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Agência Correio
Publicado em 13 de julho de 2025 às 11:00
O gaslighting é uma forma de abuso psicológico sutil, porém devastadora, usada para fazer alguém duvidar de sua percepção, memória e sanidade. >
Por meio de comentários que parecem inofensivos, o manipulador consegue desacreditar emoções, negar fatos concretos e empurrar a vítima para um estado de constante insegurança. Trata-se de uma prática muito comum em relações abusivas afetivas, familiares ou profissionais e reconhecer suas manifestações é fundamental para combatê-la. >
Abuso psicológico
Segundo a psicóloga de Harvard, Dra. Cortney Warren, há um conjunto de frases recorrentes usadas por quem pratica o gaslighting. >
Essas expressões são projetadas para transferir culpa, invalidar sentimentos e manter o controle emocional sobre a outra pessoa. Saber identificá-las e responder de forma assertiva é essencial para preservar a saúde mental e romper esse ciclo prejudicial.>
Essa frase tenta minimizar a reação emocional da vítima, tratando-a como algo desproporcional ou sem motivo. Quem a usa quer, na verdade, desviar o foco do impacto de seus próprios atos, rebaixando a importância da dor ou desconforto causado. Isso mina a autoconfiança de quem escuta, que passa a pensar que está sempre reagindo de maneira errada.>
Uma maneira de enfrentar esse tipo de comentário é afirmar com clareza: “essa foi minha reação diante do que aconteceu, e tenho o direito de sentir assim”. Reafirmar os próprios sentimentos ajuda a neutralizar a tentativa de distorcer sua experiência emocional.>
Essa expressão procura transformar a sensibilidade da vítima em um defeito, como se a capacidade de se emocionar ou se abalar fosse algo negativo. O objetivo é desqualificar a dor do outro e torná-lo o problema da situação, reforçando a ideia de que ele deveria “aguentar calado”.>
Para reagir, é importante validar sua própria sensibilidade. Dizer algo como “minha sensibilidade é parte de quem eu sou, não um erro” é um passo para impedir que o manipulador continue usando essa narrativa para controlar ou desmerecer suas emoções.>
Uma das formas mais perigosas de gaslighting é negar o que realmente aconteceu. Ao dizer que a vítima está “inventando”, o manipulador tenta apagar ou reescrever eventos reais, gerando confusão. Essa tática pode fazer com que a pessoa questione sua memória, levando a um sentimento de desorientação profunda.>
Para se proteger, é útil confiar em sua percepção dos fatos e, quando possível, registrar conversas ou eventos importantes. Ao reagir, você pode dizer: “essa é a minha lembrança do que aconteceu, e ela é válida”.>
Chamar alguém de “louca” é uma agressão direta à sua sanidade, e por isso essa frase é uma das mais violentas dentro do gaslighting. >
Ao atacar o estado mental da vítima, o manipulador tenta deslegitimar qualquer argumento ou sentimento, criando uma cortina de descrédito que pode ser difícil de atravessar.>
A resposta ideal é uma afirmação firme de limites, como: “isso é desrespeitoso e não aceito esse tipo de tratamento”. Além disso, buscar apoio emocional e psicológico pode ser crucial para recuperar a confiança em si mesma.>
Essa é uma forma de culpabilizar a vítima por tentar estabelecer um diálogo ou levantar um problema real. Ao rotular a tentativa de conversa como provocação, o manipulador evita lidar com o conteúdo da queixa e joga a responsabilidade pelo conflito na outra pessoa.>
Uma resposta eficaz é: “não estou procurando brigar, estou tentando resolver um problema”. Essa frase ajuda a devolver o foco à comunicação construtiva e interrompe a inversão de culpa.>
Com esse comentário, o abusador tenta apressar o processo emocional da vítima, desconsiderando o tempo que cada um precisa para lidar com suas dores. Essa postura é uma maneira de evitar o desconforto de assumir responsabilidade ou ouvir sobre os próprios erros.>
A vítima pode responder com firmeza: “vou superar isso no meu tempo, não no seu”. É uma forma de reafirmar o direito ao luto, à mágoa e ao tempo de cura.>
Essa frase é uma tentativa direta de fazer a vítima duvidar da própria percepção, rotulando seus sentimentos ou experiências como “imaginação”. Ela alimenta o medo de estar sendo irracional, quando, na verdade, o que está sendo dito ou vivido é absolutamente legítimo.>
Ao ouvir isso, vale reafirmar a própria vivência: “meus sentimentos não são invenção — são reais para mim”. Isso ajuda a restaurar a conexão com a própria realidade.>
Com esse tipo de comentário, o manipulador transfere toda a culpa dos conflitos para a vítima, reforçando a ideia de que ela é incapaz de manter um relacionamento saudável. Isso pode gerar sentimentos de culpa, vergonha e inadequação, afetando a autoestima de forma contínua.>
A forma mais saudável de responder é identificar a manipulação e se distanciar da generalização: “uma situação difícil não define quem eu sou”. Esse tipo de afirmação ajuda a romper com o ciclo de culpa imposto pelo abusador.>
Essa frase apela para a culpa emocional, condicionando o amor a um comportamento que favorece apenas o manipulador. Trata-se de uma chantagem afetiva que pressiona a vítima a agir contra seus próprios limites, desejos ou valores, apenas para manter a relação ou evitar o abandono.>
É importante reagir com clareza: “amar não significa fazer tudo o que o outro quer, especialmente se me prejudica”. Reconhecer esse padrão de manipulação é um passo essencial para se libertar dele.>