Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Mãe descobre gravidez após bariátrica pelo SUS e filha nasce prematura com sequelas

Ela descobriu que estava esperando bebê logo depois do procedimento

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 3 de julho de 2025 às 10:48

Patricia Anny Baptista
Patricia Anny Baptista Crédito: Reprodução

A analista de RH Patricia Anny Baptista, de Curitiba (PR), passou por uma cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com o objetivo de perder peso e conseguir engravidar novamente. Na época, enfrentava obesidade grau II e convivia com problemas de saúde como gordura no fígado, pré-diabetes, hipertensão e dores nas articulações. O procedimento foi realizado em 25 de maio de 2017, menos de dois meses após os exames pré-operatórios.

Logo após a cirurgia, Patricia começou a vomitar tudo o que comia ou bebia. Um mês depois, chegou a desmaiar de fraqueza e precisou ser levada ao hospital. Foi durante os exames que veio a surpresa: ela já estava grávida de três meses. “Na hora eu surtei”, relembra ela, hoje com 45 anos, em entrevista à Marie Claire.

Durante toda a gestação, a dificuldade para se alimentar persistiu. Patricia afirma que vomitava até água e chegou a perder 30 quilos. Segundo ela, não foi oferecida nenhuma alternativa, como a nutrição parenteral, que mais tarde soube que poderia ter ajudado a preservar a saúde do bebê.

Apesar das previsões negativas dos médicos, que afirmavam que o feto não era viável, Patricia manteve a esperança. A filha, Camila, nasceu com 28 semanas, pesando apenas 540 gramas e medindo 28 centímetros e precisou ser reanimada. A bebê foi entubada imediatamente e levada à UTI, onde permaneceu internada por seis meses. Durante esse período, enfrentou diversas complicações graves, como paradas cardíacas, sepse, enterocolite necrosante e hemorragias cerebral e ocular. Camila recebeu alta com 2,5 kg, mas precisou continuar o tratamento em casa, com suporte de oxigênio e sessões intensas de terapia.

Segundo Patricia, a gravidez não foi identificada nos exames antes da cirurgia. Não há exigência legal de repetir o teste de gravidez imediatamente antes da operação, embora muitos cirurgiões peçam o Beta HGC como parte do pré-operatório. O período ideal para evitar gravidez após a bariátrica é entre 12 e 18 meses, por ser uma fase de rápida perda de peso e risco de desnutrição.

Camila hoje tem oito anos e enfrenta sequelas motoras, cognitivas, respiratórias e problemas na tireoide. Com apenas 14 quilos, é acompanhada por oito especialistas e realiza cinco tipos diferentes de terapias. Patricia também sofre as consequências emocionais da experiência: foi diagnosticada com transtorno de estresse pós-traumático no primeiro ano de vida da filha, faz uso de medicação controlada e ainda realiza sessões de terapia.

A família moveu um processo por negligência contra o hospital, argumentando que o exame de gravidez não foi refeito antes da cirurgia. Após cinco anos, a Justiça deu ganho de causa à instituição. Apesar do sofrimento, ela reconhece que a cirurgia bariátrica em si foi eficaz. Conseguiu estabilizar a saúde e manter o peso após o nascimento da filha. Mas a dor do que poderia ter sido evitado permanece. “Se tivessem pedido um beta hCG um dia antes da cirurgia, nada disso teria acontecido. Foi falta de zelo”, conclui.