Até quando, governador?

O aumento nos registros da criminalidade mostra as consequências do avanço das facções criminosas

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Publicado em 26 de abril de 2024 às 05:00

As recentes notícias dão conta de que a principal facção criminosa carioca Comando Vermelho avança em Salvador. O resultado tem sido o aumento nos índices de homicídios e outros crimes violentos na cidade. Enquanto essa organização expande seu domínio sobre os bairros mais vulneráveis da capital baiana, o governo Jerônimo Rodrigues parece manter-se inerte em vez de enfrentar esse flagelo que assola a população soteropolitana.

O CV instalou-se em Salvador a partir de 2020, quando houve uma aliança com a facção criminosa baiana Comando da Paz. Desde então, passou a fornecer armas e drogas para o estado e se estabeleceu em bairros da capital baiana. As áreas, que antes pertenciam ao CP, viraram território do Comando Vermelho, como o complexo do Nordeste de Amaralina.

No ano passado, em busca de expandir suas áreas, o CV entrou em combate duro com o Bonde do Maluco (BDM) para dominar a região do Alto das Pombas e do Calabar. Agora, a facção carioca quer pôr ainda mais os seus tentáculos no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Os criminosos disputam Mirantes de Periperi e já avisaram que o próximo alvo é o bairro de Plataforma. “O recado está dado, Plataforma vai vermelhar”, disseram, em uma mensagem que circulou entre os moradores da área na semana passada.

O aumento nos registros da criminalidade mostra as consequências do avanço das facções criminosas. Só no mês passado, 182 tiroteios foram registrados em Salvador e Região Metropolitana, segundo os dados do Fogo Cruzado. O instituto apontou ainda que 188 pessoas foram baleadas, sendo 145 mortas e 43 feridas. Foi, até o momento, o mês mais violento deste ano.

Não são só a capital baiana e a RMS que sofrem com os crimes no estado, como tem mostrado diariamente a imprensa. Os dados do Monitor da Violência, índice nacional de homicídios criado pelo g1, revelam que a Bahia seguiu em 2023 como estado com maior registro de mortes violentas no Brasil pelo quinto ano seguido. Os relatos de extorsão e tráfico de drogas também se multiplicam dia após dia, enquanto as comunidades são deixadas à mercê do poderio intimidador das facções.

Mas por que as facções criminosas têm conseguido se expandir no estado? Será que tem encontrado terreno fértil? Tem faltado medidas eficazes do governo para combater as organizações? Quando questionado pela imprensa sobre este avanço dos grupos criminosos, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, tem dado respostas genéricas. Limita-se a dizer que acompanha a “dinâmica das organizações criminosas do Estado” e tem empregado “ações de inteligência, planejamento e investimentos” para combater o crime.

A olho nu, o que temos visto é um “governo de bombeiros”, em que se apaga o fogo na medida em que os incêndios surgem. É só aparecer uma nova região com conflito que a gestão estadual informa que área será reforçada com envio de policiais. Mas será que é desta forma que vamos reduzir a criminalidade? Ou com ações concretas que vetem a entrada dessas facções em novas áreas?

O governador petista Jerônimo Rodrigues se esquiva do problema e repete o mesmo discurso de que a violência é um problema “nacional” e até mesmo “internacional”. Mas o que se quer não é desculpa, mas sim ações que deem tranquilidade e paz aos cidadãos do estado.