A Câmara tem evitado propostas que contrariem as pautas de costumes do governo? Não vejo a Câmara votar mais nada neste sentido, até porque sabem que vão perder tempo. Eu veto aqui e dificilmente vão derrubar o veto lá, porque essas pautas sempre passam com votação bastante apertada. Quem é a nossa ministra da Mulher, Direitos Humanos e Família? É a Damares (Alves), não é a Maria do Rosário (PT-RS).>
Como sr. lida com denúncias envolvendo seus auxiliares? Tenho um pessoal que converso aqui, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e o respectivo ministro. A denúncia que, porventura, chega, muitas vezes é “fake”. Não posso agir somente por ver uma matéria no zap (WhatsApp), no Facebook de alguém, na imprensa. Até porque tem muitacontrainformação.>
O que aconteceu até agora (envolvendo sua equipe)? Nada. Já acabou o seu tempo.>