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Larissa Almeida
Publicado em 15 de maio de 2025 às 11:25
O desfecho de um dos mais célebres romances do século passado se repetiu na vida real. Um casal, que vivia no interior de São Paulo, morreu no mesmo dia após 77 anos de união – sendo 74 anos de casamento. Apenas dez horas de diferença separou a confirmação de óbito dos dois. A história chamou atenção por lembrar o livro Diário de Uma Paixão, que inspirou um filme de mesmo nome. >
Identificados como Odileta Pansani de Haro e Paschoal de Haro, de 92 e 94 anos, respectivamente, o casal se conheceu na praça da Matriz de Votuporanga, no interior paulista, na década de 40. Segundo a Folha de S. Paulo, ela tinha 15 anos e havia chegado recentemente de Mirassol, enquanto ele era um ano mais velho e era natural da cidade. >
O romance entre os dois começou de forma inusitada. Um dia, na praça, Paschoal rodava uma correntinha no ar quando ela voou e caiu no braço de Odileta. A partir daí, eles começaram a conversar e deram início a um namoro através de cartas. O casamento ocorreu três anos depois, no dia 15 de abril de 1951, na fazenda dos pais de Odileta, no dia em que Paschoal completou 20 anos. >
Odileta e Paschoal tiveram seis filhos, sendo que Sílvia, a primogênita, morreu de leucemia em 1997, aos 33 anos. Apesar do período difícil, o casal conseguiu unir ainda mais a família. Enquanto Odileta cuidava da casa, Paschoal trabalhava em uma loja de tecido e depois de calçados, que mantinha com os irmãos. >
Todos os domingos eram dias de comemoração. Os dois reuniam em casa a família e faziam festa. No dia 15 de abril, especificamente, a festa era maior pelo aniversário de casamento dos dois e pelo aniversário da primeira nega e da primeira bisneta. Nos últimos anos, a frequência dessas reuniões familiares diminuiu depois que Odileta foi diagnosticada com Alzheimer – assim como Allie, protagonista de Diário de Uma Paixão. >
No ano de 2023, Paschoal descobriu um câncer no intestino. Segundo os médicos, o único tratamento possível era o paliativo. Nesse período, ele viveu preocupado com a possibilidade de a morte dele causar sofrimento à esposa. >
"Ele pedia a Deus para levá-la primeiro e ele no mesmo dia. E foi realmente o que aconteceu, com dez horas de diferença. Ela às 7h e ele às vezes 17h", contou o filho do casal Luciano de Haro, 63 anos, à Folha de S. Paulo. >
Odileta e Paschoal foram velados na mesma sala, um dia após a morte, que ocorreu em 17 de abril. Ela foi enterrada antes e ele na sequência, como queria. Os dois deixaram cinco filhos, seis netos e quatro bisnetos. >