O peso da violência nos cofres e nas vidas

É lamentável que a violência armada continue ceifando vidas e consumindo recursos de nosso sistema de saúde

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  • Editorial

Publicado em 12 de abril de 2024 às 05:00

Os números não mentem: a violência armada na Bahia está deixando uma marca profunda e devastadora em nossa sociedade com a perda de vidas. Só, em 2023, foram registrados 1.783 baleados na cidade de Salvador e Região Metropolitana, um número que reflete uma realidade assustadora de violência e desigualdade social. São pessoas mortas prematuramente, famílias destruídas e comunidades inteiras traumatizadas pela insegurança e pelo medo.

Para atender as vítimas dessa violência armada no estado, o Sistema Único de Saúde (SUS) desembolsou nada menos que R$ 17,5 milhões entre 2019 e 2023. Os dados divulgados recentemente são os gastos do SUS com atendimentos hospitalares e ambulatoriais a pessoas feridas por bala e são um alerta para a gravidade do problema que enfrentamos. Para a Bahia, foram destinados 9,3% do total de recursos injetados pelo Brasil para essas vítimas da criminalidade, sendo que a população baiana representa apenas 6,96% do País.

É preciso reconhecer que a violência armada tornou-se também uma questão de saúde pública, que sobrecarrega ainda mais um sistema já fragilizado pela falta de recursos e infraestrutura. Quantos pacientes que esperam na fila da regulação poderiam ser atendidos se não tivéssemos essas pessoas baleadas? Os ferimentos causados por armas de fogo frequentemente resultam em lesões graves que exigem tratamentos complexos e custosos, com impacto negativo na qualidade e eficiência dos serviços de saúde em nossa região.

Diante dessa situação, as autoridades do estado devem adotar medidas eficazes para combater a violência armada em nossa sociedade. Isso inclui investimentos em políticas de prevenção, controle de armas e munições, além de programas de inclusão social e oportunidades para os jovens, com o objetivo de romper o ciclo da violência e construir uma cultura de paz. É lamentável que a violência armada continue ceifando vidas e consumindo recursos de nosso sistema de saúde.