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Perla Ribeiro
Publicado em 14 de novembro de 2025 às 10:40
Cerca de 400 mil pescadores artesanais vão começar a receber retroativamente o seguro-defeso referente aos anos de 2015 e 2016. O pagamento foi viabilizado por acordo entre a Advocacia-Geral da União (AGU), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e a Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores (CNPA). O desembolso concretiza a reivindicação de milhares de pescadores que aguardavam, há uma década, o benefício referente ao período em que foi suspenso. >
O seguro é um benefício de um salário-mínimo que o INSS paga a pessoas que dependem exclusivamente da pesca de pequeno porte durante o período em que atividade é proibida para garantir o crescimento e reprodução das espécies. Quando o governo federal suspendeu o período de defeso, em 2015 e 2016, o pagamento do seguro foi interrompido, o que gerou um grande volume de ações judiciais.>
Para resolver a questão de forma ampla e definitiva, foi firmado um acordo nacional com a mediação da Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Pública Federal (CCAF), órgão da AGU. O acordo estabelecia que todos os pescadores que atendiam aos requisitos legais para o recebimento do benefício seriam contemplados, além de extinguir as ações coletivas sobre o tema.>
A decisão acontece após o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) concluir a análise administrativa de parcela dos potenciais beneficiários e liberar à CNPA uma listagem já validada, conforme previsto no acordo homologado judicialmente. A entrega foi feita pela Procuradoria-Geral Federal à entidade, que agora inicia as etapas finais de execução.>
A medida não contempla pescadores que, administrativamente ou em ações judiciais individuais, já tenham recebido o benefício ou que tenham tido seus pedidos julgados improcedentes. Eventuais recebimentos em duplicidade ou indevidos deverão ser devolvidos, bem como poderão resultar em responsabilização na esfera criminal.>
Uma das etapas mais importantes da execução diz respeito à forma de validação da adesão de cada beneficiário. Conforme informado na petição protocolada à 16ª Vara Federal da Seção Judiciária do DF, o INSS validará as adesões (feitas por cada pescador elegível na plataforma da CNPA) por meio do aplicativo “Meu INSS”, com abertura de uma tarefa para prova de identidade.>
Conforme os pescadores forem confirmando suas adesões no aplicativo, o INSS elaborará as chamadas listas definitivas para expedição de Requisições de Pequeno Valor (RPV), que serão enviadas periodicamente à Justiça Federal para que os pagamentos sejam finalmente liberados.>
O que o pescador deve fazer agora?>
Caso ainda não tenha feito a adesão, é possível aderir gratuitamente. Basta acessar o portal do seguro-defeso, preencher os dados e anexar os documentos exigidos. Os pescadores incluídos na listagem começarão a receber, pelo aplicativo Meu INSS, uma tarefa individual para validação da identidade e confirmação dos dados. É essencial que essa etapa seja cumprida para liberação do pagamento. Aguardar a emissão das RPVs. Após o cumprimento das tarefas, o INSS enviará os dados à Justiça Federal, que autorizará a expedição das RPVs para pagamento direto aos pescadores.>
Os pescadores precisam estar atentos para não serem vítimas de golpistas. É essencial acompanhar os canais oficiais da CNPA e do Seguro Defeso 2015/2016. “As comunicações da CNPA, Justiça Federal e INSS são publicadas pelos sites institucionais. Em caso de dúvidas, procure sua entidade vinculada à CNPA. O mais importante é ressaltar que o pescador não precisa gastar um centavo para cumprir o procedimento e vai receber o que é de direito diretamente na sua conta”, afirmou o presidente da CNPA, Edivando Soares.>
“Essa é uma vitória histórica. Depois de quase dez anos de batalhas judiciais, estamos garantindo o que é de direito da categoria. Agora é hora de acompanhar, cumprir os passos e aguardar o pagamento”, completou Soares. A CNPA também disponibilizou em seu site um chatbot via WhatsApp para auxiliar os pescadores com respostas rápidas sobre o Acordo, dúvidas frequentes e o status de adesão. A ferramenta está disponível aqui.>