Traficante procurado na Espanha estava preso em SP

Apontado pela polícia como um dos traficantes mais procurados da Espanha, um homem cujo apelido é el Negro, de 41 anos, foi descoberto preso no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros 2, na Zona Oeste de São Paulo, como se fosse um mineiro de Borda da Mata. Ele estava foragido havia sete anos e aparece na lista dos 15 criminosos mais procurados da Espanha.

A descoberta, feita por policiais da Delegacia de Meios Eletrônicos do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic), aconteceu durante uma investigação sobre atividades ilegais de uma empresa prestadora de serviços gerais. O acusado é apontado como o representante de dois cartéis colombianos e suspeito de sociedade com o traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia.

El Negro deverá ser transferido ainda nesta sexta do CDP Pinheiros II para ser interrogado. Nascido no méxico, foi preso em 1999 por suspeita de ter feito a maior remessa de cocaína para a Espanha. Policiais interceptaram um carregamento de 11 toneladas da droga. O julgamento aconteceria em dezembro de 2001. Dias antes, o homem conseguiu liberdade condicional por meio de um laudo que atestaria o distúrbio bipolar e tendências suicidas. Livre, o preso fugiu.

Segundo a polícia, El Negro montou na Espanha a base de distribuição de cocaína para a Europa. Ele era o responsável pela cotação do quilo da droga comercializada no continente. No Brasil, utilizando nomes falsos, o traficante transformou uma firma de prestação de serviços gerais, cuja principal atividade era a limpeza de prédios, em uma empresa de locação de equipamentos industriais, limusines, lanchas, aviões e, também, mão-de-obra para faxina.

Documentação falsa

Os policiais do Deic iniciaram as investigações depois de uma denúncia sobre atividades de falsificação de documentos realizadas pela empresa. As apurações apontaram para vários endereços e sócios na cidade de São Paulo. Até aparecer o nome de um homem preso em maio de 2008 por tráfico de drogas. 'Nossa apuração era sobre o uso da empresa na falsificação de documentos. Mas percebemos que o crime poderia ser lavagem de dinheiro do narcotráfico', disse o delegado José Mariano de Araújo Filho. A equipe resolveu ouvir o comerciante. O delegado esteve no CDP em 30 de janeiro. O preso afirmou que sua documentação era legítima e não quis responder mais nada. Mas um detalhe chamou a atenção do delegado. El Negro, durante uma conversa informal, comentou que tinha um 'niño' - filho em espanhol. A aparência e o idioma abriram uma nova linha de apuração. Após a consulta em um banco de dados das polícias internacionais, surgiu a verdadeira identidade do preso. Ela foi confirmada por papiloscopistas e o resultado positivo no final da noite de quinta.

(As informações são do G1)