Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

'Sem chão', diz a mãe de quatro crianças assassinadas pelo próprio pai, durante o júri

A previsão é de que o julgamento tenha três dias de duração

  • Foto do(a) author(a) Perla Ribeiro
  • Perla Ribeiro

Publicado em 14 de maio de 2025 às 09:19

'Sem chão', diz a mãe de quatro crianças assassinadas pelo próprio pai, durante o júri
'Sem chão', diz a mãe de quatro crianças assassinadas pelo próprio pai, durante o júri Crédito: Foto: Janine Souza/ DICOM/ TJRS

Mais de dois anos depois de ter os quatros filhos assassinados por David da Silva Lemos, ex-marido e pai das crianças, Thays da Silva Antunes prestou depoimento nessa terça-feira (13), primeiro dia do julgamento do crime que ocorreu em dezembro de 2022, em Alvorada, no Rio Grande do Sul. “Sem chão": essa foi a forma que ela conseguiu descrever como se sentiu após saber da morte dos quatro filhos. As vítimas são os irmãos Yasmin, 11 anos; Donavan, 8 ; Giovanna, 6; e Kimberlly, 3 . Três das crianças foram encontradas com marcas de facadas e uma com asfixia. As informações são do G1 RS.

Além da mãe, mais sete testemunhas prestaram depoimento no Salão do Júri do Foro local, no bairro Piratini. A sessão será retomada nesta quarta-feira (14), a partir das 9h. O Tribunal do Júri é presidido pelo Juiz de Direito Marcos Henrique Reichelt, da 1ª Vara Criminal Especializada em Júri da Comarca de Alvorada. Ainda serão ouvidas duas testemunhas e uma perita, além do interrogatório do réu. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), a previsão é de que o julgamento tenha três dias de duração. O Conselho de Sentença é formado por quatro juradas e três jurados.

A reportagem do G1 RS entrou em contato com a defesa, que afirma que "os trabalhos transcorreram dentro do que se esperava". No primeiro dia do júri, a acusação disse que "o crime foi motivado pela não aceitação do término de relacionamento com a ex-companheira, mãe das vítimas". Em seu depoimento, Thays falou sobre os 11 anos de relacionamento com o acusado e confirmou que ele era muito possessivo e ciumento. A gota d’água veio três meses antes do crime, quando ela teria sofrido uma agressão física. Em seguida, Thays conseguiu uma medida protetiva, mas os dois voltaram a se encontrar. "Fiz isso por medo", relembra.

Ainda nesta terça-feira, foram ouvidos um Delegado de Polícia, uma Policial Civil e dois Policiais Militares envolvidos na ocorrência. Conforme o delegado Augusto Zenon de Moura Rocha, responsável pelas investigações iniciais no dia do crime, o acusado demonstrava não aceitar o fim do relacionamento e as vítimas teriam sido mortas individualmente, no momento em que eram colocadas para dormir. Ainda segundo ele, ao ser preso, o homem alegou que as mortes teriam acontecido após discussões com a ex-companheira, motivadas por ciúmes e supostas traições.

Três das crianças foram encontradas em um dos quartos, deitadas nas camas. A faca usada no crime foi localizada no local pelos policiais. A filha mais nova, a quarta vítima, foi achada em outro cômodo, com sinais de asfixia. O acusado admitiu que cometeu os crimes sozinho. Ouvido durante a tarde, o avô materno disse que nunca imaginou que o ex-genro pudesse ferir as crianças — acreditava que uma atitude violenta poderia ser dirigida à ex-companheira, mas não aos filhos. A avó paterna, mãe do réu, também prestou depoimento, mas pediu sem a presença do público.

Conforme denúncia apresentada pelo Ministério Público (MP), o acusado teria praticado os crimes contra menor de idade; por motivo torpe, ao utilizar a morte dos filhos como ''instrumento de sofrimento à ex-companheira''; por meio cruel, ''desferindo nas vítimas múltiplos golpes com arma branca, causando-lhes extenso sofrimento'', disse o promotor de Justiça responsável pela denúncia, Marcelo Tubino. Além de asfixia, no caso da menina de 3 anos. O promotor acrescenta que os crimes foram praticados contra menores de 14 anos e contra mulher, por razões da condição do sexo feminino no âmbito de violência familiar, já que três das vítimas eram meninas.

As crianças foram encontradas mortas na casa onde estavam com o pai em Alvorada por volta das 19h30, de 13 de dezembro de 2022. No fim de semana que foi cometido o crime, elas foram para a casa da avó paterna e não retornaram para a casa da mãe na data combinada. "Jamais imaginei que ele tivesse feito o que fez", diz Thays. "Só queria que os meus filhos saíssem lá de dentro e fossem embora comigo. E não foi isso que aconteceu", desabafa.

Após o crime, quando familiares acionaram a polícia, David da Silva Lemos já havia deixado o local, mas foi encontrado no dia seguinte, em um hotel na capital. A mãe das crianças e David tiveram um relacionamento por 11 anos. Eles haviam se separado há cerca de três meses na época do crime. O rompimento foi motivado por uma agressão. Ela registrou um boletim de ocorrência e conseguiu medida protetiva contra o homem. O acusado está preso provisoriamente.