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Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2022 às 06:00
Fotos: Reprodução/Instagram Difícil imaginar algo que a Bahia e a Coreia do Sul tenham em comum, a não ser o sucesso da sigla BTS – que lá é uma cultuada boy band e aqui é a Baía que nos dá nome. Porém, nos últimos dias, um nome nos tirou dessa triste dessemelhança: Kwon Min-sung, jovem de 22 ou 24 anos (explico mais adiante) dono do perfil Drop Me Off (@dropmeoff_) – na tradução do inglês, algo como “me tira dessa”.>
Tirando onda e ondinha, o rapaz tem feito sucesso especialmente com os internautas baianos dançando hits que, em alguns casos, parecem ainda restritos ao ambiente sonoro local – embora o alcance de seu perfil, com 1,4 milhão de seguidores no TikTok, seja mundial.>
Morador de Yongin, cidade da RMS (Região Metropolitana de Seul) onde fica um dos principais estúdios de k-dramas – os dramas coreanos que fazem sucesso em todo canto –, o rapaz parece mais um personagem de série de comédia, dado o invariável bom humor de suas performances. E o motivo de tanta alegria ele nos conta. >
“A vida na Coreia é realmente perfeita. (...) Eu moro na cidade de Yongin e estou muito feliz. É uma ótima cidade para beber. Gosto de beber álcool, exceto para dançar”, desliza sobre a cidade de 780 mil habitantes que, no inverno, faz frio de nevar.>
Para esquentar, Min-sung e os amigos costumam recorrer ao tradicional soju, bebida destilada de arroz que também o ajuda a pensar nas coreografias originais que lançará quando estiver sóbrio. Sim, ele não costuma decalcar a forma brasileira (ou baiana) de dançar.“Eu faço minha própria coreografia ou danço freestyle. Se gosto da coreografia de outras pessoas, aprendo seguindo, mas mudo para o meu estilo”, explica.O primeiro estilo brazuca que começou a ouvir foi o funk carioca. Aliás, foi justamente uma música que o fez ficar fissurado na cultura brasileira, motivando até tatuagem da nossa bandeira. “A primeira vez que me apaixonei pelo Brasil foi depois que ouvi ‘Oh Juliana’, no TikTok. A música era muito interessante e eu procurei o videoclipe e, naturalmente, me apaixonei”, conta, antes de refletir um pouco sobre afinidade e identidade.>
“Quanto mais sei sobre o Brasil, mais maravilhoso ele é. Achei muito que queria me parecer com os brasileiros. Claro que tenho orgulho de ser coreano, mas o brasileiro tem um charme diferente. E os fãs brasileiros são tão gentis e amáveis. São tudo na minha vida”, cita o rapaz, que começou a ensaiar os primeiros passos no modo BR em 2020.>
Desafio e convite Sobre a música da Bahia, conta que ainda está aprendendo a diferenciar das demais, mas já consegue compreender características muito particulares no pagodão, por exemplo: “Definitivamente, tem um estilo diferente. Posso ouvir muita bateria”. Dos sete vídeos postados por ele na timeline do Instagram entre a sexta passada e essa, seis eram de hits do pagode ou samba da Bahia.>
O interesse especial pela Bahia também pôde ser comprovado em vídeos, postados na noite de sexta e sábado, nos quais arrasa no português (que vem aprendendo com ajuda do Google Tradutor) recitando 'Capim Canela', de Robyssão, e 'Samba do Polly' e 'Cabo C', de Oh Polêmico. Assista.>
Na esfera rítmica, a escolha pelo estilo, aparentemente, tem a ver com o nível do desafio que se impôs. “Para mim, dançar samba ao som da música ‘Samba do Polly’ foi o mais impressionante. Porque foi muito difícil aprender samba, que é um gênero completamente diferente do estilo de dança original que eu faço. Agora estou bem acostumado com o samba, mas ainda é difícil. E tenho muito orgulho de mim mesmo por saber samba”, comenta Min-sung, citando um dos hits do momento nas rádios e tocadores na Bahia, da lavra d'Oh Polêmico. >
“Não sei muito sobre o cantor, mas quando escutei ‘Samba do Polly’, achei a voz dele maravilhosa”, elogia o pagode com pegada de samba de roda.Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por dropmeoff (@dropmeoff_)Contei isso para Oh Polêmico, que achou massa, e já pensa em trazer o coreano mais suingado do mundo para Salvador."Eu amei a dança do coreano, diferente de tudo. Inclusive tô pensando em trazer ele para o meu clipe", revelou à Baianidades. Essa história do convite veio bem depois de eu perguntar ao rapaz o que ele sabe sobre nós. “Na verdade, não sei muito sobre Bahia e Salvador. Acabei de pesquisar no Google, e o ambiente natural da Bahia é uma loucura! É tão bonito. Salvador é realmente linda nas cores dos prédios. A Bahia e Salvador têm lugares maravilhosos que você nunca verá na Coreia”, comenta o fã de futebol e skate que costuma atender aos pedidos dos fãs baianos – como dançar 'Mete Seu Cachorro', da La Fúria.Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por dropmeoff (@dropmeoff_)“Também gosto de conhecer garotas. Só namorei coreanas, então, quero namorar uma brasileira”, revela o gaiato, sem meias palavras como as músicas d’Oh Polêmico. “Quero muito ir ao Brasil, mas minha situação ainda não é possível. Se eu for, vou tirar muitas fotos e vídeos. Vou abraçar os fãs na rua. (...) Nunca vi um brasileiro, exceto quando fui a um restaurante brasileiro na Coreia”. >
Se vier à Bahia no ano que vem, Min-sung pode ter ou 23 ou 25 anos de idade. Isso porque, na Coreia, quando você nasce, você já tem um ano (eles arredondam os 9 meses de gestação). E além disso, o bebê contabiliza um ano a mais quando tem o Réveillon! Se o pivete nasce num 31 de dezembro, por exemplo, no 1º do ano, mesmo com apenas um dia de vida, ele já tem dois aninhos na idade coreana.>
Por lá, antes de nove meses você já vê o resultado. E por aqui, antes de duas semanas você já sabe que o próximo Baianidades será, claro, sobre Oh Polêmico. Até lá!>