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Publicado em 27 de junho de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Já imaginou o que seria do futebol sem árbitro de campo? Não precisa se esforçar, pois seria próximo que está acontecendo atualmente. Ou seja, o árbitro assistente de vídeo (VAR) comandaria o jogo da cabine.
É o que tem acontecido Brasil afora e, particularmente, na Copa América, que está em evidência no momento. Voluntariamente, o juiz dito principal se transforma em um árbitro assistente de campo (FAR, na hipotética sigla em inglês para field assistant referee). Ele é responsável apenas por trilar o apito próximo aos jogadores, e não mais por tomar as decisões.
Pausa para colocar a mão no ouvido. Hã? Não estou escutando direito, aqui no campo faz muito barulho. É tiro de meta ou escanteio? Ok, vou mudar então.
O momento é de inovação e, como tal, carece de adaptação. Por isso, até certo ponto a dúvida é compreensível. Veja bem: até certo ponto. Não é permitido ao árbitro, no entanto, o desconhecimento da regra.
É isso que se tem visto nos jogos: árbitros utilizando o VAR como muleta para os apoiar durante os 90 minutos, em toda e qualquer decisão. Como consequência, estão complicando jogo fácil.
Pela regra, o VAR pode – e deve - ser acionado em quatro situações: gols, pênaltis, cartões vermelhos e erros de identidade, sendo esta última quando o árbitro não sabe, por exemplo, qual jogador cometeu uma falta e a tecnologia o ajuda a identificar o infrator, evitando mostrar um cartão para o jogador errado. São quatro casos, não mais que isso.
Porém, o uso irrestrito tem levado a um caminho que não é o pretendido com a adoção do VAR. Em alguns casos, o tempo efetivo de jogo tem diminuído por causa do excesso de intervenções solicitadas.
Um caso claro de desconhecimento da regra aconteceu no jogo entre Chile e Equador, na Fonte Nova, semana passada. O árbitro da partida foi o argentino Patricio Loustau. Lá pelos idos do primeiro tempo, o goleiro chileno saiu da área para tentar tirar a bola do equatoriano Romario Ibarra em um lance que o argentino entendeu que não foi falta. Depois, avisado pelo árbitro assistente de vídeo, ele mudou a marcação inicial, marcou falta para o Equador e mostrou cartão amarelo para o goleiro Arias. Tudo errado.
Primeiro porque as quatro situações de possível uso do VAR não incluem revisão de falta a menos que seja pênalti - e este não era o caso por se tratar de uma jogada fora da área. Segundo que, se após ser avisado pelo VAR ele considerasse que o goleiro merecia ser expulso, o árbitro deveria mostrar o cartão vermelho ao chileno - e manter o tiro de meta, já que a bola saiu pela linha de fundo e a falta não poderia ser revisada. Mas ele, além de errar marcando falta, errou mostrando cartão amarelo, o que também não está no rol de possibilidades do VAR. Terceiro: o desconhecimento da regra levou o jogo a ficar parado por quase sete minutos.
Os árbitros ainda não perceberam que precisam aprender a usar o VAR sob pena de diminuírem a necessidade da própria atuação deles em campo. A tecnologia, criada por definição da sigla para ser assistente do olho humano, é quem está apitando o jogo.
Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras