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Carol Neves
Publicado em 21 de julho de 2025 às 08:15
A enfermeira Clarissa Costa Gomes, de 31 anos, enviou uma mensagem de "SOS" para uma amiga momentos antes de ser assassinada a facadas pelo namorado, Matheus Anthony Queiroz, no dia 9 de julho, em Fortaleza. A amiga, que havia participado de uma reunião on-line de trabalho com Clarissa pouco antes, inicialmente interpretou o pedido como uma dúvida sobre o conteúdo discutido. Horas depois, descobriu que era um último apelo desesperado. >
O crime ocorreu na casa onde Clarissa morava com a mãe, no Bairro Jardim Cearense. Testemunhas relataram ter ouvido gritos de socorro por volta das 15h20, mas não conseguiram identificar a origem devido ao som abafado. Vizinhos também relataram pancadas, que, segundo o Ministério Público do Ceará (MPCE), eram o agressor batendo a cabeça da vítima contra superfícies. Matheus utilizou uma faca da residência para desferir 34 golpes contra Clarissa. Após o crime, ele tomou banho, trocou de roupa e fugiu, deixando o portão aberto. >
O MPCE denunciou Matheus por feminicídio qualificado, com aumento de pena por motivo torpe (não aceitar o término), meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Em depoimento, o acusado primeiro negou ter visto Clarissa no dia do crime e depois alegou não lembrar do ocorrido. Ele está preso preventivamente. >
Relacionamento marcado por controle e violência>
Clarissa e Matheus se conheceram na igreja e namoravam desde outubro de 2023, segundo reportagem do G1. Amigas relataram que ela vinha considerando o término nos últimos meses devido a episódios de ciúmes, grosseria e falta de comprometimento profissional dele. Matheus, técnico em gestão ambiental, estava desempregado e havia sido demitido de um trabalho arranjado por Clarissa após tratar mal clientes. Ele também perdeu um emprego em uma empresa de energia solar por faltas repetidas. >
Em conversas com amigas, Clarissa revelou o desgaste do relacionamento. "Ele vive faltando... eu tenho que ficar buscando ele, aí eu fico brigando, me desgastando", disse em uma mensagem. Para evitar conflitos, ela chegou a tornar seu perfil nas redes sociais privado. >
Quem era a vítima>
Formada em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Clarissa trabalhava em dois hospitais públicos e estava prestes a assumir novos cargos em unidades de referência. Colegas a descreveram como "tranquila, acolhedora e extremamente competente". Um amigo destacou: "Era estudiosa, correta e muito pacata. Teve uma mãe presente que a amava em todas as etapas da vida". >
O crime chocou quem convivia com a enfermeira. "Jamais imaginávamos que algo assim poderia acontecer com ela", disse uma colega de trabalho. O caso agora aguarda julgamento, enquanto familiares e amigos buscam justiça pela vida interrompida de Clarissa.>