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SUV blindado custa a partir de R$ 1,5 milhão, mas você não poderá comprá-lo. Saiba porque
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2019 às 16:44
- Atualizado há um ano
Desde que experimentei o VBTP-MR Guarani, em 2016, soube que a Iveco iria fornecer um outro modelo para o Exército. Era o LMV, uma viatura blindada multitarefas, que pode ser utilizada para reconhecimento, patrulha, plataforma de sistemas de armas leves e para evacuação médica, entre outras aplicações.
Confira o vídeo:
Apesar da confirmação do fornecimento, o processo ainda não começou. Inicialmente, serão 32 unidades importadas da Itália, seguidas pela montagem de 77 no Brasil em dois lotes, até a produção local. No entanto, a Iveco possui uma unidade para teste em Sete Lagoas, Minas Gerais, onde já produziu 400 unidades do Guarani.
Depois de muitas negociações, a Iveco Defesa, divisão da marca italiana que produz modelos especiais para uso militar, concedeu um dia de avaliações para o CORREIO. Mas havia uma condição: imagens internas não seriam autorizadas. Partimos para Minas Gerais ao encontro doLMV, Light Multirole Vehicle ou Veículo Leve Multitarefas. São 40 cm de altura livre do solo Giovanni Giordani, engenheiro da Iveco Defesa, explicou como funciona o veículo e partimos para a pista. O modelo não utiliza chave e a partida é similar a de um carro de corrida. Primeiro é preciso ligar a bateria, acionar uma tecla para energizar os componentes e depois acionar a ignição. Os cintos de segurança, para todos os cinco ocupantes, são de cinco pontos - basicamente do mesmo tipo dos utilizados em competição, que variam entre quatro e cinco pontos. Outro detalhe, há ar-condicionado (bem potente) e saídas de ar para o banco traseiro.
Depois de me instalar no cockpit, abrindo a pesada porta, e afivelar o cinto, puxei a alavanca do câmbio automático para o "Drive" - existem ainda três marchas de força - e saí para a pista circular de asfalto. Aí veio a primeira surpresa: apesar das dimensões (O jipão impressiona pela sua imponência: são 4,87 metros de comprimento e 2,20 m de largura) e do peso (6,1 toneladas), que equivale ao de três picapes médias, o MVL é fácil de ser conduzido. Mas o ruído interno é alto, seja pelo ranger da carroceria - montada sobre um chassis - ou pelos reforçados pneus em contato com o asfalto. Para quem gosta, aumenta o ritmo de aventura. Há iluminação civil e também militar Mas a sensação de comando desta máquina blindada veio quando partimos para o teste na terra. Nessas condições, a dirigibilidade é mais afinada e o veículo com tração integral responde rapidamente. O raio de giro é muito bom, o que permite manobras em locais apertados e a traseira tende a sair um pouco, o que facilita mudanças rápidas de direção. É incrível como os engenheiros conseguiram um ajuste tão bom para um utilitário deste porte. Outros destaques são a capacidade de atravessar áreas alagadas com até 1,5 metro de profundidade, graças ao snorkel e boas vedações, e o vão livre de 40 centímetros que garante facilidade ao trafegar em terrenos com pedras e menor risco de atolamento.
O motor que move o LMV é fornecido pela FPT, empresa do mesmo grupo da Iveco, tem 3 litros e rende entre 190 cv e 220 cv de potência e seu torque pode chegar a 50 kgfm. Esse propulsor turbinado normalmente utiliza óleo diesel, mas é possível também abastece-lo com gasolina de aviação, desde que contenha 10% de diesel. A transmissão é feita sob encomenda pela alemã ZF e tem oito velocidades. A tração pode ser reduzida e os diferenciais, incluindo o central, bloqueados. A suspensão é independente nas quatro rodas. A velocidade máxima é de 130 km/h Por baixo da pintura camuflada, essa viatura blindada multitarefas, leve sobre rodas (VBMT-LR) abriga uma proteção balística nos níveis 2 para energia cinética e 2A para explosões de minas e os temidos artefatos explosivos improvisados. Além da blindagem nas laterais (chapas e vidros) e no teto, há proteção contra minas no piso da cabine. E, na parte inferior, tudo foi desenvolvido para absorver ou desviar a energia de uma explosão, evitando que se convertam em projéteis secundários que possam ferir os ocupantes.
Outro detalhe, os bancos são ancorados no teto. Assim, em caso de explosão de uma mina os soldados ficam mais protegidos. Já o tanque de combustível é envolvido por uma espuma para proteção contra explosivos. Os pneus são da linha XForce da Michelin, eles podem rodar furados e têm medidas robustas: 325/85 R16. Essa foi a única foto interna autorizada No mundo O veículo já foi adotado por vários países que fazem parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), entre eles, Itália, Espanha, Bélgica, Áustria, Inglaterra e Noruega, e já foi utilizado em missões no Afeganistão, Líbano, Kosovo e Chade.
De acordo com a Iveco Defesa, o LMV foi projetado para ser compatível com os recursos de direção de imagem térmica e NVG (óculos de visão noturna) para possibilitar a condução noturna. A empresa destaca ainda a alta confiabilidade, facilidade de manutenção e baixos custos de operação foram considerações importantes. Certamente, essas questões foram observadas pelo Exército para a aprovação do modelo em relação aos rivais. A capacidade de rampa é de até 60% A estimativa é que cada unidade custe a partir de R$ 1,5 milhão. É o valor inicial, já que o LMV pode ser equipado com armas ou com equipamentos médicos. Atualmente, existem 4 mil unidades deste veículo, todas feitas em Bolzano (Itália), rodando em diversos países, e o Brasil pode ser o próximo a produzi-lo. A expectativa da filial brasileira é que seriam necessários 90 dias para a fabricação completa. 400 unidades do Guarani já foram feitas no país Guarani é produzido em Minas Gerais Fruto da parceria entre a Iveco e o Exército Brasileiro, o VBTP-MR Guarani, um blindado anfíbio com capacidade para até 11 tripulantes, é o primeiro modelo projetado e fabricado na unidade da Iveco Veículos de Defesa no Brasil – a única fora da Europa. Cada unidade leva até quatro meses para ficar pronta e custa entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões, a depender do nível de armamento aplicado. Atualmente, a fábrica brasileira trabalha em um turno, mas pode chegar a três, caso o Exército tenha uma demanda maior.
*O jornalista viajou a convite da Iveco