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Últimos corpos de pessoas mortas em operação no Rio deixam o IML: ' é muita dor'

De acordo com o balanço mais recente, os corpos de 99 pessoas já tinham sido identificadas pelo IML

  • Foto do(a) author(a) Perla Ribeiro
  • Foto do(a) author(a) Agência Brasil
  • Perla Ribeiro

  • Agência Brasil

Publicado em 1 de novembro de 2025 às 16:19

Últimos corpos de pessoas assassinadas em operação no Rio deixam o IML: ' é muita dor'
Últimos corpos de pessoas mortas em operação no Rio deixam o IML: ' é muita dor' Crédito: Joédson Alves/Agência Brasil

As últimas famílias das pessoas assassinadas na Operação Contenção, do governo do Estado do Rio de Janeiro, no início desta semana, nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte, começam a deixar o Instituto Médico Legal (IML), no centro da cidade do Rio de Janeiro. Até ontem (31), a Polícia Civil informou que faltavam ser identificados apenas oito corpos. De acordo com o balanço mais recente sobre a Operação Contenção, os corpos de 99 pessoas já tinham sido identificadas pelo IML.

Do total de corpos identificados, 42 deles tinham mandado de prisão pendente e 78 tinham envolvimento com o crime. Já 13 eram oriundos de outros estados, como Pará, Bahia e Amazonas, além de Ceara, Paraíba e Espírito Santo. Os familiares relatam alívio pelo fim da peregrinação atrás de filhos, primos e netos, mas também indignação com a tragédia.

Grávida de poucos meses, Karine Beatriz, 26 anos, esteve no IML para reconhecer o corpo do esposo, Wagner Nunes Santana, pai de seu bebê, após três dias de busca na mata. Na sexta, ela contou que ele foi retirado de dentro de um lago na Serra da Misericórdia, na Penha. 

Famílias reclamam de falta de informação: 'A gente quer pelo menos ter o direito de enterrar' por Agência Brasil/Divulgação

"Após três dias de buscas consegui localizar o corpo, mas alívio eu só vou ter com repostas para as perguntas que não vão calar: "de onde vem pena de morte, se existe presídio, presídio é apenas enfeite? Até quando vai isso? ", questionou o governo, sobre a alta letalidade das operações no Rio, nos últimos anos. "Temos crianças assustadas, uma comunidade abalada, é muita dor", desabafou.

Ela contou que, independente das razões que levaram o esposo para o crime, o companheiro era um pai de família, trabalhador, responsável pelo sustento da casa e o cuidado. "Independente dos erros dele, ele era trabalhador, era família. Semana passada, estava ajudando a erguer uma casa na comunidade, ajudou a fazer o 'cabelo maluco' da minha filha. Tenho uma filha de 9 anos, que não era dele e ele fez o cabelo dela para escola, levou para brincar. Sabe, são momentos que não vão voltar," explicou.

O corpo de Wagner foi retirado de um lago com um tiro na testa, segundo Karine. A polícia não esclareceu as circunstâncias do assassinato. Ela, conta que esteve desde os primeiros dias na mata e também denuncia execuções na ação. "Eles não vieram prender ninguém, eles foram para matar. É até mesmo quem se entregou, eles mataram. Eu procurei, desde o primeiro dia, eu procurei um por um. Não sei o que fizeram, mas enterro vai ter de ser caixão fechado", relatou.

O governo do Estado justificou a operação como forma de conter a expansão do Comando Vermelho, mesmo que não tenha conseguido cumprir os mandados contra os principais chefes da facção. Segundo a nota enviada à imprensa, as investigações indicavam que integrantes do grupo recebiam instruções em armamento, tiro, uso de explosivos e táticas de combate nas localidades visadas.

O trabalho também revelou que o fluxo de caixa da facção nessas áreas movimentava cerca de 10 toneladas de drogas por mês. "Tanto o Alemão quanto a Penha serviam como polos de abastecimento, distribuindo drogas e armas para outras comunidades controladas pelo grupo criminoso". 

Apesar dos questionamentos sobre a eficácia e os custos da operação para a cidade do Rio, que parou na terça-feira, mas não conseguiu prender os principais chefes do crime e retomar o controle do território, pelo Estado, ao lado da alta letalidade, o governador Cláudio Castro defendeu a ação:

"Tendo em vista estes resultados, a gente vê que o trabalho de investigação e inteligência foi adequado, todos perigosos e com ficha criminal. Também, pela identificação das origens desses 'narcoterroristas', reforço a importância da integração com os estados. Em breve, vamos entregar os relatórios completos para as autoridades competentes", disse o governador Castro, em nota, ontem.

Dos 99 corpos já identificados entre os mortos na Operação Contenção, até essa sexta-feira (31), 89 haviam sido liberados pelo Instituto Médico Legal para a retirada dos familiares. O instituto trabalha para identificar os 117 civis mortos na operação, e o trabalho pode ser concluído apenas no fim de semana. A operação também deixou quatro policiais mortos.

A Polícia Civil informou que está finalizando um documento de inteligência “com centenas de páginas, que reúne a qualificação dos criminosos mortos e uma análise detalhada sobre o papel estratégico dos complexos da Penha e do Alemão dentro da estrutura da organização criminosa”, diz em comunicado.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Subprocuradoria-Geral de Direitos Humanos e Proteção à Vítima (SUBDH), também trabalha para realizar uma perícia independente e acolher familiares dos mortos durante a liberação dos corpos das vítimas da Operação Contenção. A perícia contou com uma equipe de oito profissionais, sob acompanhamento integral de um promotor de Justiça integrante do Ministério Público. O governo federal também enviou 20 peritos criminais da Polícia Federal para reforçar os trabalhos de segurança pública no Rio de Janeiro, segundo informou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.