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Proposta dividiu categoria de motoristas de aplicativo
Rede Nordeste, JC
Publicado em 7 de março de 2024 às 19:03
A proposta de regulamentação dos motoristas de aplicativos tem gerado incertezas e questionamentos entre muitos indivíduos.
Caso o Projeto seja aprovado, é natural que surjam dúvidas: as corridas de Uber se tornarão mais caras? Governo Lula quer taxar Uber? Quais serão as mudanças efetivas?
O Projeto de Lei Complementar (PLC) foi endossado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e encaminhado ao Congresso Nacional para deliberação.
A regulamentação propõe estabelecer um patamar mínimo de remuneração para os profissionais dessa categoria, bem como a obrigatoriedade de contribuição previdenciária ao INSS.
As empresas de transporte por aplicativo mantiveram-se reservadas quanto à possível repercussão nos preços das corridas.
Em suas notas sobre o projeto de Lei, a Uber, por exemplo, não mencionou alterações nos custos após a regulamentação.
Segundo o professor de Direito e Processo do Trabalho, o advogado Carlos Eduardo Ambiel, ao introduzir uma nova contribuição para os empregadores, ou seja, mais um encargo, "há o risco de os consumidores serem sobrecarregados com o aumento dos preços dos serviços ou até mesmo com o fechamento de empresas no Brasil", destaca Ambiel.
Por outro lado, Washington Barbosa, especialista em Direito Previdenciário, mestre em Direito das Relações Sociais e Trabalhistas, e CEO da WB Cursos, argumenta que a legislação trabalhista necessita de atualizações.
“Criada na década de 40 e mesmo com algumas alterações, a CLT não contempla as novas relações de trabalho, como essa, dos trabalhadores autônomos em plataformas digitais”. Barbosa entende que segurança previdenciária é fundamental, “mas preferia que não houvesse nenhuma regulamentação”, diz o especialista em Direito Previdenciário.
“Do ponto de vista da segurança previdenciária a proposta é razoável”, diz Barbosa, mas questiona outros aspectos da regulação. “Salário mínimo/hora e jornada de trabalho, por exemplo, um empresário como profissional autônomo não tem esses aspectos”.
Ainda sobre a contribuição previdenciária, Barbosa chama a atenção para a alíquota de 7,5%, que será aplicada sobre 25% do faturamento.
“Nós sabemos que o trabalhador autônomo, o contribuinte individual, paga 20% do seu faturamento e isso deverá ser um ponto de atenção nas discussões do Congresso”.
Uma outra preocupação suscitada diz respeito aos direitos previdenciários que os motoristas terão caso o projeto seja aprovado na forma como está proposto.
“Enquanto o autônomo tem direito apenas a aposentadoria por tempo de serviço”, diz Barbosa destacando que “os motoristas de aplicativos autônomos terão todos os benefícios previdenciários como, aposentadoria, pensão por morte, auxílio incapacidade temporária e permanente, a antiga aposentadoria por invalidez.”
Barbosa destaca como aspectos positivos do PLC a possibilidade de recorrer à arbitragem em caso de impasse nas negociações coletivas, a não imposição de exclusividade e a ausência de limitação na jornada de trabalho.
Entretanto, ele identifica como pontos negativos a multa por violação da lei, que pode chegar a até 100 salários mínimos, a imposição de um salário mínimo como piso salarial e a exigência de reajuste anual, no mínimo equivalente à variação do salário mínimo.
Os especialistas concordam que o texto, submetido com urgência constitucional, o que confere um prazo de 45 dias para análise pela Câmara e outros 45 dias pelo Senado, suscitará debates intensos entre os parlamentares.