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Millena Marques
Publicado em 2 de fevereiro de 2024 às 05:00
A relação de amor do empreendedor carioca Rodolfo Araújo, 41 anos, pelo Carnaval de Salvador começou de forma inesperada. Em 2012, quando visitava o estado pela primeira vez, o plano era fugir da folia momesca soteropolitana e curtir as belezas naturais do distrito turístico de Praia do Forte, na Região Metropolitana. No entanto, os encantos carnavalescos da capital baiana fisgaram o carioca, que, desde então, integra o grupo de turistas que curtem o Carnaval em blocos e camarotes. Historicamente, esse número representa cerca de 70% dos abadás vendidos, de acordo com a direção do Quero Abadá. >
No primeiro ano de folia, há pouco mais de uma década, Rodolfo Araújo curtiu dois dias do Carnaval, com o bloco Voa Voa e Jammil. De lá para cá, o carioca esteve presente em todas as edições da festa, com exceção dos anos de 2021 e 2022, devido à pandemia da Covid-19. Desde 2018, o folião desce para avenida todos os dias, intercalando entre blocos e camarotes e, eventualmente, pipoca. >
Os ingressos para o Carnaval de 2024 foram garantidos em novembro de 2023, na promoção da Black Friday: o Me Abraça, com Durval Lelys, para o domingo, e o Eva, para o sábado. “O Eva é um bloco maravilhoso, não fica estupidamente lotado, e o Me Abraça é por causa da guitarra do Durvalino, que é diferenciada”, diz.>
No levantamento feito pela Quero Abadá, São Paulo, Rio de Janeiro e Sergipe lideram o ranking de estados que mais mandam turistas para curtir o Carnaval de Salvador em blocos e camarotes. Os estados representam, respectivamente, 15%, 11% e 7% dos clientes. Turistas estrangeiros representam 5% do total. A maior parte vem de países vizinhos como o Chile e o Uruguai.>
Cerca de 270 quilômetros separam a cidade de Itabaianinha, no interior sergipano, de Salvador. De carro, a viagem é feita em quase quatro horas, tempo que não é um problema para os foliões sergipanos. A biomédica e influenciadora digital Cris Vitório, 25 anos, fez esse percurso pela primeira vez no ano passado, depois de crescer em um lar apaixonado por Bell Marques. >
"O meu amor pelo Carnaval de Salvador começou desde pequena. Minha família ouve muito Bell Marques e, quando eu escutei, aquilo me cativou", diz a biomédica, ressaltando o sentimento de segurança e conforto ao curtir o Carnaval em blocos ou camarotes. >
Neste ano, a folia conta com um aperitivo ainda mais especial: as comemorações dos 10 anos de bloco Vumbora e dos 45 anos anos do tradicional Camaleão, ambos comandados por Bell Marques. "Estou ansiosa para buscar meus abadás me jogar nessa festa que eu amo. Sair no bloco Camaleão é a realização de um sonho", afirma. Cris garantiu abadás para o sábado de Vumbora e a terça-feira do Camaleão. No domingo, 11, a influenciadora ainda curtirá a folia em um dos camarotes do circuito Barra-Ondina. >
De acordo com Milton Moura, professor titular de História da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a escolha por blocos e camarotes tem relação com segurança, conforto e a busca por um público específico. "A maioria dos turistas gosta dos blocos que têm um público jovem maior e pessoas consideradas mais bonitas, com exceção de outros blocos, que não são por definição de classe média, mas há uma imagem de beleza", diz. >
O historiador define o Carnaval como a apoteose do mundo tropical, justificando o ponto alto do número de turistas na capital durante o verão. "O Carnaval é a culminância do verão. É como se fosse a apoteose do mundo tropical, feliz, um 'liberou geral', e muitos turistas vem para isso", afirma, ressaltando o fator viral que diz respeito ao status estabelecido nas redes sociais por causa da folia. >
"A pessoa agrega o momento vivido no Carnaval ao charme dela. Isso viraliza na mesma hora, em diversas redes sociais", afirma. >
A busca pelos abadás começa muito antes do Carnaval: mais precisamente uma semana depois da realização da festa, quando os ânimos ainda estão à flor da pele. “Nesse período, a gente tem aquele fervor das pessoas que foram à festa e gostaram. Iniciamos as vendas, e eles já compram”, diz o sócio-diretor da Quero Abadá, Vitor Villas Bôas. >
Depois do mês de março, o movimento diminui e só volta no segundo semestre do ano. Mas é em janeiro que a busca aumenta consideravelmente. “Devido ao carnaval desse ano ser no início de fevereiro, vendemos muitos abadás no mês de dezembro. Mas é em janeiro que temos o maior crescimento nas vendas”, afirmou.>
Alguns camarotes já estão esgotados. Entre eles o camarote Salvador, que vendeu todos os ingressos de sexta-feira (09) e do sábado (10) e o camarote Club, que não tem mais ingressos para a sexta-feira (09).>
Entre os blocos, o bloco Camaleão, liderado por Bell Marques, já não possui ingressos para o domingo, 11 de janeiro, dia mais badalado pelos foliões. “Os blocos mais procurados são os de Bell Marques, Durval Lélis e Xanddy Harmonia, além dos blocos das divas: Ivete Sangalo e Cláudia Leitte, que são os artistas da Bahia com uma grande projeção nacional”, diz Villas Bôas. >
Ainda conforme o diretor da Quero Abadá, os abadás para os outros dois dias de Camaleão, segunda (12) e terça-feira (14), costumam esgotar 10 dias antes do Carnaval. Enquanto a segunda-feira do bloco Coruja, sob o comando de Ivete Sangalo, esgota uma semana antes da festa, historicamente.>
O Correio Folia tem apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador>
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo >