Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Publicado em 22 de julho de 2025 às 05:00
Nas últimas semanas, a internet brasileira foi marcada por novidades tecnológicas e fenômenos culturais. O lançamento do Veo 3, IA do Google capaz de criar vídeos ultrarrealistas, viralizou e levantou debates sobre criatividade, autenticidade e riscos de desinformação. A personagem Marisa Maiô, criada com essa tecnologia, virou sensação nas redes ao satirizar programas de auditório e já protagonizou campanhas publicitárias. >
Por trás dessas cenas, há um alerta importante: estamos vivendo um colapso da atenção coletiva. A ‘infobesidade’ — o consumo excessivo de informações que sobrecarrega o cérebro, afeta decisões e esgota o engajamento — deixou de ser um conceito distante para se tornar parte do nosso cotidiano. E, nesse cenário, o desafio de qualquer marca ou profissional é o mesmo: como ser visto com relevância?>
Hoje, o conteúdo não é mais escasso. Ele é dispersivo. O Brasil soma 144 milhões de identidades ativas em redes sociais, e o que antes era consumo seletivo virou compulsivo. Isso gera uma sobrecarga cognitiva que muda, profundamente, a forma como nos relacionamos com conteúdos, marcas e até com a realidade. O difícil não é aparecer — é ser lembrado. E mais do que isso, é ter credibilidade num ambiente onde qualquer um pode se declarar especialista.>
Ultimamente, vimos um salto no número de criadores de conteúdo. Segundo o levantamento do IAB em parceria com a Harvard Business School, os profissionais que atuam como criadores digitais nos EUA passaram de 200 mil para 1,5 milhão em apenas quatro anos. O crescimento impressiona, mas também escancara um problema: nem todo mundo está preparado para ocupar esse lugar.>
O problema não está no influenciador em si, mas no tipo de influência que ele exerce. Quando alguém com milhões de seguidores recomenda um produto duvidoso ou um serviço de risco, isso pode afetar diretamente o comportamento — e o bolso — de milhares de pessoas. O impacto não é só financeiro. É ético. É social.>
Já imaginou se cada conteúdo de risco viesse com uma tarja de advertência, como os maços de cigarro? Algo como: “Atenção: isso pode comprometer sua saúde financeira” ou “Este vídeo pode induzir comportamentos de risco”? Pode parecer exagerado, mas o debate sobre regulação e responsabilidade na influência digital está só começando.>
Do outro lado, as marcas enfrentam um ambiente onde a atenção dura, em média, 2,2 segundos em anúncios digitais — uma queda de 37% em sete anos, segundo dados da Neurons. Isso obriga empresas a repensarem suas estratégias: não basta gritar mais alto. É preciso ser relevante, coerente e presente. Confiança exige tempo e consistência.>
Diante desse cenário, compartilho quatro diretrizes que considero fundamentais tanto para marcas quanto para consumidores: >
1 Foco em conteúdo de valor: mais do que agradar algoritmos, é preciso entregar algo que eduque, inspire e resolva problemas reais.>
2 Cuidado com os atalhos: volume não é sinônimo de influência verdadeira. Olhar o perfil completo e não apenas um post é essencial. >
3 Relevância contextual: o conteúdo precisa ser o certo, no momento certo, para o público certo. >
4 Educação digital: marcas têm um papel importante em ensinar seu público a filtrar informações, identificar golpes e fugir de promessas milagrosas.>
Eduardo Augusto é CEO da IDK, consultoria que oferece soluções que unem tecnologia, design e comunicação, integrante do Grupo W/E>